Capítulo 22 - Desconhecido

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A noite era agradável, Tess não sentia frio ou calor. Percebeu ela que aqueles tênis - quais ela nunca tivera visto - era confortáveis e bons para caminhadas.
Ela estava vagando sem rumo. Não sabia se estava no centro da cidade, havia poucas lojas, muitas casas, poucas pessoas na rua, e nenhum sinal de mata.
Ela andou até ver muita luz em uma praça. Ela finalmente chegou em algum lugar.

- Sai da frente garota. - Ela ouviu dizerem. -  Quer morrer?

Ela se virou para ver de onde saira a fala.
Então que ela percebeu. Estava no meio de uma rua movimentada, o cara do carro buzinou.
Para ele, aquele som soava como " Sai da frente " para Tess soava como " Liberdade ". Ela não sabia como se sentir, bem? Mas sem John, e por ela, perderia a liberdade para viver com John. Ela chorou quando se deu conta de que estava pensando nele novamente, como ele estaria? Ele estaria tendo ataques novamente?, como ele se comportava diante disso?, borboletas, ela queria saber como ele estava, se voltara a colecionar.
Ela estremeceu quando uma ideia veio em sua cabeça. E se ele já tivesse encontrado outra garota? Outra para ele chamar de borboleta. Outra em que ele poderia colecionar, pois ela não se importara, e se ele percebera que Tess não era boa o suficiente... Um som invadiu os pensamentos de Tess. Um som aguniante.

E ela percebeu que ainda estava no mesmo lugar, parada no meio da rua. Todos buzinavam, o cara agora xingava. Tess olhou para dentro do carro, afim de enxergar o sujeito. Viu ela que ele estava sem blusa, os pelos do tronco se mostrando. Ela sentiu nojo dele por um instante, mas ela não queria simplesmente o julgar. Mas então ela viu uma garrafa na mão dele, e viu que ele especulava com ela. Tess poderia muito bem ter dado queixa sobre dirigir embriagado, mas ela não estava em uma "boa" com a polícia.

Ela correu para a calçada. E em um segundo chegou lá, atravessou mais uma rua e chegou na iluminada praça. Era grande e movimentada. Havia casais, crianças e homens vendendo algo, que com certeza era de comer.
Tess observou por um momento as crianças, elas corriam em toda praça, elas riam e tocavam uma nas outras ignorando totalmente o espaço de cada uma, ela gostaria de saber qual seria aquela brincadeira, mas ela nunca iria ter a resposta. Ela não tivera a chance de ser uma criança ativa, que brinca com outros e até cai e depois volta a brincar. Pelo oque ela se lembrava - oque realmente não era muito -, sua mãe não deixava ela brincar com outras crianças, pelo fato de que Tess só sabia correr, e esse não era o tipo de brincadeira para uma menina. Ainda mais ela, sendo a estrela da escola. A estrela que só queria ser vista de maneira que era vista qualquer outra garota.

Ela andou até uma mulher, que provavelmente teria 20 anos. Essa era loira, e Tess pensou qual foi a última vez que tivera visto uma loira. Talvez fosse por isso que Tess a escolheu.

- Olá, sou Savannah. - Disse Tess. - Eu e minha família estamos procurando um bom lugar para acampar. Poderia você me dizer para onde fica a mata?

- Claro, fica na rodovia I-24, mas onde está sua família? - Ela tinha uma coisa na voz, Tess gostou mesmo não sabendo oque era.

- Eu disse a eles que estava com fome, acho que foram comprar algo naqueles carrinhos. - Ela pensou em oque diria. - Nós não somos daqui, sabe. Não conhecemos essa rodovia, poderia ser mais precisa?

- Fica um pouco antes da entrada da cidade. De onde estamos, você terá que ir na direção Norte. - Ela apontou. - É menos que 6 km. Então, quando chegarem na entrada da cidade, não levará quinze minutos de carro.

- É só ir reto? - Tess perguntou.

- Sim.

- Obrigada... - Ela não sabia seu nome.

- Annie.

- Obrigada. - Ela sorriu.

- Foi um prazer Savannah.

Tess foi na direção em que a mulher loira tinha apontado, não se importando em disfarçar para a mulher que iria encontrar sua família e dar a eles as informações.  Até porque, lá ela encontraria sua verdadeira família .

***

Já fazias pelo menos dez minutos que a menina de cabelos longos e pele alva caminhava na direção que a loira havia dito. A garota estava começando a se cansar e tomou alguns golos d'água. Ela avistou ao longe a placa da cidade. Ela estava mesmo saindo da cidade e não podia ser muito lenta, logo algum médico notaria que a garota problemática tivera fugido, avisaria a segurança do hospital e consequentemente a polícia. Tess se perguntou por um breve momento se os seus pais já sabiam que ela não se encontrara mais no hospital, obviamente eles ficariam preocupados, mais seu pai, ela pensou. Sua mãe, Gracy, sempre mostrava mais desespero, e Tess não entendia já que ela era uma psicóloga, mas Allan sempre era o mais profundo quanto a isso, na verdade quanto a tudo. Tess quando pequena morava com a mãe, mas mantinha contato com seu pai sempre. Ele, que era comerciante, sempre a visitara e ter essas poucas memórias dele a fez se arrepiar.

Ela fez menção de se concentrar no caminho que tinha que percorrer. Mas acabou desviando o pensamento para John. O homem no qual criara ela, criara de uma forma tão distinta e inusitada, sendo ela uma garota arisca, pelo certo ele acorrentaria ela, mas não, ele era doce e na maioria do tempo se mostrava uma pessoa preocupada e sempre muito companheira. Tess as vezes tinha vontade de saber como era a vida de John antes de ele a encontrar. Saber como ele lidava com os constantes ataques, ataques que vinham em formas diferentes, as vezes em choro descontrolado, tremedeira e até mesmo em uma mínima auto-mutilação. Ela queria saber a quanto tempo ele colecionara as borboletas, qual era sua preferida, e as histórias sobre elas. Pensar nisso encentivou Tess ainda mais. Ela iria fazer essas perguntas para ele pessoalmente, e ela não poderia esperar mais que essa noite. Teria ela a noite que desejava.

Ao sair de seus pensamentos levados, ela caiu seus olhos sobre a pista ao seu lado. Poucos carros saíam da cidade, e do outro lado alguns entravam nela.

Ela já havia passado da placa de entrada e não se dera nem o trabalho de ler o nome da cidade, segundo a loira da praça, apenas mais alguns minutos e ela estaria na mata, ou pelo menos seria mais alguns minutos se ela estivesse de carro.

Tess se arriscou a ir mais para perto da pista, o caminho na calçada estava escuro e com a falta de carros, ela achara melhor ficar ali, sendo iluminada pelos poucos carros que saíam da cidade com um nome desconhecido.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora