Capítulo 7

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LOUIS

Saio com a cabeça erguida da caverna depressiva de Harry, mas, assim que fecho a porta, me apoio contra a parede do corredor, tentando organizar os pensamentos.

Já estou arrependido do meu inesperado surto de... bom, na verdade, não tenho ideia do que foi aquilo. Gostaria de pensar que foi um ato corajoso e nobre, mantendo com firmeza o compromisso que assumi, ou algo virtuoso do tipo.

Mas a verdade é que tudo em Harry Styles me irrita. Não sabia que podia ficar tão irritado assim. Encontro o caminho para a cozinha, onde Lindy está com os braços cheios de farinha. 

—O que está fazendo? - pergunto, antes que me interrogue sobre meu encontro desastroso com Harry.

Ela me lança um olhar curioso.

 —O que acha?

Olho para a massa em que está mexendo no balcão de granito.

—Pizza? -arrisco. Seus movimentos me lembram os dos pizzaiolos do Grimaldi's.

Lindy sorri de lado. 

—Também faço pizza, mas hoje vai ser só um bom pão caseiro.

—Ah. - digo, me sentindo um idiota. Claro que é pão. Quando queremos pão na minha casa, alguém passa na padaria ou no mercadinho no Flatiron District. Observo Lindy trabalhando a massa por algum tempo. Embora seus movimentos sejam rítmicos e tranquilizantes, não fazem muito efeito sobre o meu cérebro agitado.

—Quer falar a respeito? - ela pergunta, sem levantar o rosto.

—Nem saberia por onde começar.

—Ele causa essa reação nas pessoas. Chegam todas esperando sentir pena, mas vão embora querendo estrangular o garoto.

—Isso resume bem a coisa - comento, passando o dedo sobre a farinha espalhada no balcão.

—Mas você vai ficar? - ela pergunta.

Aperto os lábios enquanto penso. Não quero ficar. Quero chamar Mick gritando e voltar correndo para Manhattan, onde as pessoas compram pão, onde não existe esse silêncio assustador, onde veteranos deficientes não têm lindos olhos verdes e uma atitude de merda.

Daí, penso na condescendência pretensiosa no rosto de Harry, que antes era lindo e agora está destruído. Ele sabia que eu ia me sentir assim. Droga, se certificou de que nada ia me segurar aqui. É como se soubesse do meu plano de aparecer nesta casa como um santo ou um anjo da guarda para reparar meus próprios pecados, e deixasse claro que não vai compactuar com isso.

Parece que obter perdão não vai ser uma tarefa tão fácil quanto dar sopa na boca de uma alma combalida e agradecida. Lindy dá outro sorriso torto — parece ter um estoque infinito deles. É um sorriso que diz: "A vida é uma merda, mas vale a pena".

—A maioria das pessoas não admite como é frustrante - ela diz. —Elas fingem que ele é um amor e acham que podem resolver tudo. Mas alguns nem se dão ao trabalho de fingir. Vão embora poucos minutos depois.

—Não culpo essas pessoas - opino, me afastando do balcão.

—Mas acontece que não tenho outro lugar para onde ir. Acho que não sou a pessoa certa para ajudar Harry, mas também não sei se tal pessoa existe.

Lindy dá um tapinha satisfeito na massa antes de limpar as mãos em um pano de prato. 

—Agora vamos conhecer o seu quarto.

O andar de cima é tão amplo e grandioso quanto o de baixo, mas está tão vazio que chega a ser irritante. Sigo Lindy por uma série de corredores de madeira, notando que passamos por meia dúzia de quartos, todos parecendo desocupados. O que faz sentido, já que o sr. Styles não mora aqui, e Mick e Lindy vivem na casa dos funcionários, cuja localização desconheço.

Em Pedaços ( Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora