22| awaken

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Clarissa

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Clarissa

Já se passaram alguns dias desde que vi os Vingadores. Agora, o local está cheio de pessoas, assistentes, como Paul os chama. Alguns são gentis, em sua maioria as mulheres, já outros, me tratam como um pedaço de projeto descartável.

Paul passa o dia todo estudando a joia e testando o que ela pode fazer, mas segundo ele, eu não estou facilitando as coisas para ele, então o tratamento com aquele aparelho nas minhas têmporas que ele pejorativamente chama de garantia foi intensificado.

Ele usa aquele aparelho em mim cerca de 4 vezes por dia, ele tira minhas forças e minha autonomia, usando meu próprio poder contra mim.

Eu já não sinto nada, nenhum sentimento, a terapia de choque faz com que meus pensamentos se reiniciem, e se reprogramem do jeito que ele quer.

- Aqui, jantar.

Um homem alto e robusto praticamente joga o prato na minha frente.

Começo a comer lentamente, pelo menos eles me alimentam — penso.

- Inferno! - Paul grita estrondosamente, batendo a palma da mão na sua mesa de trabalho.

Ele tentava fazer alguma coisa com a joia negra, mas não estava dando certo. Cada vez que ele tentava chegar perto ela brilhava violeta e não deixava que ele a examinasse. Vi tudo isso acontecer de relance.

- Você. - apontou seu dedo indicador na minha direção. - Contenha o poder dessa joia, agora.

Estremeço. A pedra tem poder de mais, e tentar segura-lo não é tarefa fácil, se eu deixar escapar, pode ser pior, causando uma explosão.

- Comece. - ele dá o sinal.

Respiro fundo e fecho os olhos, deixando minha energia se conectar com a da joia. Sinto-a acender quando Paul chega perto dela com seu instrumento para estudá-la. Sinto a necessidade de explosão se espalhando, então me agarro a ela, não deixando escapar.

Mordo forte o meu lábio e cerro os punhos. Escuto um barulho sútil e agudo, Paul está com uma mini serra em mãos, pretende tirar um pedaço da joia.

Sei o que acontece comigo se ele fizer isso, vou sentir na pele, literalmente.

- Espere! Pare! - grito, ainda segurando a explosão eminente o mais forte que posso.

- Qual o seu problema? - ele grita de volta.

- Não pode fazer isso, se tentar parti-la não vou ser capaz de segurar a explosão. - minto. Sou capaz, mas não estou disposta a sentir isso.

- Senhor, me desculpe. - um dos seus assistentes entra no meio da conversa, pedindo licença. - Estão tentando invadir.

Os olhos de Paul se arregalam, quase saindo de órbita. Parece que ele não esperava por isso.

- Leve todo mundo para o telhado, eu e a mocinha vamos descer. - responde

Eles voltaram, estão de volta por mim. Mas agora Paul tem uma equipe, e elaborou uma arma específica para cada um, apesar do nosso trato.

Paul agora tem controle sobre mim, o que me torna a arma mais mortal de todas.
Consigo pensar, ter vontade e emoções, mas ao mesmo tempo, não sinto nada. E sou coordenada a fazer exatamente o que ele manda. Não é que eu queira, a terapia de choque usa meu próprio poder contra mim e me deixa sem opções ou autonomia.

- Vista isso, não se atrase, cinco minutos contados. - ele entregou em minhas mãos uma maleta, como a primeira. Me levanto, esperando que tire a contensão das minhas mãos.

Ele pressiona o polegar nas algemas e elas se abrem, caindo ao chão.

- Rápido. - ordena.

(...)

Estou atrás da pesada porta de metal que separa o interior da base ao exterior, esperando um sinal. Sinal esse, que ele não me disse do que se trata, mas já posso imaginar qual é. Massageio o dispositivo nas minhas têmporas, sabendo que a qualquer segundo vou levar um choque, perdendo o 1% de autonomia que me resta e sendo arrastada pelo meu próprio corpo para a batalha lá fora.

Sei que seja lá o que aconteça, é inevitável, eles não vão conseguir, não com o poder da joia primária contra eles.
Tento arrancar o dispositivo pelo que parece ser a milésima vez hoje, e novamente, sem sucesso.

Não sei qual a situação lá fora, porque a isolação acústica aqui dentro me impede, embora esteja pressionando o meu ouvido sobre o metal gelado.
Espero que ao abrir a porta não veja nenhum corpo caído no chão.

Mas talvez, seja isso que eu precise para despertar.

𝗘𝗟𝗘𝗖𝗧𝗥𝗜𝗖 𝗟𝗢𝗩𝗘 | 𝑃𝑒𝑡𝑒𝑟 𝑃𝑎𝑟𝑘𝑒𝑟 Onde histórias criam vida. Descubra agora