O horário proposto de John para dormir era as dez, marcada por um velho relógio à pilha. Mas eles na verdade nunca dormiam nesse horário, Tess ia para seu quarto as nove, e John sempre ficava com ela, horas e horas, apenas fazendo perguntas, sobre a caça, estudos, astronomia, borboletas, e quando ele se sentia mais profundo e solidário, ele perguntava à ela sobre sua família. Oque ela sentia em relação a eles, se ela desejava voltar, e especialmente oque ela sentia mais falta.
Ela, de verdade, sentia falta de sua mãe, de como ela à amava, de tudo que aprendeu com ela, do jeito doce e suave dela, sentia falta de estar com ela.
Tess, por outro lado, não gostava de falar sobre sua família, ela sempre dava a resposta mais curta possível. Ela queria sempre deixar John confortável, queria sempre mostrar a ele que ela estava feliz ali, e não queria ir embora.
Mas para John isso era um pouco difícil de aceitar, já fazia algum tempo desde o último, mas John tinha ataques, ele chorava por horas, chorava em voz alta, dizia que ela iria o deixar, que ela um dia ia se cansar de passar a vida com ele, Tess não sabia oque poderia fazer, mas sempre que ela dizia " só vou embora quando você me pedir " ele se acalmava. Porque ele nunca pediria isso.
John era difícil de se lidar, Tess sabia disso, mas depois de 7 anos, ela aprendeu a como se comportar e como tratar ele.
As portas do lugar seguro, já não se trancavam mais. John agora sentia confiança em Tess, ela era grata por tal.
Deitou se agora em seu colchão, limpo e com uma colcha roxa, com travesseiros de pena, tais que ela mesma e John haviam pegado.
- Tudo bem John, sente-se. - Assim disse Tess quando percebeu que John hesitou ao sentar no colchão ao seu lado.
Ele se sentou com cuidado, como se a um movimento errado ele poderia soltar uma bomba.
Tess relachou seu corpo, soltou sua respiração e estrelou suas juntas.
- Comece você primeiro, John.
- Tá. - ele refletiu - Hoje foi um dia bom. Ganhei de você em todas as partidas dos jogos. Soltamos alguns animais de armadilhas. E agora, lá fora, está chovendo, oque é ótimo para a horta.
Tess e John todas as noites comentavam o seu dia, e diziam oque queriam do amanhã. Mas John, no começo, não gostou da ideia de falar do amanhã, na opinião dele, o amanhã é vago, e ele gostava de coisas concretas. Tess tentou convencer ele de que ter fé é bom. Ter fé de que o amanhã vai vir, e de que ele sempre será melhor que o ontem.
- Minha vez. - Disse ela empolgada - E vou começar com protesto! Você não ganhou de mim todas as vezes. Houve aquelas duas vezes em que empatamos, e outras diverssas vezes em que você roubo. - ela sorriu - Mas enfim o dia foi ótimo. Pegar nas mãos as borboletas. Sentir o cheiro da primavera chegando. E comer aquelas frutinhas vermelhas, quais eu nunca vira antes. E também foi ótimo cuidar dos animais. Quero para amanhã, quando o sol se pôr, olhar as estrelas. E poder refletir sobre tudo, olhando para o brilho delas.
- Você parece esperançosa ao falar sobre o amanhã. Quando se é humana, e todos os perigos te rondam, a necessidade de um ato banal como respirar. Suplicar por um alimento, e viver esperando o amanhã, quando um único pedaço de madeira pode te matar. Eu cobiço sua fé, Tess.
- John, você não percebe? Todos os fatos que citou, é o que torna a fé graciosa e majestosa. Lutar por apenas respirar, essa é a verdadeira luta do ser humano, e mesmo assim ele se matem de pé, e tem esperança. Oque poderia ser mais inspirante?
- Amor, Tess.
- Meu amor por você, John? - Ela sentiu borboletas em seu estômago - Ele é também inspirador. E puro. De maneira que nunca seria por mais ninguém. Você é minha família, tudo oque tenho. Mas tenha fé John.
- Boa noite, Tess - Disse John antes de sair do quarto seguro.
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O Colecionador de Borboletas
Mystery / ThrillerCom poucos flash backs de sua própria família, uma menina cresce com medo de seu futuro, mas também com muito amor. Tess, era apenas uma criança comum, passando o verão com sua mãe, mas uma vida comum não era o suficiente para ela se achar no mundo...