Agora é tarde?

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Juliette prensou Sarah mais forte na porta e a loira soltou um gemido involuntário, pensou em cortar aquele contato mas não conseguia... não queria. Por ela, não precisaria entrevistar mais ninguém, Juliette já estava contratada. Mas não podia ser assim, ela precisava voltar a raciocinar, a pensar com a cabeça fria e não com o coração quente. Juliette levou uma mão até o rosto de Sarah, e ela fechou os olhos, esperando um contato mais íntimo, mas foram interrompidas por batidas na porta.

Sarah abriu os olhos e voltou a si, sentindo-se frustrada e culpada por ter desejado tanto o beijo daquela mulher. A porta abriu e Marcela pode sentir o clima que estava naquela sala, era palpável o desconforto.

– A próxima entrevista está atrasada. Terminaram?

– Sim. A senhorita Freire já estava de saída.

– Vou aguardar sua ligação, senhorita Andrade.

Juliette se despediu das duas e seguiu seu caminho até o estacionamento, suas pernas estavam trêmulas e seu coração acelerado, ela queria voltar lá e realizar tudo o que pensou minutos atrás enquanto tinha Sarah presa contra seu corpo. Mas o olhar da loira ainda parecia distante, era como se Juliette tivesse se tornado uma estranha. Elas teriam que se conhecer outra vez, teriam que aprender tudo uma da outra como antes, Sarah conhecia Juliette só pelo olhar, elas se comunicavam desse jeito e agora o silêncio era devastador.

As próximas candidatas entraram na sala e Sarah nem deu ouvidos ao que elas tinham para falar, não conseguia focar seus pensamentos em outra coisa que não fosse Juliette. Ela estava tensa, agoniada, um nó havia se formado em sua garganta e ela só queria que aquele dia acabasse logo. Pegou o documento de Juliette e ficou analisando, ela era realmente a mais qualificada entre as candidatas. Mas Sarah tinha suas dúvidas, não sabia se era realmente seguro para sua sanidade ter a morena ali tão perto, todos os dias.

Ela ainda tinha traumas relacionados a Juliette e a relação com Carla era a prova real disso, ela aceitava traições e mentiras só para não correr o risco de perder a esposa. Teria que conversar bastante com Marcela até chegarem numa conclusão. Mas pelo que ela tinha analisado dos outros currículos, o de Juliette era realmente o melhor, era o único que chegava perto de Kerline. E era isso que elas precisavam.

– Sarah, a gente não precisa contratar ela. Ainda temos uma semana até voltar as aulas, podemos fazer mais entrevistas. Mas eu acho que seria divertido tê-la aqui.

– Divertido? Virou um circo e eu não sabia? - Sarah falou ríspida.

– Ai, doce como um limão. Ela não é uma pessoa ruim, você sabe. Quem sabe você não descobre as razões para ela não ter voltado mais, ou não ter voltado antes. Pense nas coisas.

– Pensar no que? Já sei, você vai vir com aquele papo de destino e blá blá blá.

– Destino sim! Ou você acha que teria seus filhos se ela tivesse ficado?

– Teria sim. Com ela. Viu? Esse papo com cola comigo. Mas por mim tudo bem, vamos ligar e dizer pra ela trazer os documentos e acertarmos a contratação.

– Okay. Deixa comigo.

– Não! Deixa que eu ligo.

Sarah anotou o número de Juliette em seu celular, ligaria mais tarde do telefone da escola. Era hora do almoço e Sarah foi até um restaurante para comprar comida para ela e Marcela, ficariam o dia todo na escola, os acertos finais para o início de mais um ano letivo. Juliette ainda estava lá, parada em frente ao portão da escola, dentro de seu carro. Estava imersa em sentimentos, muitas borboletas no estômago e uma vontade imensa de voltar no tempo e nunca ter ido embora, não ter pedido a chance de ver Sarah crescendo e se tornando aquela mulher forte e decidida. Ela continuava linda quando ficava brava e Juliette guardou cada detalhe e cada expressão do rosto da loira.

Começar De Novo | Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora