Quando Giorgia faz uma proposta mais do que inusitada para seu chefe, para que ele finja ser seu namorado em frente a familia insuportável que ela tem, o quão desastroso poderia ser aquilo?
Bem, era o que Giorgia McCurty iria descobrir em poucas se...
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A mesa estava posta. Não a do jantar, este já havia chegado ao fim a algum tempo e havia sido tão silencioso, quanto o da noite passada, acompanhado de um clima ruim que eu sentira apenas quando era criança e ainda vivia com meu avô. A mesa do quarto de Giorgia, estava com os chocolates que eu tinha comprado e o vinho, só que a mudamos para a varanda e arrastamos duas poltronas até ela, antes que Giorgia fosse tomar banho. E agora eu esperava apenas que ela colocasse alguma roupa, para que pudéssemos começar a beber.
A algum tempo eu vinha apagando as lembranças ruins com a bebida. O que para meu terapeuta não era nada bom mas pra mim sim e eu quase nunca fazia coisas que realmente me davam algum prazer. Esquecer o meu nome e o de qualquer pessoa da minha vida em uma mesa de bar, era um desses únicos momentos de prazer que eu estava me autorizando a ter a algum tempo.
- Comecei a ler Pecados de Inverno e acho aquele Sebastian, um verdadeiro idiota e é por isso que estou começando a gostar dele. - Ouvi Giorgia falar, assim que as portas duplas atrás de mim foram empurradas e a segui com os olhos, até se sentar em minha frente.
- Vai ficar resfriada se ficar aqui fora, acabou de tomar um banho quente. - Apontei para seus cabelos molhados, o clima frio não colaborava muito para eles.
- Não se preocupe. - Ela quase revirou os olhos, acho que se segurou apenas por pensar que por eu ser seu chefe, soaria mal educado de mais. - Vamos, abra a garrafa, é uma ordem. - Brincou, cruzando os braços que estavam escondidos por um moletom que aparentava ser velho e bem grosso.
Despejei o vinho nas taças, assim que tirei a rolha e bebemos um gole juntos, antes que eu perguntasse:
- Por onde começamos essa conversa?
- Quando eu digo que, não te acho chato, é óbvio. - Ela faz uma pausa, olhando para além de mim. - E o motivo para que fique tão desconfortável com isso.
- Certo. - Cocei a cabeça e soltei um suspiro. - Lembra-se de Charlotte, não é?
- Claro, o senhor me pedia para mandar flores a ela todos os dias. E vocês sempre ião para eventos juntos.
- Ele me traiu, como Nova York inteira já sabe. - Soltei um riso baixo, quase falso, se não completamente. - Eu realmente gostava dela. Gostava de ficar perto dela enquanto eu trabalhava, gostava de dormir com Charlotte e nem tinha a ver com o sexo, era apenas, dormir abraçado com ela, sentindo o cheiro do cabelo dela. - Eu sorri com as lembranças.
- O senhor realmente gostava dela, eu via isso. - Ela arqueou as sobrancelhas, os olhos pareciam brilhar naquela noite quase escura se não fosse pela luz vinda de seu quarto.
