Marcoledi
Não ficaria surpresa se houvesse alguém batendo um martelo na minha cabeça quando abrisse os olhos, mas sei que isso é impossível, só me restando outra opção: ressaca.
Eu só fiquei de ressaca uma vez na vida, fora durante o ensino médio, após o time de Zach ganhar um jogo que os classificou para as estaduais, ele estava eufórico aquela noite, na verdade, toda a Ammou Superiore estava, era a primeira vez que o time de futebol ganhava algo tão importante, então, fizeram a maior comemoração já vista no colégio e acabei entrando na onda e comemorando. Tive uma ressaca dos infernos, e ela ficou ainda pior com o sermão de uma hora de meu pai.
Quando estou consciente o suficiente, tento abrir os olhos, mas volto aos fechar por causa da luz. Quem deixou a cortina aberta? Tento puxar o edredom que está enrolado nas minhas pernas para voltar a dormir, mas uma tontura me atinge e volto a deitar, soltando um resmungo.
— Você tá uma merda – Ouço a voz de K, mas sou incapaz de responder. – Tem aspirina aí do lado.
Sentindo a pior dor que já senti na vida, forço meu corpo a sentar e entreabro um olho, parecendo um pirata, e encontro a aspirina na mesa de cabeceira ao lado, junto a um copo de água. Pego a aspirina, coloco-a na boca e a engulo com a ajuda de um gole de água, depois, volto a cair na cama.
— Levanta a bunda daí, já perdeu a primeira aula. – Resmungo de olhos fechados.
— Eu não sinto minhas pernas, eu perdi as pernas? – K gargalha.
— Não, mas acho que você se acabou ontem.
— Ontem? – Pergunto, virando o rosto em sua direção e finalmente abrindo ambos os olhos. K está sentada em pernas de índio no meio de sua cama, em suas mãos está um esmalte laranja neon e ela termina de pintar as unhas da mão direita, eu nem me lembro a última vez que pintei as unhas. – O que aconteceu ontem?
— Eu não sei – Pinta a unha do dedo mindinho e fecha o vidrinho de esmalte. – Quando eu cheguei você não tava no quarto, e olha que já eram duas da manhã. Ouvi um barulho as quatro, acho que foi você.
— Que horas são?
— Oito horas. – Solto um muxoxo.
— Eu dormi só quatro horas? Ah não K. – Reclamo.
— Vai mesmo perder todas as aulas do dia? – Solto um suspiro, realmente considerando.
— E o que você faz aqui? – Olho para ela que dá de ombros.
— Alguém tinha que saber se você ainda estava viva – Arqueio a sobrancelha, e o movimento dói como o inferno – E me pareceu um bom motivo para faltar. – Solto um riso pelo nariz e olho para o teto.
— Que merda, quando deixamos de ser aquelas garotas mega exemplares do ensino médio?
— Quando os Ghostins invadiram nossas vidas. Voltando ao assunto principal, onde você foi ontem?
Flashs de memória invadem a minha mente e eu arregalo os olhos, jogo o cobertor de lado e me sento, tão rápido que faz a pontada em minha cabeça aumentar. K arregala os olhos de susto
— O que foi?
— Eu fiz merda – Lembro das mãos de Dante descendo de minha cintura para minha bunda – Puta merda, eu fiz muita merda. – Me levanto e passo a andar pra lá e pra cá, a dor, sendo esquecida rapidamente.
— O que você fez? Onde você foi?
— Fui a uma festa próxima daquele lugar que você foi me pegar uma vez.
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Overdose
Mystery / ThrillerUm delegado corrupto, badboys com jaquetas de couro e garotas mortas por ovedose não era o que Anabela esperava encontrar ao se mudar para Suvellié. Fugindo de traumas do passado, Anabela Coppola só queria se formar e ser a detetive que sempre almej...