Capítulo 30

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HARRY

Estou tendo um déjà-vu. Do tipo bom, de quando você acorda com um cara lindo ao seu lado na cama. Só que dessa vez é mil vezes melhor que da outra em que Louis dormiu comigo. Desta vez, ele está pelado. Desta vez, passamos a noite fazendo sexo. Desta vez, ele está na minha cama não para afastar os pesadelos, mas porque, depois de revirar os lençóis pela terceira vez, por volta das três da madrugada, ele me deixou carregá-lo até meu quarto, porque minha cama é maior.

No entanto, isso não significa que ele não ocupe toda a cama. Bom, nem tudo mudou.

Não consigo segurar um sorriso bobo ao esticar o braço para tirar uma mecha de cabelo do rosto dele. Ele está deitado de barriga para baixo, com um braço esticado de um lado e o outro, dobrado debaixo do travesseiro. O lençol está jogado na metade inferior de seu corpo, e bastaria a mais leve puxada para expor sua bunda ao ar frio da manhã.

Um cavalheiro ia cobri-lo. Um cavalheiro levaria as cobertas até seu queixo e deixaria um bilhete ao lado da cama dizendo que o café está pronto.

Não é o meu caso.

Puxo o lençol apenas o bastante para dar um tapinha em sua bunda. Tão de leve que pareça uma brincadeira, mas com a dose certa de vigor para que Louis arregale os olhos.

—O que... está falando sério? - ele diz, rabugento, esticando o braço para puxar as cobertas. Eu as tiro de novo.

—Acorda, Ursinho de pelúcia.

Ele grunhe e dá um tapinha na minha mão. 

—Está tendo outro sonho com o treinamento, lindinho?

Não posso evitar. Sorrio ao ouvir o apelido, mesmo sendo ridículo.

—É hora da corrida.

 Me estico e acendo a luz.

Ele vira para deitar de costas e cobre o rosto com os braços. Essa posição deixa seu corpo exposto de um jeito bem interessante, mas me recuso a ser distraído.

Acho que mereço uma medalha por isso.

—Você lembra que foi um babaca nas últimas semanas, né? - Louis diz, sem olhar pra mim. —Me ignorando, trancando todas as portas pra que eu não pudesse entrar, como um menino mimado...

Sinto uma onda de culpa. Bem merecida. 

—Sei, eu...

Ele levanta o cotovelo e me encara com um único olho.

—Ainda não terminei. Ia dizer que tinha a parte boa disso, que era eu não ter que acordar antes do amanhecer por causa dessa maluquice.

Pego a regata na pilha de roupas ao meu lado e balanço na cara dele. 

—Peguei todas as suas coisas de playboy.

Seus olhos azuis se estreitam. 

—Meus tênis também?

—Claro que não. Já falei que vai acabar se machucando com aqueles tênis.

—Mas são tão bonitos - Louis murmura, voltando a cobrir o olho com o cotovelo que tinha levantado.

Perdendo a paciência, passo um braço em volta de sua cintura, empurrando Louis para o canto da cama, pondo-o de pé.

Ele me encara. Meu Louis não é uma pessoa matinal.

Meu Louis.

Ignoro o som fraco dos alarmes disparando dentro de mim, porque simplesmente parece certo. Me inclino para beijar seu nariz. 

Em Pedaços ( Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora