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ㅡ Boa noite, milorde ㅡ diz Blake, ao abrir a porta da frente da Residência Sprouse.

ㅡ Olá, Blake. ㅡ Não o corrijo. Afinal, por mais que eu não goste, souu mesmo o conde. ㅡ Lady Trevethick está em casa?

ㅡ Acredito que ela esteja na sala íntima.

ㅡ Otimo. Não precisa me levar lá. Ah, e agradeça à Sra. Blake pela limpeza depois do assalto. Ela fez um excelente trabalho.

ㅡ Pois não, milorde. Foi uma lástima o ocorrido. Posso ficar com seu sobretudo?

ㅡ Obrigado. ㅡ Tiro o casaco, e ele o dobra sobre um dos braços.

ㅡ Algo para beber?

ㅡ Não, estou bem. Obrigado, Blake.

Subo as escadas saltando os degraus, viro à esquerda, espero minha respiração voltar ao normal e abro a porta da sala íntima.

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Lili examina o caos que é o closet do quarto de Cole. As gavetas, os cabideiros ㅡ tudo está abarrotado com as roupas dele, sem nenhum espaço para as suas. Ela leva sua mala até o quarto de hóspedes e começa a guardar as coisas no pequeno guarda-roupa.

Depois de colocaro nécessaire em cima da cama, ela começa a andar pelo apartamento. Tudo é extremamente familiar, mas agora ela enxerga as coisas de
outra perspectiva. Ela sempre pensou na casa de Cole como um lugar de trabalho.

Nunca ousou imaginar que um dia poderia morar dqui com ele. Nunca havia almejado viver em um lugar tão magnítico quanto este.

Ela rodopia na porta da cozinha, sentindo-se boba e grata sentimento precioso e raro. Ela ainda tem tanto a resolver na vida, mas pela primeira vez em um bom tempo tem esperança. Com Cole ao seu lado, parece que nenhum obstáculo é intransponível. Ela se pergunta se ele vai ficar fora só uma hora... Está com saudades.

Passa os dedos pela parede do corredor. As fotografias que ficavam penduradas ali desapareceram. Talvez tenham sido levadas no furto.
O piano!

Ela corre até a sala. Ainda está lá, são e salvo. Com um suspiro de alívio, Lili acende as luzes. O cômodo está arrumado e limpo, a coleção de discos dele no lugar de sempre. Mas a mesa está vazia ㅡ sem o computador nem o equipamento de som.

As fotografias que ficavam penduradas nas paredes daqui também desapareceram. Ela caminha com receio até o piano, analisando cada canto com cuidado. Sob a luz do lustre, ele está limpo e reluzente ㅡ recém-polido, ela acha. Ela apoia a mão no ébano e dá a volta em torno dele, acariciando suas curvas amplas. Quando chega ao suporte para partitura, percebe que todas as composições sumiram. Talvez tenham sido guardadas em algum lugar. Ela ergue a tampa e aperta o dó médio: é um som dourado que ressoa pela sala deserta, seduzindo-a, acalmando-a... deixando-a centrada outra vez.

Ela senta no banco, tenta esquecer a solidão e começa a tocar o "Prelúdio N° 23 em Si Maior", de Bach.

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Caroline está sentada perto da lareira vendo as chamas, enrolada em uma colcha xadrez. Ela não se vira quando entro.

ㅡ Oi. ㅡ Meu cumprimento baixo compete com o crepitar do togo.

Caroline volta a cabeça na minha direção, o olhar desolado, a boca curvada numa expressão de tristeza.

ㅡ Ah, é você ㅡ diz ela.

ㅡ Quem você esperava?

Ela não se levantou para me cumprimentar, e estou começando a me sentir uma presença indesejada.
Ela suspira.

Mister | SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora