Quando Giorgia faz uma proposta mais do que inusitada para seu chefe, para que ele finja ser seu namorado em frente a familia insuportável que ela tem, o quão desastroso poderia ser aquilo?
Bem, era o que Giorgia McCurty iria descobrir em poucas se...
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— Tenho algo pra você.
Anthony disse assim que entrei em nosso quarto, pronta para a virada de ano, com aquele meu vestido branco que me incomodava em todos os lugares possíveis. Ele parou atrás de mim e escondeu meus olhos com suas mãos, com a maior delicadeza para não borrar a maquiagem que haviam me feito para aquela noite. E eu sorri quando paramos de andar, sabia que estávamos no closet, mesmo de olhos fechados, já que quando menor eu sempre contava os passos que dava de minha cama até a porta dali. 31 passos, se quiser saber e eu detestava que o número não acabasse com cinco ou zero, era tão sem graça.
— Tudo bem. - Ele sussurrou, ainda escondendo o que estava em minha frente. — Me disse a alguns dias que eu deveria parar de me preocupar com o que pensam sobre mim, não foi? - Eu concordei sentindo seu hálito quente em meu pescoço. — Hoje eu quero dizer o mesmo pra você, mas não espere encontrar um campo de girassóis e o céu em amarelo, laranja e rosa ou a música... Okay, a música eu até poderia colocar. - Ele sussurrou essa parte e me fez rir. — Talvez eu seja um pouco decepcionante, Giorgia e nunca consiga lhe dar uma experiência como essa, como aquela que tivemos em-em... No chalé. - Ele se engasgou. — Mas se um dia já se sentiu apagada demais ou pedido pra ser notada em algum momento péssimo da sua vida, eu espero que isso mude hoje e ficarei feliz, por, por talvez ter te ajudo com isso e te ver bem e mais confiante daqui a alguns anos.
E então ele tirou as mãos dos meus olhos e quando vi o que estava ali eu ri alto, negando com a cabeça. Tudo bem, não era nenhum campo de girassóis, aliás eu nem acreditava que ele ainda se lembrava disso, aquilo me fez sorrir mais um pouco e andei mais alguns passos até o vestido vermelho e bufante demais, que eu nunca em hipótese alguma usaria, a não ser que eu estive com Anthony ao meu lado.
Tirei a peça do cabide, preso ao puxador da porta branca do armário embutido e coloquei em frente ao rosto. Era pesado e tinha muito brilho. As alças finas e uma saia de tule volumosa, com um corset bem marcado e um decote em coração. Eu havia adorado e estava torcendo pra ele não tivesse errado a numeração, eu iria ficar chateadíssima, se não pudesse usá-lo.
— Mamãe vai me matar, mas eu vou usar esse vestido nem que seja a última coisa que eu faça em minha vida.
E foi assim que horas mais tarde eu me sentia a própria Hilary Duff, em Cinderela de 2004, quando Anthony e eu paramos no topo da escada e todos se viraram para ver quem era aquele único ponto vermelho, quebrando as regras que Cassandra tanto prezava que fossem cumpridas a risca e coloquei o melhor sorriso em meu rosto, para descer aqueles degraus ignorando o fato de que os olhos de mamãe faiscaram de raiva, conseguia ver, mesmo naquela luz baixa do salão e tentei não tropeçar com todo aquele pano em minha frente e os saltos altos de mais.
— Você está linda! - Nora apontou para mim e me girou, assim que parei em sua frente. — E quero estar com esse vestido no dia do seu velório porque sua mãe vai te esganar. - Ela arregalou os olhos apavorada.