Capítulo 5

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LOUIS

Estou há cinco minutos do lado de fora da biblioteca, olhando para a porta que ele acabou de bater na minha cara, pensando em quem — ou no que — é Harry Styles.

Quer dizer, eu não estava esperando um bichinho de pelúcia precisando de um abraço e de um ombro amigo, mas ele pareceu mais um bárbaro atormentado que alguém devastado pela guerra. Mesmo assim, só percebo como estou despreparado quando a porta se abre de forma inesperada.

Antes ele estava completamente na sombra, mas dessa vez a luz do corredor chega até ele, e sinto o estômago cair aos meus pés.

Harry Styles não é o recluso de meia-idade com restrições físicas que eu estava esperando. Ele volta para as sombras antes que eu consiga olhá-lo bem, mas me parece que Harry Styles tem ombros largos, cabelo castanho com um corte meio bagunçado e penetrantes olhos verdes. E é jovem. Tipo da minha idade.

—O que ainda está fazendo aqui? - ele pergunta, recuando para a escuridão da biblioteca.

Instintivamente, dou um passo para a frente, e ele recua com a mesma velocidade. Pela primeira vez noto que, apesar de dar a impressão geral de juventude e vitalidade, ele não se movimenta com agilidade.

Paro, como se não quisesse assustar um animal ferido, sabendo que são mais propensos a atacar. E esse cara com certeza está ferido.

—O que ainda está fazendo aqui, porra? -  ele repete, dessa vez com um rosnado.

Bom. Pelo menos agora tenho certeza de que não imaginei essa coisa toda de homem das cavernas. Logo depois que ele soltou a bomba do suicídio, Lindy suspirou e deu um tapinha no meu ombro, dizendo que precisava ser "paciente com o garoto".

Paciente porra nenhuma. É claro que o cara deve ter visto muitas coisas horrorosas, mas se tem algo com que aprendi com a gente  rica de Manhattan  é o tom de voz de um babaca autoindulgente. Harry Styles certamente tem um pouco disso.

Eu provavelmente deveria responder à sua pergunta com palavras calmas, motivadoras e reconfortantes. Nada me vem à mente, então fico quieto. Ele continua na sombra, e de repente fico desesperado para saber o que está escondendo. Como alguém como ele se tornou um suicida recluso?

—Pelo menos coloca um dólar no chapéu -  ele diz, antes de virar de costas e retornar à mesa. Ele manca um pouco, mas...

É imaginação minha ou ele só mancou depois de começar a andar? Como se ele precisasse se lembrar de mancar? Imagino que deva ir até ele para ajudá-lo de alguma forma, mas algum instinto sombrio e inexplorado me impede de fazer isso. É o que ele está esperando, e ser previsível com esse cara é um erro.

—Um dólar no chapéu? - repito, fechando devagar a porta da biblioteca atrás de mim, o que é uma idiotice. A sala escura agora parece intimista, e sei bem que somos apenas eu e esse cara que pode querer ou não se matar aqui. Ou me matar.

—Se vai ficar me encarando, pelo menos me dá o dólar que deixaria no chapéu de qualquer outra aberração de circo - ele explica, ainda sem se virar para mim.

Reviro os olhos diante do melodrama e me aproximo, querendo ver o rosto dele. Não, precisando ver seu rosto. De costas, o cara é praticamente perfeito. Está usando uma camiseta preta justa o bastante para mostrar os músculos, e seu jeans escuro tem a cintura baixa o suficiente para despertar minha atenção. Tenho certeza de que, se levantasse os braços, conseguiria vislumbrar a cueca.

Boxer, imagino.

Por que estou com água na boca? Ainda nem vi o cara direito.

Eu deveria correr. Mas, em vez disso, me aproximo.

Em Pedaços ( Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora