Capítulo 19 - Inexistência

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Gracy foi a primeira a falar.

- Tessy! Minha filha.

Tess estava em choque, ela, depois de sete anos encontrou aqueles que diziam que eram sua família. Sua mãe tinha uma aparência tão diferente do que ela se lembrara, ela agora se mostrava uma pessoa triste, cansada, exausta.

Seu pai Allan, já era do jeito que sempre o imaginava e lembrava. Ele não mudou muito.

Tess queria ser a filha que era a sete anos atrás, quando ela era desesperada para voltar aos braços de sua mãe, mas agora depois de todo esse tempo, ela sentia que não os conhecia, que aqueles não eram os verdadeiros pais dela, aquela, de alguma maneira, não era sua família. Tess já não sabia mais nada sobre eles, quem eles eram agora? Oque faziam, como eram?

Eles vieram ao encontro de Tess.

Ela, Gracy, chorava, oque deixou Tess mais nervosa. E Allan não dizia nada, ficava apenas olhando - admirando - sua filha, aquela que ele não pode ver crescer.

- Filha? - Gracy passou as mãos sobre a cabeça de Tess.

Tess se preparou para uma onde de emoções ao toque de sua mãe. Mas nada sentiu quando ela o fez. O toque veio seco e frio para Tess.

- Ha Meu Deus. - As lágrimas não paravam de rolar do rosto de Gracy. - Isso é verdade. Eu sonhei tanto com isso.

Allan agora chegou mais perto, afim de observar a criatura que virara sua filha. Pelo menos foi isso que Tess pensou quando viu sua expressão. Ele estava tenso e desconfortável, assim como Tess. Ele não estava gostando daquilo.

- Tess? Não vai dizer nada para seus pais? - Perguntou o Dr. Miller.

Oque ele queria que ela dissesse? Ela não ia dizer que sentiu falta e que todos esses anos foram tortura. Não foi, foi maravilhoso viver com John,  a todos os minutos e segundos.

- Quem são vocês?

Até mesmo Tess se surpreende com a sua própria pergunta. Ela agora se encontrara chorando. Ela só queria estar com John.

- Oque está dizendo Tess? - Perguntou o Dr.

- Eu não conheço vocês, não sei quem são, quero que fiquem longe.

Sua mãe agora se mostrava decepcionada e mais triste do que quando entrara, o choro só aumentou. Allan, por sua vez, continuou calado e apenas abraçou Gracy, para que ela se reconfortasse. 

- Tess você passou sete anos vivendo sozinha na mata. É claro que não conhece ninguém. - Assim disse o Dr. Miller, Tess estava começando a odiar ele.

- Já disse que estava com John. Porque não acredita em mim? - Ela desta vez foi rude.

- John? - Finalmente Allan disse algo.

- Foi ele quem cuidou de mim. - As lágrimas fluiam de seus olhos. - Quando eu estava perdida na mata,  foi ele quem me achou. Ela foi quem me amou, e me aceitou. - Ela fez uma pausa - Ele nunca me chamou de aberração... - Ela disse se lembrando do que as crianças diziam à ela.

- Tess meu amor, oque está dizendo? - Disse Gracy.

"Meu amor"? Tess sentiu a hipocrisia na fala dela.

- Não diga isso - Ela estava sendo rude sim. Mas era necessário, certo? Aquelas pessoas não acreditavam nela.

- Tess, se acalme. - Pediu Sophie.

A porta do quarto se abriu e uma voz soou. Tess se arrepiou, e não foi bom.

- Está tudo bem aí dentro? - Aland disse entrando no quarto.

- Oque ele está fazendo aqui? - Ela agora sentiu raiva em seus olhos.

- Está tudo bem Aland, não acho que seja uma boa hora. - Disse o Dr.

- Minha filha, sou eu, sua mãe. Não se lembra? - Gracy pegou suas mãos, rapidamente Tess as retirou.

- Sim. Mas não são coisas boas.

- Como não, Tess? - Perguntou Allan.

Ela sentiu sua mente vacilar, as memórias se balançou, sentiu uma náusea navegar em seus estômago.

- Parem. Chega. - Ela disse. - Não vou dizer e nem fazer mais nada, não enquanto não trazerem John.

- Mas quem é esse John filha? - Perguntou Gracy.

O Dr. Miller chegou mais perto da cama de Tess, ficando assim ao lado de seus pais. Ele não tinha uma boa expressão. Tess o odiou.

- Foi oque eu falei. - Ele disse em uma voz seca. - Ela criou um homem, provavelmente um pai, para que ela não ficasse totalmente sozinha. Ela criou uma pessoa, uma na qual ela poderia conversar.

- Oque está dizendo? - Ela chorou. - John é real, você não pode dizer que ele simplesmente não existe. Porque não acredita? - Gritou.

- Tess, está tudo bem, você ainda vai aceitar que ele é fruto da sua imaginação.

- Já chega. - Ela disse pegando ar. - Como acha que sobrevivi sete anos sozinha? Como eu iria comer? Onde iria dormir?

- Tess, a psicologia tem uma explicação para tudo isso. Nisso sua mãe poderá ajudar. - Ele disse.

Tess se lembrou de Aland.

- Aland, - Ela o chamou - você viu. Você estava lá. Diga a eles que John existe.

Ele negou com a cabeça e fez uma expressão de " sinto muito "

- Não posso mentir Tess. - Ele disse.

- Oque? - Ela perguntou, mesmo sabendo que era uma pergunta retórica. - Como pode dizer isso? Vai ser uma mentira se você discordar de mim.

- Tess... - Ele começou.

- Já chega - Disse Gracy. - Tess você precisa de um tempo, nós o daremos para você. Sei que isso ainda é confuso. Nós te esperamos.

Ela disse e virou de costa assim como Allan e Aland, quando eles saíram do quarto Tess soltou o choro.

- Quero que você também vá. - Ela disse ao Dr.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora