𝗘𝗟𝗘𝗖𝗧𝗥𝗜𝗖 𝗟𝗢𝗩𝗘 | 𝑃𝑒𝑡𝑒𝑟 𝑃𝑎𝑟𝑘𝑒𝑟

013| porcelain doll

Clarissa

Imediatamente troquei olhares com Peter, que estava espantado, com a boca entreaberta.

- Então foi ele? - questionou, quase que afirmando a si mesmo.

- É, com certeza. - minha mãe disse. Nunca ninguém chegou a lhe contar sobre o que aconteceu com Parker e aquele dispositivo, mas claro, ela sabe de tudo.

Suspirei. Mais um problema, muito bom.

- O quê vamos fazer? Como começar a procurar? - perguntei quase que retoricamente.

- Não podemos fazer nada. Temos que continuar o seu treinamento e nos prepararmos, aquele homem não está para pouco. - disse minha mãe

Parei para pensar. O homem do táxi parecia estranho, e algo me diz que ele tinha algo a ver com isso. Minha intuição nunca falhou, e as vezes não gosto disso.

- Não podem simplesmente ficar parados, vocês são Os Vingadores! Vão sentar e esperar ele planejar mil e uma formas de acabar com vocês? Se ele é realmente tão inteligente, vai procurar os seus pontos fracos. - entonei com uma voz forçada.

Minha voz falhou, indicando o meu nervosismo.

- Precisa se acalmar, Bennet. - Steve falou tão calmamente que tive vontade de vomitar.

- A Bennet em miniatura está certa, se ele é inteligente como a feiticeira sabe-tudo diz, não podemos ficar parados. - Stark disse não mais que o óbvio.

- Não posso fazer nada disso sozinha, muito menos com o Peter. Temos uma vida lá fora, já passou da hora de voltarmos pra casa, não quero fazer parte disso.

- Você já é parte disso, Clarissa. - Stephen ditou paciente.

No fundo eu tinha a convicção disso, mas ao mesmo tempo, sabia que poderia ser tornar uma guerra maior do que qualquer um de nós gostaríamos de enfrentar. Não gostaria de passar por uma batalha como a de Thanos de novo, fui evaporada no estalo, mas quando voltei com todos os outros, estava tudo diferente, todos diferentes. O mundo agora era outro.

Queria apenas voltar para meus apartamento, com Charlotte, deitar no sofá com Peter e assistir nossa saga bruxa preferida, poder apenas me preocupar com a escola e o que vem depois dela de novo. Mas agora tenho medo, medo que algo grande aconteça, com o mundo, com Peter, comigo ou até mesmo com minha mãe.

Sinto falta do Ned, da Liz, e da Charlotte, mas no fundo sei que agora é muito tarde, não posso voltar atrás e deixar que cuidem de mim como se eu fosse uma boneca de porcelana, prestes a quebrar. Não posso voltar a viver minha vida normalmente enquanto eles lutam as minhas batalhas, é minha hora de me erguer.

Talvez eu esteja sendo dramática de mais, sinto isso na verdade. Mas pode ser que esteja tentando usar esse pensamento para me acalmar, ou talvez não, talvez eu esteja realmente sendo uma adolescente de 17 anos emocionada de mais.

(...)

Saí do banho e coloquei um roupão. Me sentei na cama, mandando uma mensagem para Charlotte.

"Lotte, me desculpe por não ter respondido algumas de suas mensagens, está tudo uma loucura por aqui, tenho tanta coisa para lhe contar. Espero poder voltar pra casa logo, mas agora que eu e Peter estamos de férias, não temos desculpa para persuadir Tony Stark a convencer o resto do grupo a nos deixar voltar. Se quiser, pode me ligar, e te explico tudo o que puder, xoxo."

Enviei a mensagem, sabendo que ela só seria vista muito tempo depois, pois essa hora Charlotte deve estar trabalhando no seu restaurante.

Me assustei com a porta abrindo, mas já sabia que quem iria passar por ela era Peter.

- Como você está? Parecia assustada quando saiu da sala. - fechou a porta atrás de si.

- Estou bem, só... pensando no futuro. - com medo do futuro, quis dizer. - Você sabe, pensar que uma guerra iminente está prestes a acontecer me dá calafrios. E dessa vez não é apenas meu namorado em jogo, eu estou nesse meio também. - falei com o tom de voz quase neutro, mas minha voz falha, deixando transparecer meu nervosismo.

Peter solta o ar rápido.

- Não fique com tanto medo, nós nem sabemos se será mesmo uma batalha pública, talvez só tenhamos que o espiar e o encurralar, não coloque como algo grande. - Peter se aproximou, mantendo uma expressão tranquila. - Acho que está se precipitando, por causa do que houve com Thanos e Ultron. Você sabe, nem todas as brigas dos Vingadores se tornam públicas e uma ameaça global. - falou, quase grosseiro.

Enruguei minha testa e meu nariz quase imperceptivelmente, demonstrando o que achei do que ele falou.

- Olha eu sei que parece grosseria, mas realmente acho que você deveria se acalmar, por mais que falar seja fácil, pensar positivo nem sempre é tão difícil. - Peter sentou na cama, ao meu lado, pegando minha mão.

- Eu sei, eu sei que estou dramatizando muito, mas você sabe que meus instintos nunca falham, se eu sinto algo escandaloso, quer dizer que algo escandaloso está por vir, Pete. - entrelacei sua mão à minha. - Você sabe, é como o arrepio do Peter, sinto as coisas antes de acontecer.

- Ugh, não use esse nome! Você acha que é por causa dos seus... - parou no meio da frase, querendo dizer poderes. Enruguei meu nariz novamente.

- Acho improvável. - na verdade, acho até possível.