Capítulo 1

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LOUIS

Só em Manhattan alguém daria uma festa para comemorar o fato de sue filho ter largado a faculdade. E só no Upper East Side as pessoas realmente compareceriam. Para ser honesto, os convites não deixavam clara a parte da desistência. Seria deselegante. Afinal de contas, estamos em Nova York. As pessoas seguem um determinado estilo de vida. Pelo menos na frente dos outros.

Os convites, que custavam doze dólares cada, propagandeavam a coisa toda como a "festa de despedida de Louis Tomlinson". E eles queriam mesmo celebrar a partida dele.

O destino? Bar Harbor, Maine.

O motivo? Trabalho humanitário.

Bom... não é bem isso. Pelo menos eles acertaram o lugar, ainda que até isso seja meio ridículo. Não é exatamente Ruanda, Haiti ou qualquer outro local onde Louis Tomlinson pretendia ir a princípio, em sua tentativa de salvar o mundo. Mas, quando seus pais conhecem alguém que conhece alguém que conhece todo mundo, você acaba se comprometendo com pessoas que precisam de ajuda e que estão mais próximas da sua casa. No caso, Bar Harbor, Maine.

E essa história toda de trabalho humanitário? A maior bobagem. Sei disso muito bem. Porque eu sou Louis Tomlinson. Larguei a New York University e logo estarei morando no meio do nada. E preciso dizer que a razão de eu ter deixado a faculdade não tem nada a ver com caridade. Não sou tão bonzinho assim. Não mesmo. Com certeza não mereço a porcaria de uma festa pelas coisas que fiz. Mas sou um Tomlinson. Sempre damos festas. Já fico feliz de ter convencido minha mãe a não encomendar uma escultura de gelo do Santo Expedito.

Queria que tudo isso fosse uma piada. Mas aqui estou, com um Terno novinho, tentando fazer todo mundo acreditar que fui mordido pelo bichinho da filantropia bem a tempo de largar a faculdade no último ano. O mais deprimente é que todo mundo parece realmente disposto a acreditar nessa história. Muito bem, Lou! Temos muito orgulho de você. Bonito por dentro e por fora!

Argh.

Pelo menos meu melhor amigo não parece acreditar. 

—Lou, você não está falando sério, né? Quer dizer, onde vai arranjar um lugar para fazer seu corte de cabelo?

Uma parte de mim, escondida lá no fundo, quer bater no meu amigo mais antigo por ser tão superficial. Mas a outra parte — aquela com que estou mais familiarizado — só quer pegá-lo pelos ombros e sacudi-lo enquanto digo "Eu sei!!".

Porque essa é a verdade: passei muito tempo pensando em como vou arranjar um bom cabelereiro naquele lugar.

Josh e eu vamos ao mesmo cabeleireiro desde que nossas mães decidiram que era hora de aprender a diferença entre um bom corte de cabelo e trevas. Tínhamos treze anos. Àquela altura nós dois já éramos inseparáveis. 

Desde que contei para ele essa história de ir para o Maine, dois meses atrás, Josh me garantiu que, independentemente de qualquer coisa, será sempre meu melhor amigo (a parte do "independentemente de qualquer coisa" se refere, é claro, ao fato nada irrelevante de que, depois de três anos estudando, não vou conseguir o diploma de administração porque vou sair antes de completar o último ano da faculdade).

Mas, lá no fundo, nós dois sabemos que as coisas mudaram. Telefonemas não são a mesma coisa que tomar cerveja juntos às quartas. E mesmo quando a gente de fato se encontrar, não vamos ter mais nada em comum. Josh vai estar se matando de estudar para as provas de admissão no curso de direito, de modo que possa escolher com todo cuidado para onde vai, enquanto eu levarei um veterano de guerra à fisioterapia, tentando convencê-lo a tomar sua sopa de ervilha, ou o que quer que ele coma.

—Vou voltar para o feriado de Ação de Graças - respondo, diante do medo de Josh sobre o destino do meu cabelo. —Posso marcar um horário aqui.

Em Pedaços ( Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora