Apaixonada.

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– Estou apaixonada por outra pessoa.- as palavras saíram sem que eu pensasse, me arrependi na hora. Marcela amarrou o sobretudo e sentou no sofá com um olhar curioso.

– Você o que? - ela riu. Como se achasse impossível eu me interessar por outra mulher. Eu também achava.

– Estou apaixonada por outra pessoa, Marcela. Aconteceu.

– E você me diz isso agora? Depois de ter transado comigo?

– Desculpa. Eu...

– Quem é ela?

– Você não conhece. Conheci em um aplicativo.

– E vocês estão.... estão juntas?

– Não. A gente ainda nem ficou. E eu não quero mais perguntas. Só queria que você soubesse. Não quero te magoar.

Não consegui olhar nos olhos dela mais. Me sentia envergonhada por não ter dito nada antes, me sentia suja por tê-la usado para satisfazer meu desejo. Ela também não me olhou, pegou as coisas e saiu, mas antes jogou a garrafa inteira de vinho na parede na minha sala. Eu chorei, mais um vez chorei, ultimamente era só isso quando o assunto era ela. Lágrimas.

– Droga. Minha parede branca.

Peguei o celular e disquei o número de Marcela, queria saber se tinha chegado bem em casa. Mas não obtive nenhuma resposta. Era óbvio, ela estava me odiando e eu nem poderia culpá-la. Ninguém tinha culpa. Eu não procurei me apaixonar por Juliette.

O dia seguinte foi o dia mais estranho da minha vida. Eu não sabia como encarar Juliette, depois do nosso beijo. Fiz meu caminho até a escola, estava nervosa. Mil borboletas no estômago. Mas ela não estava lá. Primeiro dia desde que eu havia entrado na escola que ela não aparecia. Será que tinha algo errado? Comecei a criar mil teorias.

'Bom dia. Você está bem?'

Mandei e fiquei a aula inteira esperando uma resposta. Não tive. A aula acabou e fiquei por ali mesmo. A comida da escola era boa e se eu fosse pra casa acabaria comendo miojo ou outra bobagem qualquer. Mal consegui engolir, estava sentindo que algo estava errado. Tinha passado dos limites com Juliette e agora ela não iria mais querer me ver. Tirei um cochilo na sala de Marcela, era onde tinha mais privacidade. Ela estava me ignorando e talvez me odiando, mas essa não era minha preocupação no momento.

– Acorda, bicho preguiça.

Marcela tocou meu rosto e eu acordei.

– Desculpe, invadi sua sala.

– Você pode.

– Não está com raiva de mim? - perguntei fitando o chão e pegou meu queixo e me fez encará-la.

Ela me olhava com carinho, eu sabia que o que ela sentia por mim era verdadeiro.  Mas eu estava mudando, fui capaz de coisas que ninguém imagina para pode ficar com ela, agora não seria mais. A imagem de Juliette na minha cabeça me deixava sem coragem fazer qualquer outra coisa com ela, mesmo com tudo o que rolou no meu sofá na noite passada. O que eu estava sentimento por aquela menina era puro, diferente de qualquer coisa que tenha vindo antes dela.

– Vai me contar quem é ela ou eu ou ter que descobrir sozinha? - ela perguntou e eu gelei.

– Que pergunta é essa? - falei séria. Levantei e tentei sair, mas ela pegou meu pulso e me manteve perto dela.

– Olha o que você está fazendo com a gente, Sarah! Olha tudo o que rolou ontem na sua casa, pra no final você me dizer que está apaixonada por outra. - o olhar de carinho não estava mais ali.

Começar De Novo | Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora