Luz en la Oscuridad

Minha dor.

Após Estêvão ir para seu quarto, me troquei colocando apenas um pijama e retirando a maquiagem. A felicidade ainda estava estampada em meu rosto, a imensa alegria de finalmente dizer que era a namorada 'oficialmente' a melhor sensação que eu poderia sentir.
O Estêvão era diferente de Luciano, ele fazia questão de me fazer sorrir até nos meus piores dias, ele era a luz que me arrancava dos dias mais escuros que eu poderia viver. O Estêvão me mostrou que posso ser amada, desejada e que posso fazer alguém feliz sendo eu mesma, o Luciano foi meu primeiro namorado mas ele fazia questão de sempre me diminuir como mulher, mal me beijava ou tocava como se odiasse ou sentisse nojo do meu corpo, isso me feria. Me destruía saber que eu me esforçava, dava tudo de mim para alguém que não fez questão alguma de me fazer feliz, eu sempre sonhei com a minha primeira vez, a primeira vez que me entregaria de corpo e alma a alguém que realmente amasse, o momento que eu me tornaria 'mulher' como alguns dizem.
Porém Luciano, arrancou tudo de mim. Ele arrancou a alegria que eu carregava, a essência que eu tinha, ele arrancou a minha virgindade da pior maneira que alguém poderia perder, ele me destruiu de todas as formas possíveis. Lembro de quando ele me disse que eu não era suficiente para ele, para satisfazê-lo sexualmente, satisfazê-lo como homem, ele disse isso instantes depois de destruir minha vida.
Eu o amava, o amava tanto, que se pudesse daria minha vida por ele. No pior momento de minha vida, Estêvão chegou, ele chegou transformando tudo novamente, pouco a pouco trouxe novamente a luz a minha vida. - sorri em meio às lágrimas que caiam em meu rosto - Estevão fez questão desde o início de me fazer entender o valor que eu tenho, o valor que eu carrego. Ele me faz me sentir novamente a Maria livre e alegre que um dia eu fui, me devolveu a força que eu perdi no dia que desgraçaram minha vida, ele não tinha vergonha de estar comigo, me faz me sentir amada.
Estêvão é tudo que um dia eu imaginei jamais encontrar, mesmo com os defeitos que ele possui, ele segue sendo a pessoa mais incrível que eu poderia ter ao meu lado, que minha filha poderia ter como pai. É tão emocionante imaginar que ela terá alguém para chamar de pai e se orgulhar disso, assim como eu tive, não posso nem imaginar o que aconteceria a minha pequena Luísa caso estivéssemos com o Luciano, ele poderia fazer o mesmo a ela é isso eu jamais permitiria. - Me desesperei apenas com esse pensamento e gritei.
- Maria? Maria? - entrou Estêvão no quarto, apenas vestido com seu pijama, descalço e com o cabelo completamente bagunçados.
- Estêvão, fica aqui comigo - disse temerosa.
- O que houve? - ele disse preocupado, se sentando ao meu lado enquanto me abraçava.
- Eu me lembrei de grande parte de tudo que o Luciano me fez - chorei em seus ombros - Ainda bem que tenho você comigo e com a Luísa, eu tinha tanto medo que ele fizesse com ela o mesmo que fez a mim.
- Ele não fará mal a vocês. - Estêvão disse convicto - Eu cuidarei de vocês e estarei sempre do seu lado, meu amor. - disse me abraçando ainda mais forte. 
Não vi o momento exato em que dormi, apenas fiquei nos braços de Estêvão, ele me fazia estar segura. Eu sempre me sentia segura apenas por tê-lo tão perto. Acordei com a claridade do dia entrando pela janela, sorri vendo-o dormindo sentado ao lado de minha cama, certamente teve medo que eu ficasse mal novamente e resolveu ficar ali. Ele era a prova de que "amar é colocar a necessidade do outro acima das suas", o Estêvão me provava isso todos os dias.
Ele me fazia me sentir amada, ele era o amor mais lindo que eu poderia viver e também a maior certeza da minha vida junto com minha filha.

                                  • • •

Meses Depois...

Estêvão havia crescido em seu trabalho, havia se tornado sócio de um hospital, ele e seus amigos médicos dirigiam e cuidavam de cada detalhe juntamente aos demais funcionários. Maria estava com seis meses de gestação, sua barriga estava cada dia maior, a alegria do casal transbordava a todos que os viam.
Maria estava cursando administração à distância, enquanto cursava começou a trabalhar com Estêvão no hospital sendo sua secretaria, assim poderia ficar mais perto dele e ele não ficaria tão preocupado por estar longe enquanto trabalha.
Todos eram encantados pela nobreza, essência e beleza de Maria, ela estava sempre disposta a ajudar a todos, principalmente a aprender para crescer na área que havia escolhido trabalhar e ter o futuro que sempre sonhou mesmo que algumas etapas haviam sido puladas.
- Meu amor , poderia marcar uma reunião amanhã à tarde com os médicos? Precisamos tomar algumas decisões sobre as mudanças que haverá no hospital. - Estêvão diz enquanto sorria vendo-a no computador.
- Claro que sim, amor - ela respondeu - Nossa filha não para de mexer. - disse encantada.
- Deixa que eu converso com ela - ele disse também encantado.
Estêvão deu a volta na mesa se abaixando ficando na altura da barriga de Maria, acariciou enquanto sentia os chutinhos de sua filha.
- Papai, te ama tanto, minha pequena princesinha. - sorriu - Deixe sua mamãe trabalhar, filha. - disse fazendo Maria se emocionar.
Devido à gravidez nesses últimos meses, ela estava completamente sensível, ela sentia tudo intensamente. Estêvão enxugou as lágrimas do rosto de sua namorada.
- Não chora, meu amor - disse beijando o lugar aonde estava suas lágrimas.
- Não consigo não me emocionar vendo-o assim com ela. - ela disse sorrindo - Luísa terá o melhor pai do mundo. - lhe deu um selinho.
O dia passou, logo o casal caminhava pelos corredores do hospital se despedindo dos amigos que antes eram apenas de Estêvão e hoje já eram tambem amigos de Maria, todos haviam aceitado ela tão bem quanto as demais esposas dos amigos que possuíam.
Ao chegar em casa, Nice os esperava com a mesa de jantar posta, havia preparado o jantar que Maria havia pedido ainda antes de sair para trabalhar, ao ver, Maria salivou.
- Obrigada, Nice - agradeceu já se sentando a mesa, esperando que Estêvão fizesse o mesmo.
- De nada, senhora Maria. - sorriu.
- Não precisa de toda essa formalidade, Nice. - disse educada - Amor, venha jantar - disse alegre vendo a senhora lhe servir.
- Estou indo, vou apenas deixar minha maleta na sala - sorriu ao ver a pressa de Maria, mas sabia que era apenas mais um de seus desejos.
O jantar aconteceu entre risadas e conversas, Maria conseguiu convencer a Nice a se juntar a eles na mesa durante as refeições, Maria gostava que todos se sentissem em casa principalmente a Nice que era alguém tão importante para Estêvão e agora também para ela. Subiram indo para o quarto, Estêvão sempre ficava no quarto de Maria após o banho até ter a certeza que ela estaria adormecida.

                                 •••

Por Estêvão

Estávamos a meses juntos e eu nunca tuve tanta certeza em minha vida como a que eu tenho agora estando ao lado de Maria, ela era a alegria de todos os meus dias e eu a amava com todas as minhas forças. Ela não havia se entregado a mim durante esses meses mas isso parece tão pequeno perto da grandiosidade de tê-la tão entregue a mim pela conexão que temos desde que nos conhecemos, estamos entregues um ao outro (digo, sobre nossas almas). Estou deitado ao seu lado, enquanto a observo rir de mais uma de minhas piadas completamente sem graça apenas para ter a alegria de ver seu lindo sorriso, uma de minhas mãos acariciava sua barriga enquanto ela estava com a cabeça em meus ombros, algumas noites era exatamente assim que dormimos, porém eu queria preparar uma surpresa à ela para nossa primeira vez, para a primeira vez que ela sempre sonhou porém não pode ter. Sei que esse assunto ainda dói nela, ainda a machuca mas quero ser o bálsamo que cura todas as feridas existentes em sua alma.
- Meu amor, você viajaria comigo? - disse nervoso, não queria apressa-la a nada.
- Claro. - ela disse com os olhos brilhando se sentando, me sentei também para conversarmos. - Aonde nós vamos? - respondeu empolgada.
- Aonde você quiser. - sorri vendo sua empolgação com a viagem.
- Podemos ir para Paris? - respondeu novamente com os olhos brilhando, se sentando em meu colo.
- Claro que sim. - sorri - Então vamos para Paris. - disse colocando minhas mãos em sua cintura.
Ela estava sentada com suas pernas em volta de minha cintura e seus braços em volta do meu pescoço, uma de minhas mãos estava em sua cintura e a outra subi para seus cabelos, os cabelos tão lindos que apenas ela tinha. Sorri e logo a beijei, a beijei intensamente, nossos lábios se encaixam perfeitamente, senti ela se mexendo em meu colo me levando à loucura, porém continuei a beijando, da forma como ela dizia gostar tanto.
Ela arranhou minha nuca segundos antes de terminar o beijo, nossos lábios estavam vermelhos pelo intenso beijo trocado, e caramba, como eu amava beijar minha mulher.
- Eu amo tanto te beijar - disse beijando seu pescoço. - Me desculpa - me desculpei quando percebi que poderia estar avançando o sinal.
- Eu também amo beija-lo. - sorriu - Não há nada para se desculpar. - disse me aliviando. - Estêvão posso te confessar algo? - disse com suas mãos em meu rosto.
- Claro que sim - a respondi.
- Quero ser sua. - disse sussurrando em meu ouvido - Mas quero que o momento seja especial, você poderia cuidar disso? - ela disse tímida.
- Claro que eu preparo um momento especial para você, para nós. - sorri, finalmente seríamos um - Como você sempre sonhou esse momento? - perguntei, afinal queria que fosse tudo como ela sempre idealizou.
- Quando eu fui crescendo e me dando conta dos meus desejos de mulher, eu imaginava que me entregaria apenas ao homem que seria meu marido, que o momento seria com flores, após um lindo jantar e de dançar com o meu namorado, o momento seria especial entende? - sorri, apesar de ser adulta e prestes a ser mãe, Maria ainda tinha sonhos de menina e isso me encantava nela, sua autenticidade, seu jeito tão único de ser.
- Será como você sempre sonhou. - disse a ela.
- Obrigada por me entender e por ter me esperando por todo esse tempo, amor. - sorriu.
- Eu te esperaria o tempo que fosse necessário, Maria, um relacionamento não é formado apenas pela intimidade que um casal possui e sim pelo respeito, amor e a forma como espelhem cuidar do relacionamento deles. - disse acariciando seu rosto - Eu escolhi você, escolhi te amar, do seu jeito e da forma como sempre foi e será, com sua nobreza e autenticidade, sua alegria e leveza, a forma como você se entrega a algo ou alguém que ama, isso me encanta. - sorri - Eu quero uma vida inteira com você e vamos encher essa casa de filhos. - lhe beijei.
- Vamos ter apenas três, tudo bem? - afirmei - Eu te amo e também quero toda uma vida com você. - sorriu.