Capítulo 11 - Devido lugar

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Primavera de 2007

Algum lugar em Oklahoma.

- Você está roubando. - Ela deu um tapinha na mão dele. - Hey! Pode parar.

Ele riu.

- Nada disso Tess, você é que está perdendo.

- Assim como perdi as cinco outras vezes?

- Oque posso dizer? Eu sou bom.

Os cabelos grisalhos de John saía de seu chapéu de pescaria. Sua aparência agora era de a de um senhor de 50 anos, essa provavelmente era a idade de John, um senhor que não teve muitos cuidados na vida. Mas que agora, enfim, pode se ver alegria em seu rosto.

O coque mal feito de Tess escorregava de sua cabeça, caindo em suas costas.

- Eu queria poder te ver jogar sem roubar.

O jogo ia muito mal para Tess, ela nunca gostara de jogos, mas com John era uma boa maneira de passar o tempo. Não tinha muita coisa há fazer no lugar seguro.

Tess e John, viviam reformando a casa, sempre que podiam. Caçavam, comiam, jogavam e estudavam. Essa era sempre a rotina deles. Mas, sete anos para uma garota prodígio estudar era relativamente muito. Até porque quando chegou aqui sua educação já era impressionante. Nas exatas, com apenas 7 anos, ela já podia fazer uma prova apenas com contas de segunda equação. Dava aula de inglês para as crianças do tamanho dela, já que estava alguns anos adiantada.

E tudo oque ela estudava com John, Ela já havia, em algum momento da vida dela, aprendido. John também era excelente nas exatas, inglês, geografia, história e até mesmo em física. Um astrônomo de pouco reconhecimento.

Ela sempre pensava em como as coisas eram há sete anos atrás. Agora ela já tinha 14 , havia completado no mês de Janeiro, foi John quem dissera que o mês passado era Janeiro. E ela nunca mais pensaria em fugir e deixar John.

Ele era importante pra ela agora. Só queria poder ficar com ele, seu pai.

- Oque acha de entrarmos? Essa chuva com certeza vai despencar em cima de nós. - Assim disse Tess olhando para o céu.

- Isso é uma desculpa para não acabarmos o jogo que você está perdendo? - Disse John sem tirar o olhar das cartas.

Ele estava tão bem. Há muito tempo que ele não chorava, tinha ataques ou trancava Tess. Ele agora era saudável, inteligente, gentil e um tanto que engraçado.

Tess se levantou do chão coberto por algumas, poucas folhas folhas - pelas contas de John, era inverno, mas pela aparência da natureza ao seu redor, a estação era com certeza primavera, então estariam em março.

Seu vestido Branco caia até seus joelhos.

Quando John apareceu com os vestidos, e tudo que uma garota adolescente precisa, Tess perguntou a ele de onde ele havia tirado, e ele apenas disse que algumas coisas eram de Sarah e outras ele preferia deixar em oculto.

- Não John, não é porque você está roubando, é só que vai chover. E eu não quero entrar pingando em casa. Está tudo tão limpo.

- Ok. - John pegou todas as cartas de baralho do chão e se levantou.

Eles foram em direcção a casa. Lá dentro Tess fechou todas as janelas. Assim como ela se lembrava de sua mãe fechando-as. Ou pelo menos pensava em sua mãe fazendo isso. Ultimamente a mente de Tess vinha confundindo-à. Poucos flashbacks viam a tona, e ela nem sempre conseguia indentificar oque eram lembranças e o que eram sonhos. Oque era realidade e oque ela gostaria que fosse.

Sempre via ela pequena e sua família sorrindo, abrindo presentes de Natal, sentados todos na mesa no dia de Ação de Graças. Sua família comemorando o ano novo. Mas ela não conseguia dizer se era realidade. Ela nunca fora feliz de verdade, ela usava uma máscara, aquela não era ela de verdade, estava sempre com o rosto atrás de um livro, quando oque ela realmente queria era estar feliz.

Ela tinha isso agora, aqui com John, Ela era feliz. Era um prodígio liberto, ela não precisava esconder sua inteligência assim como fazia nos corredores da escola de Denver, aqui ela se sentia bem e confortável, se sentia encaixada no quebra-cabeça, se sentia no molde certo.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora