Capítulo 20

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HARRY

—Ainda não entendi no que você estava pensando, fazendo um estrago daqueles. 

Meu pai está puto.

—Não foi um estrago. Só fui a um bar tomar um drinque. Um drinque mesmo, devo enfatizar.

Ele tira a mão do rosto e me encara. 

—Não é a parte da bebida que me incomoda, é a parte do bar. Desde quando você não liga de aparecer na frente das pessoas?

Desde Louis.

Não digo isso, claro. Já estou confuso o bastante em relação a meus sentimentos. A última coisa de que preciso é do meu pai descobrindo que o motivo pelo qual ele durou mais que qualquer outro cuidador não tem nada a ver com a porcaria do ultimato e tudo a ver com o fato de eu não querer que vá embora.

Ainda não.

—Qual é o problema? - pergunto, cruzando os braços, odiando me sentir na defensiva. —Você está me enchendo para voltar à normalidade há anos. Quando eu realmente tento fazer esse movimento, você age como se tivesse destruído a honra da família.

Negue, peço mentalmente. Negue que você só está aqui porque um dos seus amigos viu minha cara hedionda no bar e ligou para reclamar.

Meu pai confirma minhas piores suspeitas. 

—Rick me ligou ontem à noite. Disse que você se meteu numa briga.

—Ele se enganou.

—É? -  ele zomba. —Então, seu nariz sempre foi assim?

—Olha, Brandon e uns fudidos dos amigos deles começaram a falar coisas de mim para Louis. Você sabe, aquela velha história idiota. Tinham bebido. E eu prometi para mim mesmo que nunca mais deixaria me humilharem dessa forma.

—É claro que um deles te deu um soco! - meu pai explode. —Você não está exatamente em condições de brigar, Harry!

Dou um passo à frente e o encaro. 

—Tem certeza disso?

O rosto dele se enruga em confusão e surpresa, e eu me dou conta de que é a primeira vez que quero passar uma impressão de que não sou uma vítima. Meu pai dá um passo para trás, e eu fico envergonhado e agradecido ao mesmo tempo — envergonhado por meu pai achar que poderia de fato ir pra cima dele e grato por reconhecer que não sou totalmente inválido.

—Ele está bem? - Sua voz sai mais baixa. Mais calma.

—Está - murmuro, passando a mão pelo cabelo em agitação e

virando para a mesa. —Provavelmente estraguei sua noite. 

—Provavelmente.

Meu pai e eu viramos e vemos Louis na porta. Olhamos para a bandeja em suas mãos, e eu gemo por dentro. Seu cabelo está molhado e suas roupas são casuais. Ele traz dois pratos, dois copos de suco e... uma tigela de frutas? Odeio fruta. Não parece nem um pouco um funcionário levando uma refeição balanceada ao dono da casa. Parece mais um casalzinho tomando café da manhã juntos.

Merda.

— Sr. Tomlinson. - meu pai diz, abrindo seu sorriso profissional. —Fico feliz em conhecer você pessoalmente.

—Sr. Styles - ele diz, apenas.

Meu pai vai em sua direção e pega a bandeja. 

—Lindy me disse que você ia cozinhar esta semana. Obrigado por isso.

Em Pedaços ( Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora