Quero te ver outra vez.

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NOVA YORK, EUA

A neve tomava conta das ruas e também do coração de Juliette. Ela tomou a decisão de voltar ao Brasil naquele inverno que castigava a cidade de Nova York. Juliette tinha uma vida estável nos Estados Unidos, mas não lhe cabia mais ficar lá. Algumas coisas não muito boas aconteceram com ela e fizeram ela querer voltar. Não queria mais ficar longe de seu pai, ele estava com ela desde o meio do outro ano. Sua mãe tinha voltado para o Rio, cinco anos antes. Ela nunca se mostrou contente em morar tão longe. Nunca voltou para visitá-la mas elas mantinham contato sempre.

– E se eu mudasse pra Los Angeles, pai? Lá não faz tanto frio.

– Você sabe que o que você está sentindo aí não é falta do calor. Você não vai ficar aqui sozinha.

– Eu não sou mais criança.

– Não. Não é. Mas eu cuidei de você por seis meses como se fosse, então você vai me ouvir sim. Aqui você não fica.

– É difícil. As vezes parece que eu não vou aguentar. Dói tanto.

– O tempo vai amenizar, eu prometo. - ele a abraçou e lhe deu um beijo na testa.

Juliette sentia falta de algumas pessoas no Brasil, de alguns amigos, apesar de saber que a situação política não era nada boa, e talvez demorasse a conseguir um emprego novo, mesmo sendo formada. As oportunidades fora do país tinham sido melhores para ela. Terminou o ensino médio e logo ingressou na faculdade. Ela já tinha duas no currículo e uma grande lista de empresas onde havia trabalhado e era muito bem recomendada.

No saguão do aeroporto Juliette checava alguns e-mails que havia enviado semanas antes. Desde que colocou a ideia de voltar ao Brasil na cabeça, ela já estava tratando de procurar emprego. Moraria com Rodolffo de início, mas logo queria ter um lugar só seu. Não estava acostumada a ficar sozinha, mas acostumaria se fosse preciso.

– Olha pai, vou mandar currículo pra escola da Marcela.

– Mande. Elas comandam melhor do que eu fiz.

– Elas?

– Ela e Sarah.

Um frio correu pela espinha de Juliette ao ouvir o nome da loira. Seria a mesma Sarah que ela pensava? A que era tão discreta nas redes sociais que Juliette não conseguia saber notícia nenhuma. Era primeira vez que ouvia falar dela em dez anos. Ela lembrava com clareza do ano em que ligou e desejou feliz ano novo, mas Sarah não disse nada. E depois ignorou sua nova tentativa de contato. Juliette não a julgou, sabia que devia ter sido difícil para ela entender seu sumiço.

Nunca mais procurou o amor de sua vida, talvez ela tivesse virado o amor da vida de outra pessoa. E teve mais certeza disso quando, salvou o antigo número de Sarah e na sua foto de perfil, estava ela com uma criança, um menino, com cabelos loiros e olhos castanhos. Naquele dia Juliette resolveu dar uma chance a outro amor, que batia na sua porta também.

– Sarah? A professora?

– Sim. Agora ela é diretora. Não leciona mais, só quando falta algum professor.

– Nossa...- Juliette ficou pensativa. Queria muito encontrar Sarah novamente, só achou que seria mais complicado. Um frio na barriga tomou conta quando ela percebeu que estava voltando e poderia ficar perto da loira outra vez.

Pensou mais uma vez e resolveu mandar o currículo para o e-mail da escola. Se fosse pra ser, ela estava pronta. Se não fosse, daria um jeito. Recebeu o maior apoio de Rodolffo, que deixou passar o detalhe de que Sarah e Marcela haviam sido casadas e tinham um filho. Mas ela ainda muita coisa para descobrir.

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