Mercoledi
Todas as irmandades da SMD têm suas próprias cores. Alphas é vermelho, Locuste azul, Sciame laranja e finalmente, Corvi verde. Poucos ligam para essa tradição, que só é lembrada em festas das irmandades, onde é obrigatório usar uma cor da irmandade dona da festa, mas os Corvi levam a tradição a sério, todo dia um garoto ou uma garota Corvi usa verde em algo no seu corpo, desde a cor da unha até a cor da camiseta. Eu acho legal essa tradição, mas eu não me atrevo a sair do quarto com a cor de minha irmandade, principalmente morando no refúgio Corvi. Além do mais, laranja não é minha cor.
Kaori solta uma lufada de ar ao meu lado. Estamos encarando o armário há exatos dez minutos, cheguei do RR há uma hora, tomei banho e então empaquei junto com K em frente ao armário sem saber que roupa usar para a festa, que já começou a cinco minutos, espero que Fran não fique brava pelo atraso. Além de não termos quase nada verde, não há nada de couro a vista.
— Beleza, hora do plano B. – K pega um banquinho que temos no canto do quarto, e o coloca em frente do armário, tirando uma caixa de cima dele. Franzo o cenho enquanto ela coloca a caixa na cama, e quando a abre, fico ainda mais confusa.
— Roupa de gatinho? Do halloween do ano passado?
— Não é de gatinho, é da mulher gato. – Pega as roupas, um conjunto de blusa de manga comprida e calça de couro.
— Nem fodendo K .– Cruzo os braços.
— Você tem uma jaqueta de couro? Calças? – Reviro os olhos, mas nego com a cabeça – Então é isso que temos – Tira as roupas da caixa e as joga na minha cama .– Eu falei que deveríamos ter comprado aquelas jaquetas de couro em promoção semana retrasada.
— É, acho que se der tudo certo, será obrigatório ter uma.
— Nos ferramos, porque com o frio que tá, deve ter dobrado o preço – Assinto em concordância. – Mas eai, quem vai vestir a blusa?
— Eu não – Nego repetidamente com a cabeça. – Nem fodendo.
— Eu não tenho peito para usar isso Ana.
— Não K. – Nego outra vez. K respira fundo.
— Par ou ímpar? – Suspiro, mas ergo a mão.
—Par. – Peço.
—Impar. –Jogamos as mãos e em seguida, K pula animada. Solto um palavrão e pego a merda da blusa de cima da cama com raiva.
— Eu odeio esse jogo.
—Por que você nunca ganha? Não seja infantil Ana.
— Cala a boca. – Pego uma saia xadrez preta com as listras verdes escuras e uma meia calça preta de dentro do armário e vou para o banheiro.
Boto a blusa em cima da privada, pensando em como farei isso caber em mim. Na verdade, a blusa tem um zíper na frente, que a deixa parecida com um tipo de casaco, mas eu me certificarei para ele fique fechado até o topo.
Respiro fundo e tiro o vestido soltinho que usava, passando a meia calça pelas pernas e em seguida a saia que quase não passa em minhas coxas. Qual é a graça de ter coxas grossas, mas ter uma bundinha mixuruca e quase nenhum peito? Fala sério. Pelo menos, a blusa se fechou com facilidade pela falta da comissão de frente e devo dizer que até fez parecer que tenho mais seios, isso e claro, meu indispensável amigo: o sutiã com bojo.
Me olho no espelho e até que gosto do resultado. Normalmente se usa saia de couro e a blusa xadrez, mas a combinação oposta ficou legal. Eu diria até que eu estou... gostosa?
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Overdose
Mystery / ThrillerUm delegado corrupto, badboys com jaquetas de couro e garotas mortas por ovedose não era o que Anabela esperava encontrar ao se mudar para Suvellié. Fugindo de traumas do passado, Anabela Coppola só queria se formar e ser a detetive que sempre almej...