Eu o amo.

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Fazia longas horas que eu permanecia em frente ao espelho, sentada em uma das poltronas que havia em meu quarto, enquanto acariciava minha barriga que já começava a aparecer desde que havia completado meus quatro meses de gestação. Observava minha filha em meu ventre, lágrimas caíam ao lembrar que a terei sozinha, lembrando o quanto doloroso foi no momento que tive com Luciano, pai de minha filha, o mesmo que a rejeitou e fez da minha primeira vez uma experiência terrível. Desde a adolescência, que eu idealizava esse momento que friamente me foi destruído, eu o amava, entreguei minha vida e meu coração a Luciano até o dia em que ele decidiu me fazer sua mesmo quando eu implorava que não o fizesse, eu não estava preparada ainda, me debatia em minha cama enquanto o sentia passar suas asquerosas mãos em mim, nojo, foi exatamente o que senti, lágrimas rolavam a partir do momento que havia percebido que não adiantaria mais me debater, ele era mais forte. Eu não pude fazer nada. Quando ele terminou de usar meu corpo, assim que ele entrou no banheiro para tomar seu banho, eu chamei a polícia que rapidamente chegou para a minha sorte, foi preso após confirmarem o que de fato havia acontecido.

Hoje, quatro meses e meio depois, acaricio meu ventre, o lar de minha filha. Eu descobri sobre ela, dias depois ao acontecido, mas ser mãe sempre foi um sonho, um sonho que tinha desde criança quando perdi a minha em um terrível acidente de carro. Comecei a ir ao psicólogo, para lidar com tudo que estava acontecendo em minha vida em tão pouco tempo. Afinal, uma gravidez, um relacionamento frustado e para minha tristeza, precisei trancar minha faculdade, meu pai perguntou algumas vezes sobre o pai de minha filha, mas sempre que eu tocava no assunto, eu entrava em crise, o que sempre o desesperava. Meu pai, tem sido as minhas forças nesse momento onde eu me sinto tão fraca, meu psicólogo Estêvão, tem sido a peça principal para o meu bem estar, mesmo que ainda me machuque as lembranças, saber que os tenho, alivia as dores que foram caudadas. Dr. Estêvão e meu pai viraram grandes amigos apesar da grande diferença de idade, já que Estêvão tinha apenas vinte oito anos. Eu o amava, o amava como nunca amei ninguém em toda a minha vida, apesar da pouca idade, eu amava seu abraço sincero que aliviava todas minhas crises, dores e angústias, ele seria o padrinho de minha filha, queria que ela o tivesse como referência assim como eu o tinha, meu pai sabia dos meus sentimentos por ele que pouco a pouco floresceram em mim.

Meu pai entrou em meu quarto, em silêncio secou minhas lágrimas, segurando em meu queixo me fazendo o olhar.

- Filha, Estêvão te espera na sala, posso deixá-lo entrar? - disse meu pai, automaticamente sorri.
- Claro que sim, papai. - o deixei entrar, sequei minhas lágrimas e arrumei meu cabelo.
- Vou chamá-lo, meu amor. - ele disse rindo de minha atitude. - Pode ir, Estêvão, ela te espera.
- Obrigada, Sebastian. - agradeceu. - Oi, Maria. - disse assim que entrou, me fazendo sorrir.
- Oi, Estêvão. - sorri, logo corri para o abraçar, ele retribuiu o abraço imediatamente, comecei a chorar novamente porém agora em seus braços, nos braços do meu refúgio.
- O que aconteceu, Maria? - disse me levando até a cama, se sentando do meu lado - Quer conversar? Sabe que antes de ser seu psicólogo, sou seu amigo. - sorri mas por dentro ouvir a palavra "amigo" me doeu, queria que ele fosse muito mais que isso.
- Eu estava lembrando de algumas coisas minutos antes de sua chegada, sabe que seus abraços sempre trazem a paz que minha alma precisa. - o respondi olhando para nossas mãos que estavam juntas.
- Não gosto de te ver assim, sabe que estarei sempre aqui por você, qualquer coisa me ligue sim? - me respondeu, com uma de suas mãos me fez o olhar, secando minhas lágrimas instantes depois. - Como está sua filha? Já decidiu o nome? - perguntou sorrindo.
- Minha filha se chamará Luísa, assim como sua mãe, Estêvão. - o revelei, pude ver seus olhos marejarem enquanto sorria alegre.
- Eu não sei nem o que dizer... - antes que ele pudesse terminar, eu o silenciei.
- Minha Luísa terá a honra de ter o nome da mãe de seu padrinho. - disse acariciando minha barriga, levando uma de suas mãos para que ele pudesse senti-la mexer.
- Padrinho? - ele disse surpreso. - Ela mexeu. - continuou emocionado.
- Sim, você aceita? - perguntei sorrindo.
- Claro que sim. - respondeu rapidamente. - Posso acariciar minha afilhada? - disse me fazendo sorrir, afirmei.

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