Juliette parou de correr um pouco antes da esquina de sua casa, continuava chorando, não conseguia encarar Sarah de longe, o que faria quando estivesse em frente a ela? Estava colocando tudo em dúvida agora. Ela tinha muitas perguntas e também tinha medo das respostas que teria. Sabia que a mesma coisa acontecia com a loira, ela tinha ido embora e deixado muitas questões pra trás.
Ela deixou uma promessa sem cumprir fez parecer que tudo tinha sido uma grande ilusão, mas não foi, o que ela sentia por Sarah na época que foi embora, era o sentimento mais verdadeiro e puro que havia conhecido até o momento. Mas como ela explicaria? Como explicaria sua volta assim do nada? Sarah podia pegar aquilo como uma afronta, como se Juliette achasse que poderia simplesmente entrar assim na sua vida outra vez.
– Eu acho que vou desistir do emprego.
– O que? Por que?
– Tenho medo de como Sarah vai reagir ao me ver.
– Juliette... você não vai saber se não for até lá. O pior que pode acontecer é você não ser contratada.
– Não é sobre isso, pai. Eu não tô preocupada com o emprego, não entendeu ainda?
– Ela não é a mesma de antes, assim como você também não é. As duas tem traumas diferentes, vivências diferentes. Sua vida mudou da água pro vinho no ano passado. Nossa vida mudou.
– Eu sei. Eu só tenho esperanças de que tudo vai ficar bem entre a gente. Será que isso é ruim?
– Sim. É ruim. Você está criando expectativas. Se algo não sair como você espera, vai se frustrar.
– Não quero ser uma escrota, invasiva... Quero respeitar os limites dela, ela tem um filho, deve ser casada. Você deve saber...
– Eu não gosto de comentar sobre a vida dos outros.... Descubra. Vá na entrevista e deixa rolar.
– Por isso prefiro a minha mãe, ela não deixa escapar nada.
Juliette riu e subiu as escadas em direção ao quarto. Abriu a gaveta de sua mesinha de cabeceira e pegou um álbum de fotos. Seu coração doeu quando passou por algumas fotos, algumas lembranças machucavam demais, mas era algo que ela nunca seria capaz de esquecer. Resolveu pegar o celular e discar o tão conhecido número na sua agenda.
'Oi aqui é a Marina, deixe seu recado. Se for a minha esposa, um beijo, se for outra pessoa, um abraço.'
A risada da mulher preencheu o quarto e Juliette apertou o celular contra seu peito na tentativa de guardar aquele momento dentro de si. Toda noite antes de dormir ela ouvia a mesma mensagem. Toda noite antes de dormir ela pedia aos céus para lhe tirar aquela dor. Ela resolveu mudar os planos, e discou o número de Sarah, mas ninguém atendeu e nem tinha mensagem na caixa postal.
20 de Fevereiro
O dia de Juliette teve início às seis da manhã, a ansiedade tomava conta de cada poro de seu corpo. Pulou da cama e foi direto para o banho, tentou relaxar o máximo possível para não parecer uma principiante na entrevista. Ela tinha bastante experiência na área, assim como dizia no seu currículo, mas estava com medo de congelar na hora.
– Bom dia, pai.
– Nossa! Quem é você? Está linda.
– Obrigada. Estou nervosa.
– Quer carona?
– Não. Eu vou agora, assim tenho mais tempo para me preparar.
– Toma um café antes. - Juliette pegou a xícara e saiu bebendo, não estava conseguindo engolir nada tamanha era a dor na boca de seu estômago. Estava muito nervosa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Começar De Novo | Sariette
FanfictionOs caminhos da jovem professora de matemática, Sarah Andrade, 24 anos e a aluna 'problema', Juliette Freire, 18 anos, se cruzam quando a loira começa a trabalhar na escola onde Juliette estuda. Ambas só não esperavam que desse encontro surgiria um a...