Capítulo 20 - Traição

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Ela se pôs a chorar. Não sabia oque fazer. Ela só queria poder gritar e gritar. Eles não acreditavam nela. Não acreditavam na existência de John, e isso à torturava, descia pela sua garganta como um sentimento de repulsa, uma coisa repugnante que não poderia em qualquer hipótese ser aceita.
Ela chorou. Desejando apenas ser uma garota qualquer, uma que tem que se preocupar apenas com a escola e garotos, uma na qual sua vida seria perfeita. Pensar nisso fez Tess olhar para dentro de si. Ela na verdade sentia desprezo por essas garotas, garotas superficiais, mas agora ela só desejava ser uma.

Sophie  se sentou ao seu lado. Tess sentia que poderia dizer qualquer coisa para ela, sentiu que poderia confiar. Mas ela apenas perguntou.

- Você acredita Sophie? Acredita em mim?

Ela estudou Tess por um momento. Oque ela pensava?

- Seria uma inacreditável estupidez se não acreditasse. Você fala dele com amor, ternura, cada adjetivo que você dá a ele você interpreta, seus olhos brilham ao soar do nome dele. Como poderia eu não acreditar?

Tess sentiu um alívio por Sophie acreditar nela. Agora ela poderia ter a certeza de que sim Sophie era verdadeira.

- Oque vai acontecer agora? - Tess perguntou.

- Você receberá alta amanhã, porque todos os exames foram feitos e nenhuma complicação foi notificada. Você está bem, está saudável, oque devo dizer que é graças á John que cuidou e te deu uma boa alimentação. - Sophie se surpreenderia ao saber que por uma tempo Tess comera répteis. - E você irá para casa de seus pais, oque eu sinto muito.

- Oque? Casa dos meus pais? Eu não tenho pais. - Ela fez uma pausa, apenas para protestar com mais fôlego. - Esses aí fora não são nada meus. Deve existir alguma lei que me proteja. Eu não quero ir com eles. Não posso. Isso seria uma traição a John.

- Eu sei Tess. - Tess pensou ter visto os olhos de Sophie brilharem - Mas você tem quatorze anos, estava em uma mata a sete anos. Você terá que ir com eles.

Tess se deitou, fechou os olhos e pensou em qualquer coisa que não fosse a tolisse de ir morar com pessoas completamente desconhecidas e que se achavam sua família por causa de uma árvore genealógica. Mas não funcionou muito bem. A primeira coisa que veio em sua cabeça foi a cena.

"
- Há uma nova musica. Uma que acho que você iria gostar de ouvir. - Disse John.

- Oque fala nela? - Perguntou a garota curiosa.

- Sobre como somos melhores juntos. Que dois é melhor que um. Não me lembro a banda.

- Tudo bem John.

John perdeu o brilho no olhar de repente.

Suas costas ficaram retas e ele olhou para o quarto iluminado de Tess.

- Eles ainda não pararam. - Ele disse.

- Como disse?

- Não vão parar. Oque devo fazer à respeito?

- Quem não vai parar com oque?

- A Polícia, os investigadores. Eles querem te tirar de mim.

Ele se desesperou.

Sua respiração ficou afobada e suas mãos vieram a tremer.

- Vão te elevar embora. - Continuou.

Tess viu lágrimas correrem de seus olhos. Ele estava chorando.

Ela não sabia oque dizer, nem pensar e nem ao menos sabia oque estava sentindo.

- John, se acalma.

Ela passou seus braços pequenos e magros ao redor dele.

- Eles vão te levar.

- Não. - Disse sem pensar.

- Tess, você tem que dizer a eles que vai ficar. "

Pensando agora, depois de sete anos, ela se odiou por esse momento. John chorando e tendo um de seus ataques enquanto ela ainda pensava em fugir, isso era horrível, ele se importara tanto com ela, e ela apenas foi mal agradecida, ele deu à ela amor, carinho, família e um lugar seguro, mesmo assim ela não estava satisfeita. E agora nesse exato momento tudo oque ela mais queria era estar lá, poder ver oque John estava a fazer, se ele voltara a ter ataques, se ele se cedeu ao desejo de colecionar borboletas, apenas saber se ele havia comido, isso não era pedir de mais, negar isso á ela era desprezível.

- Tess? - Ela ouviu ser chamada e levantou o olhar. - No que está pensando.

- Estou pensando que pode me ajudar. - Sophie demonstrou um olhar confuso - Quero encontrar uma pessoa.

Essa era a única chance de mostrar a todos que John existe. Como ela não tivera pensado um pouco antes? Era claro e óbvio que ninguém iria procurar John na nata com ela, então ela teria que recorrer a alguém que já tivera antes lá - não Aland, porque ela agora tinha nojo dele, como ele poderia negar frente-a-frente à ela que John não existia? Ela sentiu seus olhos arderam de ódio. Mas esse ainda não era o alvo, Aland poderia esperar para ter o que merecia.
Agora ela sabia oque fazer, e quem mais além de Sophie à ajudaria?

- Quem quer encontrar? - Perguntou Sophie.

Sem hesitar por favor. Ela pensou e disse a si mesma. E com um gole de ousadia e loucura - o qual ela nunca tivera experimentado. - ela disse.

- Sarah.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora