cinquantatre

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Estou tão ansiosa que percorro cada centímetro de distância entre a porta de entrada da casa e a porta do escritório, que eu tentei invadir após ouvir um grito vindo lá de dentro, mas estava trancada, e que tentei ouvir com o ouvido colado, Dante até pegou um copo, mas após o grito, que não sei de quem veio, a conversa passou a ser um sussurro inaudível para fofoqueiros como nós.

— O que acha que é a condição dele? – Fran sussurra quando me sento ao seu lado no terceiro degrau da escada. Solto um suspiro e olho quanto tempo passou em meu celular, vinte minutos, antes de guardar e olhar para ela.

— Gostaria de dizer "nada demais" – Faço aspas com os dedos – Mas não consigo mentir.

— Acha que ele quer todos os garotos presos? – Mordo o lábio, isso faz Fran arregalar os olhos – Você não pode deixar Ana!

— Eu acho que ele quer, mas não acho que pode conseguir – Ela inclina a cabeça. Me aproximo dela quando noto o olhar de Martina em nós – Ele nunca teve provas concretas sobre os Ghostins, por isso nunca conseguiu prender Daniel, e se ele vai conseguir prender De Luca agora, é porque nós o daremos as provas. Além disso, Dean não é burro, pode fingir concordar, mas não vai dar o contrato em que assume que é dono da gangue para meu pai. – Fran assente com a cabeça e solta um suspiro, parecendo mais aliviada.

— Bom, quero dizer, não é que eu queira Ettore ligado a isso para sempre, mas não o quero preso.

— É, me sinto da mesma forma em relação a todos eles – Franzo o nariz, Fran me olha com curiosidade.

— Como você imagina quando tudo isso acabar?

— Finalmente me focando no curso para me formar, depois me mudar para algum lugar em que possa me especializar em ser detetive.

— E onde Dean entra nisso? – Dou de ombros.

— Não sei se ele entra, to tentando não ser um pé no saco e discutir com ele sobre nós, mas quando isso acabar, teremos que conversar, e talvez... namorar durante o resto do curso é uma coisa, mas não me vejo sendo uma detetive de sucesso com um namorado traficante – Fran morde o lábio, mas parece preferir guardar seu pensamento para si – E você? Como se imagina.

— Bem, o sonho dos meus pais é que eu assuma o comando do hospital, por isso me mandaram fazer administração, mas não sabem que na verdade eu curso psicologia – Ergo as sobrancelhas, agora faz sentido como as vezes Fran parecia saber tudo que pensava e sentia – Eu quis estudar psicologia para ver se entendia a merda de pais que eles são, não adiantou, mas me fez me apaixonar ainda mais pela área.

— Sem administrar o hospital então? – Ela franze o nariz.

— Odeio admitir, mas sempre amei a ideia de ser dona de um local que salva e ajuda pessoas, o único dessa cidade, porém, queria ir contra eles e estudar psicologia, como vou fazer as duas coisas? Não faço ideia – Soltamos um riso – Ettore faz enfermagem, e bem... eu sei que ele vai cair fora do Ghostin assim que se formar, e o vejo comigo cuidando do hospital, então, acho que conseguiremos lidar com isso juntos.

— Fico feliz por vocês – Fran abre um sorriso – E se um dia eu levar um tiro ou uma facada, onde quer que esteja, virei até aqui só para ser cuidada por vocês.

— Credo – Ela franze o rosto – Você provavelmente morreria no caminho. – Solto uma gargalhada, o degrau abaixo de nós é ocupado por Dante com uma cerveja nas mãos, em plena manhã.

— Cara, seu pai é medonho – Minha risada falha e encolho meus ombros – E deixou Matteo perturbado – Franzo a testa e procuro meu irmão pelo corredor, só agora vendo que ele não está aqui – Na sala. – Aponta para trás de si.

OverdoseOnde histórias criam vida. Descubra agora