Boa leitura. ❤️
A casa estava um caos e precisava ser arrumada antes das crianças voltarem, eu e Sarah começamos pela cozinha e em menos de uma hora já tínhamos terminado tudo. Ela parecia feliz e empolgada e eu não estava diferente, era como se tivesse novamente um motivo pra levantar da cama todos os dias.
Minhas roupas estavam todas em casa então precisei vestir as roupas de Sarah, não reclamei por que ela tinha um bom gosto muito grande. Tomei um banho mais demorado que o normal, precisava tirar um pouco do nervosismo, mesmo sabendo que nem toda a água do mundo acabaria com ele. Ouvi a campainha, eles haviam chegado. Terminei o banho e desci até lá.
– Essa aqui é a Juliette. Ju é a namorada da mamãe e vocês vão se ver com bastante frequência agora. Tudo bem? - ela encarou o menino parado ao lado do sofá, e a pequena que estava em seu colo. Ele assentiu com a cabeça, me olhando e sorrindo com sinceridade.
– Seja bem vinda, Ju. Você é muito bonita. - me abraçou e eu retribui. Olhei para Sarah, que tinha os olhos marejados.
– Você também é muito lindo! Espero que sejamos amigos. - falei dando um beijo no topo de sua cabeça.
– E eu? Também quero abraço. - a menina se soltou dos braços de Sarah e veio correndo me abraçar.
Sarah se juntou a nós e eu me senti preenchida naquele momento. Podia ser cedo demais pra tal sentimento, mas era tudo o que eu conseguia sentir. A forma como eles me acolheram, era como ter uma família novamente. Não queria que acabasse nunca.
O almoço foi tranquilo, Alice nem parecia ter apenas três anos, independente demais, me lembrava muito Sarah no modo de falar alto e rápido e em tantas outras coisas, eu estava apaixonada por aquela criança. E Pedro era tranquilo, inteligente e muito educado também, tinha alguns trejeitos de Marcela, o sorriso, os grandes olhos castanhos e curiosos. Ele parecia bem disposto a me conhecer e saber de minhas intenções com a mãe, e aquilo me deixou feliz, estava sendo aceita.
– Agora é hora de vocês escovarem os dentes pra gente sair. Vamos. - a casa foi preenchida pelo barulhos dos pés que corriam em direção ao banheiro.
– Vou trocar a roupa da Alice, se você quiser se trocar fica a vontade, amor. Pode pegar qualquer coisa. - ela disse me dando um beijo no rosto.
– Acho que vou assim mesmo. Me sinto confortável.
– Tudo bem, você está linda. Mas quando não está, né? Parece até uma obra de arte ambulante! - ela sorriu sabendo que me deixaria encabulada e me abraçou.
– Você que é uma obra de arte ambulante. Tenho sorte que seja minha.
– Pra sempre sua.
Fomos ao parque e por incrível que pareça me diverti mais que as crianças. Brincamos de pique-esconde e pega pega, andamos de balança e tantos outros brinquedos, fazia tempo que eu não me sentia tão feliz. Sarah comprou um algodão doce e me deu e por alguns segundos voltei a minha infância, era tudo tão simples. Acordar, assistir desenho e brincar, nenhuma tristeza, nenhum sofrimento, nenhum medo, além do medo do escuro que sempre me acompanhou.
Quando meu pai foi embora de casa, depois do divórcio, minha mãe e eu nos vimos um pouco perdidas. Ela era muito nova quando eu nasci, meio que crescemos juntas. Nunca culpei meu pai por nada, ele sempre esteve lá por mim, apesar das nossas brigas, as vezes eu nem precisava falar, ele sabia o que eu estava sentindo e isso nunca mudou. E era assim que eu sonhava em ser para meus filhos, um porto seguro.
– Você está pensativa... Tudo bem, Ju?
– Tudo bem sim. Só estou feliz.
– Eu tô muito, muito, muito, muito feliz. - ela me abraçou por trás e deu um beijo no meu pescoço. Algumas pessoas nos olhavam com curiosidade, outras com repreensão, mas aquilo não me incomodava. Sempre haveria alguém olhando com ódio para o nosso amor.
Sarah me soltou e foi ajudar Alice a descer no escorregador, pela primeira vez a vi com medo e o olhar dela mudou totalmente quando Sarah se aproximou, e então criou coragem e desceu se jogando nos braços da mãe. O sorriso no rosto das duas era igual.
– Vem com a gente Ju.. Vem brincar. - a menininha fez sinal com a mão me chamando, meu coração derreteu com a cena e eu fui correndo.
Desci algumas vezes com ela no meu colo e me arrependi de ter inventado aquilo, ela não quis mais descer sozinha. Sarah me olhava e gargalhava, como quem diz 'bem feito'.
– A Ju vai cansar desse jeito, filha. Deixa ela descansar agora. Tá bom? - Sarah falou com paciência.
– Tá bom mamãe, mas depois você vem de novo Ju? Por favorzinho?
– Claro que sim minha linda, nem precisa pedir de novo.
– Olha você, toda rendida.
– Como não me render pra essa galeguinha? Ainda mais com esse sorriso igual o da mãe dela, não dá.
Meu telefone tocou, o nome do meu pai brilhava na tela, eu estava a dois dias fora de casa, mesmo sendo adulta deveria ao menos ter avisado, mas esqueci totalmente, fiquei imersa no sonho que estava vivendo com Sarah que esqueci o resto do mundo.– Alô? Pai?
– Juliette! Onde se meteu? Você não pode sumir desse jeito.
– Desculpa, eu.. Estou com a Sarah. Mais tarde te conto tudo, okay? Beijos.
Desliguei antes que ele pudesse falar qualquer coisa e voltei a me divertir com eles. Sabia que meu pai não iria impedir minha felicidade com Sarah, mas também sabia que ele se preocupava. No fundo, eu também tinha uma preocupação. As coisas estavam indo rápido demais, tanto para mim, quanto para ela. Por mais que a gente conhecesse uma a outra, não era mais como antes.
O dia acabou e chegamos em casa todos cansados demais. Sarah levou as crianças direto para o banho enquanto eu arrumava minhas coisas.
– Você vai embora? - Sarah perguntou enquanto pegava toalhas de banho.
– Vou... meu pai ligou, quero conversar com ele.
– Tudo bem. Acho que você deve mesmo conversar com ele.
Esperei eles sairem do banho e nos despedimos. Eu ficaria ali outra noite, nunca era demais estar na companhia de Sarah. Mas meu pai devia estar cuspindo mesmo sabendo que não poderia interferir na minha vida.
– Precisamos conversar, não acha? - ele tinha o semblante sério, mas nada que me deixasse intimidada.
– Sobre o que? O quanto estou feliz?
– Eu sei que você está feliz. Seu olhar já mudou. Mas fico preocupado. Não estão pulando etapas importantes?
– Pai, ficamos anos longe uma da outra, pra que etapas agora?
– Vocês precisam se conhecer.
– Eu já sei tudo o que você vai falar, não precisa ok?
– Ok... Andei pesquisando alguns apartamentos pra você. - ele disse me entregando um papel.
– Hum. Quer me expulsar, é? - eu sorri e ele negou com a cabeça.
– Claro que não. Só acho importante você ter sua privacidade.
– Concordo com você. Talvez eu vá morar com a Sarah. - subi as escadas correndo antes que ele pudesse dizer algo.
Não era essa a realidade ainda, eu pretendia respeitar essa 'etapa', mas não perderia a chance de tirar uma com a cara de meu pai. Tomei um banho demorado, ainda processando tudo o que havia acontecido no fim de semana. Sentia meu coração palpitar cada vez que lembrava do toque de Sarah, dos beijos... Mal podia esperar parar ter tudo aquilo outra vez.
Como estão? ❤️
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Começar De Novo | Sariette
FanfictionOs caminhos da jovem professora de matemática, Sarah Andrade, 24 anos e a aluna 'problema', Juliette Freire, 18 anos, se cruzam quando a loira começa a trabalhar na escola onde Juliette estuda. Ambas só não esperavam que desse encontro surgiria um a...