23-final decision

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Após voltarmos encharcados do lago a senhora Potter nos pediu para tomar banho e descer para a varanda logo após. Iriamos fazer uma fogueira.

Os garotos subiram animados.

Vesti o meu meu vestido azul e simples que quase fora usado na festa.
Sabia que a ocasião agora era bem diferente, já que os meninos estavam vestindo bermudas e regatas. Sirius decidiu nem se dar o trabalho de colocar a blusa. O clima naquela região nos permitiu aquela proeza.

Era dezembro, como o clima poderia estar tão agradável?

Bom, mas eu não ia reclamar.

Descemos assim que Sirius desistiu de tentar secar sua cabeleira com a toalha.

James pegou seu violão.

Ia ter música.

A senhora Potter colocava os marshmallows em uma forma de alumínio, enquanto Fleamont tirava algumas cervejas da geladeira.

-Seu pai te deixa beber ?
Remus sussurrou para James.

James deu uma gargalhada.

-Ei, pai.
James gritou com a mão erguida.

O senhor Potter jogou uma cerveja em sua mão.

-Pensem rápido.
Ele lançou uma cerveja a cada um de nós.

-Posso adotar seu pai?
Sirius disse quando nos afastamos para ir até a varanda.

-Acho que você já fez isso.

Nos sentamos no banco que rodeava as madeiras, onde iria ser a fogueira.

Os pais de James vieram logo depois.

James tocou algumas músicas enquanto os marshmallows eram assados no fogo.

Foi um momento relaxante.

Me peguei imaginando como Regulus se sentiria naquele lugar. Pelo visto na sua casa não tinha tantos momentos familiares e tranquilos.

O Senhor Potter acabou bebendo demais e Euphemia o levou para casa dando gargalhadas de suas pernas bambas.

-Ei!
Sírius ergueu um rádio do bolso e o pousou no banco.
Encontrou um canal onde tocava umas músicas instrumentais animadas.

Ele se levantou e puxou Remus. James fez o mesmo comigo.
Começamos a dançar muito desajeitados, mas sem dar tanta importância. Todos estavam horríveis de forma sincronizada.

Os pares trocaram, mas continuamos todos juntos dançando animados.

Acabei tropeçando no pé de Remus depois de um tempo e não fiz questão de levantar.

Os garotos desistiram de continuar dançando também, talvez por cansaço. Estávamos exaustos.

Sentamos nos troncos quebrados das árvores que caíam na areia, olhando o sol aparecer atrás da água de pequeno lago a nossa frente.

Sirius encostou sua cabeça no ombro de Remus e James apenas encarava o horizonte, como eu.

Foi um dia bom, com as pessoas que eu mais amava no mundo. Fiz tudo aquilo que alguns meses atrás faria com que eu me sentisse completa. Sentisse que nenhuma sensação no mundo iria superar aquela, mas agora era diferente.
Tinha uma sensação que superava.

A saudade.

Eu estava condenada a lidar com aquilo, com a falta, independente da minha escolha.

Sempre estaria um buraco ali, e no fundo eu sabia que sempre estaria magoando alguém.

Olhei ao meu lado. James, Sirius e Remus. Meus melhores amigos, e eu faria de tudo por eles, mas um deles não estava feliz com meus sentimentos.

Aquele que sempre me entendeu tão bem, me pediu para deixar alguém que eu amava.

E eu não poderia culpa-lo, foram as minhas mentiras, mas por que eu não conseguia sentir culpa pelo que fiz ?

Sentia culpa pelas mentiras, mas não pelo que tive com Regulus. Nunca pareceu errado amar, não quando eu estava com ele.

E foi aí que me dei conta. Eu o amava. Amava que chegava a arder a forma como eu o amava.

Me levantei do tronco e os três garotos me encararam, confusos com a mudança súbita de movimento.

-Vou embora.
Admiti.

-O que?
James foi o primeiro a questionar.

-Não vou mais mentir para vocês.

Olhei diretamente para Sirius.

-Sinto muito por tudo que escondi de você, e eu não farei mais isso. Eu o amo, Sírius. Amo ele de verdade.
Acho que ninguém no mundo amou alguém como eu o amo. E eu sinto tanto que isso te magoe, mas não sinto por ama-lo. Não por isso.
E eu não posso mais continuar te magoando, ou até mesmo magoando ele.
Não vou deixar que meus sentimentos atrapalhem isso que criamos, então vou deixar vocês. Vou deixar os marotos. É o sacrifício que faço. Vou deixar que lidem uns com os outros, sem meus problemas para atrapalhar.
Eu amo vocês.

Todos estavam surpresos demais para falar. James levantou do tronco quando me afastei, mas continuou em silêncio. A única coisa que eu escutava era o som do meu coração martelando dentro de mim.

Meus olhos já não prendiam as lágrimas presas nele.

Marauders; the band (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora