Capítulo 2 - Coleção de Êxtase

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O farfalhar de Johnny contando chaves em números primos fazia o estômago de Tess se revirar.

Ela era a melhor aluna de todo o colégio. Estava dois anos adiantada na escola.
Ela era sempre a esquisita. Mas a esquita sabe-tudo.
Sonhava com um futuro, ir para a Universidade, ter um ótimo emprego e uma família. Ela queria viver, mesmo com os olhares sombrios sobre ela.

E agora tudo isso estava em jogo.

Quem era esse psicopata?

Oque ele realmente queria com ela?

Ele dissera que tinha uma coleção? Então ela queria saber do que.

Onde ela estava? Estava ela na floresta perto do acampamento? Ele a levou para mais longe?

E oque viria a seguir?

-Johnny. - Ela disse chorando - Oque vai fazer comigo?

Ele a assistiu chorar. Seus olhos, percebeu ela, eram caridosos, e ela queria saber tudo sobre ele.

Ele era mesmo um insano? Ela estava mesmo em perigo? Oque se passa na cabeça de um insano isolado?

E de repente ela sabia a resposta da última pergunta.

Se passa ideias de suicídios, delírios, assombração de sua própria mente. Se passa medo e coragem suficiente para se matar.

Tess conhecia bem todos esses sintomas com apenas 7 anos.

- Você está na minha coleção. Vou cuidar de você borboleta. - Ele a olhou nos olhos - Vou te amar e ensinar-te a me amar.

Os pelos de trás das costas de Tess se arrepiaram.

- Tessy! O meu nome é Tessy, não me chame de borboleta. Qual é o seu problema? - Ela se pegou gritando. E rapidamente posicionou sua mão em cima de sua boca. Seu jesto meio que pedia desculpa.

Ela não sabia porque, mais ele não foi bruto com ela. Por mais que ele acabasse de sequestrar ela. Tess não queria ser assim.

Sua mãe sempre dizia à ela que pessoas com problemas psiquiátricos precisavam de afeto, amor, carinho...

Será que ela diria o mesmo ao homem que sequestrou sua única filha?

Johnny se encontrava agora de cabeça baixa, ele tinha deixado de lado seu molho de chaves.

- Johnny. - Ela o chamou- Me mostre sua coleção?

Ele levantou sua cabeça rapidamente, um meio sorriso torto apareceu em seu rosto. O primeiro que Tess viu.

Ele se levantou do chão. Tess via agora apenas suas calças, um jeans rasgado e sujo. Assim como o dela.

Um "Click" se fez em meio ao barulho de ferrugem . E a porta se abriu.

Ela ainda estava no chão. Estava com medo. Queria sua mãe mais que tudo no mundo.

Dessa vez ele estendeu apenas um dedo à ela.

O indicador - percebeu -, assim como fazemos para que uma borboleta pouse em nosso dedo.

Ela aceitou sua mão - dedo -, se levantou graciosamente e lentamente.
O plano era memorizar qualquer porta e janela, ou qualquer buraco que seja grande o suficiente para ela escapar.

Ao sair do quarto ela prestou mais atenção na sala de Johnny, não havia apenas armadilhas. A sala era pouco ilumida apesar da luz. Pontronas velhas e mesas de estudo. Havia sobre uma escrivaninha um mapa. Ela chegou mais perto - Johnny sempre a segurando pelo pulço - e viu que era um mapeamento do céu, todas as constelações que ela já conhecia, e amava.

Um mapa feito a mão. Seria Johnny?

- Constelações. - Ela suspirou. - conheço todas elas.

- Venha - Ele disse à puxando para um canto da sala com uma porta.

Está não era de ferro ou metal.

Era de vidro.

Tess tampou sua boca para calar um grito.

Borbetas. Um punhado delas. Todas batendo uma nas outras.

- Teremos que ser rápidos, abrirei a porta e então corremos para dentro para que elas não escapem.

Tess acentiu sem nem mesmo olhar para ele.

Ela estava encantada.

Deslumbrada.

Ela nã conseguia colocar em palavras - e ela conhecia muitas.

Era simplesmente um grande êxtase se formando dentro dela.

Ela se enfiou para dentro assim que Johnny abriu a porta.

Com certeza nesse período 5 ou 8 borboletas saíram da sala, mas Johnny parecia nem ligar.

Eram de vários tamanhos cores e espécies diferentes, todas estavam atordoadas, certamente com medo e desesperadas para saírem dali. Assim como Tess.

E ela entendeu. Ele colecionava borboletas. Ele tinha uma coleção de Êxtase.

- Todas elas vão morrer. - Ela disse se abaixando para não bater nelas.

- E então vou poder coloca-las em meu mural. - ele disse sem se mover.

Algumas delas já estavam caídas no chão. Ele ia simplesmente deixar-las morrer? Esse era o seu vício?

- Vamos. - Ele disse - Não quero estar aqui quando elas morrerem.

Não queria estar aqui quando elas morrerem? Mas certamente ele iria voltar para pega-las e colocar em seu " mural ". Oque isso significava?

Ele puxou sua mão e assim que saiu fechou a porta de vidro.

- Você sabe como cuidar delas? - Ela disse enxugando uma lágrima do rosto. Nem ao menos se lembrara de ter começado a chorar.

- Conto histórias à elas, quando estão em meu mural, mostro à elas as constelações.

Se ele mostra as constelações á elas quer dizer que há uma janela. E janelas são boas para fugir. Ela correria na mata - porque ela sempre fora boa em correr- e encontraria o acampamento. Talvez estivessem à procura dela agora mesmo. Se ela saísse, poderia voltar para sua mãe.

Oque mais ela desejaria?

- Posso ver seu mural?

Tess sentiu Johnny se enjurecer.

- Você Tessy, não pode sair daqui.

Ele desconfiou. Era um lunático inteligente, ela apelou.

- Me chame de Tess, só Tess.

Se ela queria a confiança dele, teria que conquistar.

- John, só John. - Disse o homem de aproximadamente 40 anos. De aparência angelical e amedrontante ao mesmo tempo.

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