❝ 𝑄𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎, 𝑣𝑜𝑐𝑒̂ 𝑒́ 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑢𝑚 𝑟𝑎𝑖𝑜 𝑒𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑔𝑎𝑟𝑟𝑎𝑓𝑎, 𝑛𝑎̃𝑜 𝑝𝑜𝑠𝑠𝑜 𝑡𝑒 𝑑𝑒𝑖𝑥𝑎𝑟 𝑖𝑟 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑎 𝑡𝑒𝑛ℎ𝑜 (...) ❞
🕸⚡️| Clarissa descobre que a joia que sua mãe lhe deu é mais do que apenas uma joia...
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Peter
Não consigo parar de encarar o corpo sem vida de Paul, a pele repuxada pelas queimaduras e os olhos cegos me faz ter certeza que eu vou ter pesadelos pelas próximas semanas.
O choro silencioso de Clair acabou, agora ela chora alto suficiente para despertar em mim uma vontade imensa de abraçá-la. Mas hesito. Não sei se a sua ficha caiu, se ela acordou. Se ela é a garota por quem eu me apaixonei.
Clarissa
Minhas mãos tremem tao incontrolavelmente que me sinto presa em um frio polar incessante. As lágrimas continuam a escorrer quentes pelas minhas bochechas enquanto o desespero toma cada vez mais controle do meu corpo.
Um homem matou a minha mãe, e eu a vinguei.
Mas eu não deveria.
O que foi que eu fiz?
Deixo meu corpo cair sobre o dela. Não sei como aquela coisa que a atingiu funciona, sua roupa tem um furo enorme bem onde o jato a acertou mas não há sangue escorrendo pelo seu corpo.
Não posso dizer o mesmo sobre mim. Cerrei tanto meus punhos que minhas unhas cravaram em minha pele. Arde, mas não me importo.
Posso sentir o olhar de Peter cair sobre mim.
O que ele pensa de mim agora? O que eles vão fazer comigo? Sou apenas uma criança.
Uma agonia cresce no meu peito cada vez mais, não sei como pude deixar esse poder me dominar, não sei o que vou fazer agora. Não posso voltar atrás, ele está morto.
E pela primeira vez olho para o corpo jogado de Paul. Não sei quanto tempo se passou, mas seu corpo não treme mais, os choques já cessaram. Sua pele está repuxada, é assombroso. Eu nunca vou esquecer disso. O seu rosto vai me atormentar todos os dias. Isso se eu não morrer nos próximos, eles executariam uma adolescente?
— Eu sinto muito.
Não sei de onde tirei forças, mas foi tudo o que eu consegui dizer. Eu não minto, eu vou sentir muito pelo resto da minha vida, se pudesse voltar atrás... eu jamais o teria feito.
Sinto Peter puxar meu corpo e me abraçar. Agarro seu corpo e enterro meu rosto em seu peito. Qualquer segundo de conforto que eu possa ter agora é totalmente útil. Tento achar fôlego, mas não o alcanço, meu coração está tão acelerado que penso que a qualquer momento ele vai parar.
Levanto meus olhos até que eles encontrem os de Peter. Seu olhar carrega preocupação, ansiedade e medo.
— Me perdoa? — falo tão baixo e tão sem força que temo que ele não tenha me escutado.
