Aquela manhã foi cheia, muita coisa nova, e a turma parecia empolgada. Era hora do intervalo e eu estava esperando alguns alunos terminarem de copiar, pra poder apagar.– Vou tirar foto da matéria, prof.
A loira baixinha que sentava ao fundo falou e eu assenti, era melhor isso do que nada afinal.
– Terminou, Juliette?
Ela parecia concentrada, mas pude perceber que não havia nada escrito no caderno dela.
– Não. Acho que você vai ter que ficar comigo aqui, o intervalo inteiro.
– Tudo bem, são só quinze minutos. - forcei um sorriso e voltei a sentar. Peguei meu celular e pedi pra Marcela me levar um café. – Mas você não vai sair daqui quando o sinal bater, se não tiver copiado tudo.
– Vai me amarrar, é?
– Se for preciso sim. E você nem vai reclamar. - aquela frase teve um duplo sentido que eu não queria, mas quando olhei de volta pra ela, lá estava o sorriso sínico naqueles lábios maravilhosos novamente.
– Se você diz. - ela colocou os óculos e começou a copiar. Me perdi olhando pra ela e só voltei a mim, quando senti uma mão no meu ombro.
– Aqui, seu café. Ela está dando trabalho? - a loira falou só pra que eu pudesse ouvir. Neguei com a cabeça.
– Eu lido com isso, tá tudo bem.
– Você é privilegiada, professora. O capeta até te traz café pessoalmente. Outro patamar. Terminei. - ela saiu sem ao menos ouvir o que Marcela ou eu tínhamos pra falar. E ela esbravejou.
– Tá vendo? Olha como ela me trata, e você ainda quer que eu tenha educação com essa imbecil.
– Ei, calma. Daqui a pouco chega alguém e você tá assim, toda alterada. Obrigada pelo café, diretora.
– Sabe que eu gosto quando me chama assim, né?
– Sei, por isso eu chamo. - pisquei o olho pra ela e sorri.
– Você é minha perdição. - ela disse, indo em direção a porta e eu sorri outra vez.
Levantei e andei um pouco pelos corredores. Cheios de adolescentes com os hormônios a flor da pele, alguns riam, alguns falavam alto, outros faziam um tipo de dança, provavelmente pra algum aplicativo. E em outro canto estava Juliette, perdida no seu mundo, com o fone de ouvido no último volume e os olhos fechados. A expressão no rosto dela era serena. Parei de andar e fiquei a observando. E como se ela imaginasse que eu estava ali, abriu os olhos e me encarou. Tentei desviar o olhar mas foi em vão, então continuei meu caminho, até encontrar um banco pra sentar. Os alunos passavam e me cumprimentavam, alguns paravam pra conversar. A morena de cabelos compridos, que naquele dia tinha os cabelos presos em um coque alto, com alguns fios soltos dos lados, começou a se aproximar. Ela vestia a blusa do uniforme presa em um nó pouco acima do umbigo, deixando parte da barriga totalmente exposta, de uma maneira que eu não conseguia desviar direito o olhar.
Usava uma calça jeans meio larga e tênis brancos. Sentou do meu lado, largando o celular em cima do banco, quase encostando a mão na minha. Se aproximou um pouco mais e eu congelei. Não sabia como iniciar uma conversa, mas a conhecendo como já conhecia, sabia que ela puxaria assunto.
– Por que a matemática?
– Oi?
– Por que você escolheu a matemática?
– Gosto de cálculos. Gosto de resolver eles e gosto de ensinar as pessoas a resolver também.
– Corajosa você. Mais um item pra sua lista de qualidades... Sarah.
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Começar De Novo | Sariette
Fiksi PenggemarOs caminhos da jovem professora de matemática, Sarah Andrade, 24 anos e a aluna 'problema', Juliette Freire, 18 anos, se cruzam quando a loira começa a trabalhar na escola onde Juliette estuda. Ambas só não esperavam que desse encontro surgiria um a...