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Sinto um aperto no peito como se tivesse levado um chute no plexo solar.
Prometida?
Que babaquice medieval é essa?

Ela levanta a cabeça e me encara. Os olhos bem abertos, angustiados. Sinto uma descarga de adrenalina; estou pronto para uma briga.

ㅡ Prometida? ㅡ repito num sussurro, sabendo muito bem o que isso quer dizer.
Cacete, a mão dela foi dada a outro cara.
Ela abaixa a cabeça de novo.

ㅡ Sim. ㅡ Sua voz é quase inaudível.
Tenho um rival. Merda!

ㅡ E quando você pretendia me contar isso?

Ela está com os olhos bem fechados, como se estivesse com dor.

ㅡ Lili, olhe para mim.

Ela leva a mão à boca para conter um soluço, talvez? Não sei. Engole em seco e me fita. Sua expressão é de um sofrimento intenso, o desespero palpável. Num segundo minha raiva se desfaz e me sinto em meio a um turbilhão.

ㅡ Estou contando agora ㅡ diz.
Ela está comprometida.

A dor é instantânea. Visceral. Chocante. Estou em queda livre.
Mas que merda!
Meu mundo caiu. Minhas ideias. Meus planos vagos. Ficar com ela... Me casar com ela..
Não posso.

ㅡ Você ama seu noivo?
Ela reage com um sobressalto, a boca aberta, em choque.

ㅡ Não! ㅡ E uma negação aflita, veemente. ㅡ Não quero casar com ele. Foi por isso que saí da Albânia.

ㅡ Para fugir dele?

ㅡ Sim. Eu devia ter me casado em janeiro. Depois do meu aniversário.

Tinha sido aniversário dela?
Sem reação, eu a encaro. E, de repente, parece que as paredes estão se fechando ao meu redor. Preciso de espaço. Como quando a conheci. Estou sufocando num redemoinho de dúvidas e confusão.

Preciso pensar. Eu me levanto e, num gesto deliberado, ergo a mão para afastar o cabelo do rosto e organizar meus pensamentos. Lili se encolhe ao meu lado. Ela se abaixa e
leva as mãos à cabeça como se estivesse esperando...
O quê?

ㅡ Meu Deus. Lili! Você achou que eu ia bater em você? ㅡ exclamo e recuo um passo, chocado com a reação dela.

Outra peça do quebra-cabeça que é Lili Reinhart se encaixa. Não espanta que ela sempre tenha mantido certa distância de mim. E estou pronto para matar o filho da mãe.

ㅡ Ele bateu em você? Hein, bateu?

Ela abaixa a cabeça, olhando as pernas. Envergonhada, eu acho. Ou talvez sinta uma versão deturpada de lealdade em relação a esse babaca desgraçado saído de onde o diabo perdeu as botas e que acha que tem algum direito sobre a minha garota.
Que inferno!

Fecho os punhos, sentindo uma ira assassina. Lili está completamente imóvel. A cabeça baixa. O corpo encolhido.
Você precisa se acalmar, amigo. Precisa se acalmar.
Respiro fundo, liberando a tensão, as māos na cintura.

ㅡ Me desculpe.
Ela levanta a cabeça num gesto rápido, a expressão sincera e séria.

ㅡ Você não fez nada de errado ㅡ diz.

Mesmo agora, ela está tentando me acalmar.
Os poucos passos entre nós parecem uma distância imensa. Apreensiva, ela me observa enquanto me aproximo e me agacho devagar a seu lado.

ㅡ Desculpe. Não quis assustar você. Só estou chocado por você ter um... pretendente em algum lugar, e por eu ter um rival quando o assunto é o seu coração.

Mister | SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora