Carla preparou o almoço para esperar Sarah, mas ela não apareceu. Esperou um tempo até ligar, não queria parecer invasiva. Ligou algumas vezes mas ninguém atendeu. Ela estava entendendo o que Sarah queria dizer, os erros de Carla formaram uma barreira no coração da loira, ou pelo menos era o que ela acreditava.
A ressaca não havia deixado Sarah levantar da cama naquela manhã, nem ao menos havia acordado ainda na hora do almoço. Gil preparou um café forte e levou até o quarto para a amiga.
– Oh amiga, você vai precisar disso.
– Minha cabeça doi tanto.
– Vou te dar um remédio. Mas você precisa comer. Por Deus, Sarah, você precisa parar de beber desse jeito.
– Minha vida tá uma confusão Gil...
– Me diz uma época em que não esteve?
– Era melhor pegar um tijolo e jogar logo na minha cara.
– Arthur me contou o que rolou. Você continua delirando com Juliette.
– Não foi delírio. Era ela.
– Tá bom. Tá certo. Agora levanta e vai pro banho.
– Meu Deus, Gil! Meu almoço com Carla. Ela vai me matar.
– No rabo dela! É bom você não ir até lá igual uma cadelinha mesmo. Deixa ela esperar. Deixa ela vir atrás.
– Esses seus conselhos...
– Estou há onze anos com a mesma pessoa. É um relacionamento aberto? É! Mas isso não diminui o nosso amor. E você já me viu derramar uma lágrima por causa dele?
– Não. Nunca. Pela primeira vez. Traz logo o tijolo vai....
O celular de Sarah tocava sem parar, mas o barulho do chuveiro a impedia de ouvir. Terminou o banho e ficou encarando o espelho por um tempo, precisava se reconectar consigo mesma, sentia-se tão perdida.
Colocou a mesma roupa que usou na noite anterior, não tinha roupas suas na casa de Gil e Arthur. Pegou seu carro e foi até em casa. Mais tarde buscaria Alice na casa de sua mãe, ou ficaria por lá novamente. A conversa com Carla seria decisiva.
– Você demorou.
– Ressaca.
– Para com isso, você vai acabar viciando.
– Vamos direto ao ponto, Carla. Eu quero saber o que você quer pra sua vida. Se você quer a sua família ou a vida de farra que vem levando.
– Não estou levando vida de farra nenhuma, é meu trabalho. Não tenho culpa de precisar viajar, você que poderia vir comigo ao invés de ficar presa aqui.
– Eu também tenho meu trabalho aqui, ou o que eu faço é menos importante?
– Claro que não Sarah. Eu não disse isso. Só queria passar mais tempo com você com a nossa filha. Semana que vem eu vou precisar viajar de novo.
– Que ótimo. E você me diz isso agora? Carla, a Alice nem fala de você, sabe o que é isso? Ela vai acabar esquecendo que tem outra mãe.
– Eu não tenho escolha. Ou é isso ou...
– Eu admiro muito o seu trabalho e tudo o que você faz, mas você coloca tudo na frente da sua família. Você larga a gente aqui com a maior facilidade, agora eu estou te pedindo para ficar e você não tem escolha, em relação ao trabalho não tem escolha.
– Sarah, amor. Eu estou vivendo a vida que eu sempre sonhei, mas sem você e sem a nossa filha nada disso faria sentido. Nada, entendeu? Eu te amo. Você só precisa entender minha profissão.
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Começar De Novo | Sariette
FanfictionOs caminhos da jovem professora de matemática, Sarah Andrade, 24 anos e a aluna 'problema', Juliette Freire, 18 anos, se cruzam quando a loira começa a trabalhar na escola onde Juliette estuda. Ambas só não esperavam que desse encontro surgiria um a...