Capítulo 21

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LOUIS

Harry e eu não falamos sobre o que aconteceu.

 Já faz quase duas semanas que o pai dele veio. Duas semanas desde que perdeu o controle do monstro dentro dele, cuja vítima foi meu ser patético. 

O clima continua pesado. Sei que Harry acha que estou bravo com ele. Depois de tantos anos namorando Eleanor, sei ler os sinais. Mas, enquanto os sinais de Harry são bem típicos, há uma diferença entre minhas brigas com Eleanor, que eram sobre como eu tinha conversado por tempo demais com uma menina extremamente simpática e de peitos enormes ou como havia me atrasado pra buscá-la  porque estava "jogando Call of Duty" com Michael de novo. Era como se eu estivesse sempre preparado para a briga. Ambos sabíamos que uma pequena explosão viria ejá vestíamos nossas luvas. Com Harry... há algo de assombrado em sua cautela. 

Fingimos que ele não me diminuiu diante de seu pai, que não disse que eu era um cara bonito qualquer sem nenhum valor pra ele. Eu finjo que não ligo. E ele finge não ligar se eu não ligo. Mas, como eu disse, o clima está pesado. Tenso. Péssimo.

 Perdido em meus pensamentos, passo uma água nos pratos do almoço, colocando-os na máquina de lavar. 

—Quer falar sobre o que aconteceu?

 Eu me assusto e quase derrubo um copo. 

—Lindy! Desculpa, não sabia que tinha alguém aqui.

 Ela funga. 

—Provavelmente porque tem evitado a mim e a Mick. - Não me dou ao trabalho de negar. —Devo, então, assumir que você não quer conversar? - ela pergunta.

 Dou de ombros. Ficamos em silêncio por alguns segundos, enquanto ela segue com sua rotina que já me é familiar, montando a batedeira KitchenAid e pegando a farinha e o açúcar. 

—Estou com vontade de cozinhar - ela diz. —Pode escolher.

 Isso eu respondo rápido. 

—Cookies com gotas de chocolate?

 Lindy revira os olhos e sorri. 

—Sem graça, mas fácil. Quando eu deixava o sr. Harry escolher, era sempre uma torta complicada ou um bolo com três recheios diferentes.

—Sério? - pergunto, tentando conciliar o cara que parece sobreviver de sanduíches e uísque com alguém que gosta de doces requintados. 

—Bom, isso foi antes de ele ir embora - ela comenta, e seu sorriso diminui. —Acho que ele nem percebe se eu faço um bolo agora.

 Ela parece triste. Queria poder reconfortá-la, mas não tenho muito a dizer além de "ele é um cretino". Sento na banqueta de sempre diante do balcão e ficamos em silêncio por alguns minutos. Lindy não segue nenhuma receita. As medidas de farinha, açúcar e sal parecem muito naturais para ela, como escovar os dentes é para o resto de nós. 

—Ei, eu nunca perguntei... - digo, passando o dedo na farinha espalhada. —Como foi a viagem de vocês?

 Ela levanta as sobrancelhas. 

—Quer saber agora, duas semanas depois?

 Droga. 

—Desculpa. Eu estava meio que envolvido com minhas próprias coisas, acho.

 —Acontece - Lindy fala, sem pegar no meu pé. —Mas a viagem foi boa. Bem boa.

 Dessa vez são as minhas sobrancelhas que levantam diante de seu tom de voz. Eu me inclino para a frente, e é minha vez de perguntar: 

Em Pedaços ( Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora