Capítulo 8- Insana

585 54 0
                                    

John havia saído para caçar. Ele dissera que em dia de sol era mais fácil. Os animais sempre caçam quando está sol.

E ele poderia facilmente pegar um réptil, talvez dois.

Tess se perguntou se seria tão ruim viver com John.

Ela iria caçar com ele. Iria ver suas borboletas. Observar constelações. E poderia ficar com John, sim,  o mesmo que levou ela para aquele lugar que era impossível de achar. O mesmo que a trancou em uma cabine. Que havia chamado ela de borboleta. Que tinha a tirado de sua mãe. Mas também, oque havia tirado comida de sua própria boca para dar a ela. Oque tinha medo de perde-la. Oque era louco, um louco bom!

Ela devia se sentir culpada por querer, por um segundo, ficar com John? Ela devia estar, agora mesmo, tentando fugir? Tentando achar sua mãe e descobrir onde ela estava?

Pois ela não se sentia assim. Ela não achava errado pensar nisso.

Talvez fosse insanidade. Talve ela fosse insana.

Ela se levantou do colchão - que inesperadamente era confortavel- andou até a porta e colocou suas mãos sobre a maçaneta. Ela não esperava que estivesse aberta.

Forçou a maçaneta e a porta se abriu.

Andou até a sala de John, um dos lados ela já conhecia. Armas de caça - algumas ausentes, estavam com John- e a porta de vidro onde ficava as novas borboletas de John. A sua frente uma outra porta,  mas essa ela já conhecia,  era a porta do quarto escuro,  onde ficava a cabine e também o banheiro. Ela se virou, e uma porta de madeira ela viu. Ela estava encostada, e um fio de luz se passava pela fresta.

Engoliu toda saliva de sua boca,  mandou uma mensagem para o seu cérebro para que seu coração ficasse calmo. Respirou fundo, piscou e deu seu primeiro passo. O segundo veio vacilante e no terceiro ela ficou de cara a cara com a porta. Empurrou a porta com a mão direita - ela era destra - e pode ver oque se estendia atrás dela.

Era o quarto de John, não só quarto,  havia fogão - a lenha - e uma pia, sofá e um radio, cama e um mural, era o mural que ele havia dito, ele ficava na frente da cama. Se estendia do chão ao teto. Era enorme, e ela sentiu denovo uma deslumbrancia, êxtase.

As borboletas eram lindas, diversas,  assim como ela tinha visto dentro da porta de vidro, ela nunca tinha visto algo tão lindo, grande e organizado.

Se desafiou a entrar. Com cuidado e calma. O chão de madeira rangiu de baixo dos seus pés .

Andou um pouco mais rápido,  chegou ao mural em um piscar lento.

Admirou de perto todas as borboletas. E algumas a chamaram mais atenção do que outras. Tocou na asa de uma que era marrom, tinha olhos desenhado em suas asas, era linda. Passou seus dedos finos em cima dela.

Um barulho de pés batendo contra madeira se fez ouvir. Vinhera de fora.
Depois outro.

John, teria que ser ele.

Ele a pegaria aqui. Ele iria ficar bravo? Oque ela iria dizer?

Mas fora ele que deixou a porta aberta, certo?

Antes que ele pudesse entrar ela correu em direção à porta de madeira. Encostou ela do jeito que estava, entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si.

Sua respiração agora se encontrava agitada.

Encostou na porta e desceu por ela até estar sentada.

Um instante depois, John bateu em sua porta.

Seu coração levou um susto, se levantou rapidamente e se recompôs.

Abriu a porta e o viu.

Jonh.

- Disse à você que a caça seria boa hoje.

Ela abriu um sorriso. O primeiro desde que se perdeu na floresta uma semana atrás. Ou até mais, ela não sorria muito em Denver. A escola era um caos, os único lá que gostavam dela era os professores e obviamente a diretora que sempre se gloriava por ter uma garota prodígio em sua escola.

E em sua casa, bom lá ela era feliz,  mas nunca sorria, a não ser com sua tia Dhaw que era extremamente engraçada.

- Você quer ver oque peguei hoje?

- É muito nojento?

- Peguei peixes Tess.

Peixe. A única coisa que ela iria comer que não era um réptil qualquer.

- Gosta de peixes Tess?

- Amo. - Mentiu. Ela era vegetariana,  ou pelo menos era a uma semana atrás, quando tinha escolha.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora