A cama está ficando fria e você não está aqui.

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Sarah's POV

Eu não me reconhecia mais. Cada dia que foi passando a dor e a saudade dela só aumentavam. Ela foi embora, ela realmente foi embora e minha ficha estava começando a cair. Uma carta. Era isso que eu merecia? Só isso? Ela prometeu que eu não iria perdê-la. E não cumpriu.

Pensar em entrar naquela escola já me deixava com vontade de chorar. Todo dia algum aluno diferente questionando o que havia acontecido com Juliette. Ela tinha sumido dos grupos, das redes sociais. De tudo que fosse possível sumir.

Eu não aguentava mais aquilo.

– Se vocês derem mais um 'piu' sobre esse assunto, estarão todos em recuperação. Não quero ouvir mais o nome dessa menina e nem nada relacionado ao assunto. Conseguiram entender? Ela não está mais aqui. Ela não vai mais voltar!

Marcela estava parada na porta e tinha um olhar assustado. Eu nunca havia levantado a voz para falar com eles e agora estava fazendo isso.

– Professora, vou precisar de você um pouco.

– Desculpe. Eu não sei o que deu em mim. - comecei a chorar, minhas lágrimas secariam daqui a pouco.

– Rodolffo me contou o que aconteceu... Eu sinto muito. O padrasto dela está sendo procurado pela polícia.

– Cadê ela Marcela? Rodolffo sabe de alguma coisa? Ela está bem? Você sabe alguma coisa?

– Sarah... Calma. Ele só me disse isso.

– Como só isso? Marcela por favor. Olha pra mim, eu estou destruída. Eu preciso saber alguma notícia!

– Eu juro pra você que se eu soubesse já teria te contado.

– Onde Rodolffo está? Eu quero conversar com ele.

– Ele volta de viagem amanhã.

– Me manda o número dele.

– Certeza que quer ter essa conversa com Rodolffo?

– É a minha vida, Marcela. Eu sinto falta dela todos os dias. Preciso pelo menos saber se tudo está bem.

– Tudo bem... Tudo bem... vai pra casa agora. Você não está bem para ficar aqui hoje.

Não pensei duas vezes, peguei minhas coisas e fui embora. Gil estava sendo minha companhia a noite, ele não queria me deixar sozinha de jeito nenhum e uma parte de mim agradecia, ficava distraída com os assuntos dele e esquecia um pouco da minha dor. Mas a saudade sempre voltava, ela aparecia nos meus sonhos o tempo todo. E eu acordava pela manhã cheia de frustração.

– Ela me mandou o número. Será que eu ligo ou espero até amanhã?

– Amiga são quase uma hora da manhã, melhor esperar.

– Nossa, nem vi a hora passar. Vou mandar mensagem, amanhã ele responde.

– O que você vai dizer? 'Rodolffo eu estava tendo um caso com a sua filha e agora ela sumiu e me deixou. É isso?'

– Não. Não vou falar sobre a gente. Só vou perguntar sobre ela, ela não era uma estranha pra mim, Gil. Mas se ele quiser saber eu falo, não devo nada pra ninguém.

– Você quem sabe. Se perder o emprego não reclama.

– Ela é maior de idade, não tem motivo para isso. Só se ele for homofóbico, mas aí já aproveito pra jogar na cara as vezes que transei com a mulher dele.

– Ai, a cachorrada. Eu vou com você se quiser.

– Não precisa meu amor.

Mandei a mensagem e para minha surpresa ele respondeu na hora, combinamos de almoçar juntos. Eu estava ansiosa, precisava saber notícias de Juliette, saber se ela estava bem, tentar falar com ela.

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