Capítulo 23 - O suficiente

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Após oque parecia ter passado nem cinco minutos, um carro preto reduziu a velocidade na pista, ele estava a pouca distância de Tess. O carro parou, a porta do motorista se abriu.
Tess sentiu medo, medo de ser um conhecido.

Pernas brancas foram vistas saindo do carro, e sapatos pretos se encaixavam em seus pés, saltos, aqueles que soa ao serem batidos contra o chão.
Depois das pernas, vieram um vestido, esse era bem soltinho, se prendia na cintura e era da cor caramelo. Por último cabelos ruivos, presos em um coque mal feito.
Sophie.
Tess primeiro se sentiu aliviada por não ser ninguém da sua família, e muito mais por não ser o Dr. Miller.
Por outro lado, Sophie não concordaria com a ideia de Tess, ela não deixaria ser levada por uma garota de 14 anos.

- Tessy? - Sophie correu em sua direção. - Ha meu Deus, eu vi você de costas, por um momento achei que seria loucura ser você, mas depois pensei que foi loucura minha não ter certeza que era você.

Sophie à abraçou. Tess se surpreendeu com o jesto dela, esperava mais uma bronca, um " Entre no carro agora, vou te levar para o hospital ", mas em vez disso veio um abraço, um que ela realmente precisava, apesar de não ser esperado ou pedido. O último a abraça-la fora John, e o dele à fazia se sentir segura no mundo, Tess se surpreendeu ao sentir isso também no abraço de Sophie, talvez fosse Tess quem pensasse em um abraço como um lugar seguro.

- Você veio encontrá-lo, não é? - Sophie disse soltando-a.

- Não há mais nada que eu queira fazer. - Lágrimas escorreram de seus olhos. - Quando eu encontra-lo, vou o abraçar de forma que nunca fiz antes, não vou me desprender dele nunca, não vão poder me tirar dele.

- Você não pode. - Ela disse em sussurros. - Não pode correr mata a dentro a procura de um lugar que nem ao menos sabe onde fica.

Um vento assobiou nos ouvidos delas. Ele chicoteou os cabelos das duas. Tess sentiu ele penetrar nas roupas, e em um instante ela se arrepiou de frio.

- Você vai me levar para lá de volta? - Tess perguntou sobre o vento.

- Não vou te forçar a isso. Mas precisa saber que agora lá é o seu lugar, mesmo que você não os conheça, eles são sua família, a única Tess.

- Você sabe que não são. E já que não vai me forçar voltar, eu agora preciso ir. Você com certeza não é a única que usa essa rodovia.

- Tudo bem. Sabendo que não vou te impedir, quero te fazer um único pedido.

Tess a encarou por um instante, Sophie definitivamente era a única que tinha fé nela. A única que não duvidou nem por um momento que John realmente existira. Que agora não à forçava a fazer oque ela não queria.

- Diga. - Tess disse com um pouco de receio, talvez com medo do que a infermeira poderia pedir.

- Me deixe ir com você Tess. Me deixe ter a dádiva de conhecer John.

***

Depois de Sophie simplesmente surpreender Tess com a pergunta, elas andaram até a mata.
Sophie perguntara como era John, Tess respondeu " Ele é gentil e carinhoso, de alguma forma ela não era para ser assim, ele sempre foi sozinho, isolado se sentindo excluído do resto do mundo. Ele tem muito amor dentro dele, um amor sem igual, mas quando conheci ele, ele não sabia como lidar com esse amor, ele não sabia como se expressar, mesmo depois de eu dizer a ele que nunca iria fugir, ele ficava inseguro, com medo. Acho que a vida dele foi sempre assim, acho que ele sempre viveu com medo. Eu já perguntei a ele como ele fora parar no lugar seguro dentro da nata, mas ele limita-se dizer que sempre estivera ali. Ele é ingênuo, mas inteligente, poderia dizer que talvez ele é igual a mim, um prodígio, ele sabe tudo sobre borboletas, crenças, estrelas e sobre a vida. Ele é um filósofo sem estudo. Não sei como ele sabe de tanta coisa, ele sempre me deu aulas, me ensinou mais coisa do que posso dizer. Ele tem mapa de constelações, é lindo, e não é do tipo que foi comprado em uma loja, ele desenhou, todas elas. É lindo Sophie. Ele transmite paz, além de ser franco, a força de vontade dele é admirável. " Depois de dizer tudo de bom sobre John, era a hora da verdade, Sophie precisara saber. " Ele também é insano. Não me olhe assim, vivi com ele durante metade da minha vida, sei oque digo, ele tem uma leve esquizofrenia, tem ataques quando senti medo ou muita emoção, eu o ajudei, sempre tentei fazer isso, ele tinha parado com ataques, mas quando Alland apareceu na mata com aquela espingarda em mãos, ele simplesmente se abaixou gritando e chorando, implorando para que ele não me levasse. Foi horrível deixar ele daquele jeito, tendo um ataque, o pior foi quando Alland me tirou de lá, ele estava desacordado, eu fiquei com tanto ódio do Alland que não consegui pensar com clareza, não fiz nada a respeito. " Sophie ficou andando e não dizia nada, ela só queria saber. Para ela não ter medo, Tess disse. " Ele é bom, costumava colecionar borboletas, confesso que era lindo, a coleção mais linda que já vi, muitas variedades e era de tirar o fôlego, mas de algum modo eu me senti mal, pedi a ele e com insistência ele parou, ele disse que o meu amor preenchia o lugar da sua coleção e isso era o suficiente. Quando chegarmos, não fique com medo e nem o assuste, porque eu sou a única coisa que faço bem para ele agora, ele... ". E pela primeira vez, Sophie interrompeu a fala de Tess e perguntou oque ele colecionava.

- Ele era o colecionador de borboletas. - Ela disse por fim.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora