Capítulo 5

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*Cecília Mitchell*

-Sim, neném... Sou eu. –Falou com um sorriso.

-Luca, vá para seu quarto. –Falei.

Meu filho subiu as escadas correndo.

-O que está fazendo aqui? Como me encontrou?

-Eu estou aqui para ficar com você... Por que não me deixa entrar e nós conversamos melhor? –Perguntou.

-Não temos nada para conversar, Lorenzo. Vá embora.

-Claro que temos o que conversar, Cecília. Nós temos um filho juntos, um filho que eu nem tive a chance de ver crescer. –Falou irritado. –Eu senti sua falta todos os dias nesses quatro anos. Quero participar da vida do nosso filho, e também da sua.

Eu sentia como se meu coração fosse sair pela boca a qualquer momento. Quem ele pensa que é para falar que quer participar da minha vida também? Eu entendo que Luca também é filho dele e que ele quer participar da sua vida. Mas da minha?

-Eu pensei ter deixado claro que não queria o perigo da sua vida perto de mim e do meu filho. A segurança e a felicidade do Luca são as coisas mais importantes para mim. Não vou deixar você chegar perto do meu filho e expor-lo á sua vida com mortes, armas e traficantes e sabe sei lá mais o que. –Falei em um tom baixo e irritado.

-Eu deixei essa vida para trás, neném. Não vou expor vocês dois ao perigo, eu prometo. Não trabalho mais na máfia. –Falou baixo. –Prefiro morrer do que ver vocês sofrendo. Eu amo você, e assim que vi Luca passei a amá-lo também.

Nesse momento meu cérebro deu um pane¹. Depois de 4 anos ele ainda me ama? Eu podia ver que ele não estava mentindo. Seus olhos mostravam a mais pura verdade.

-Mas eu não te amo mais, Lorenzo. –Falei com pesar².

Ele me olhou com uma expressão triste e dolorida. Podia ver seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas.

-Cecí, me da uma chance de pelo menos conversar direito com você, por favor. –Implorou.

-Está bem. Mas não agora. E não com meu filho podendo escutar.

-Claro. Eu entendo. –Disse com um pequeno sorriso.

-Hoje à noite, quando Luca for dormir eu te chamo. –Falei com um nó na garganta.

Eu realmente não queria a volta de Lorenzo. Não tenho raiva dele, mas a mágoa ficou presa no meu coração.

-Te passo meu número para você me ligar.

Eu entreguei meu celular desbloqueado para ele, que imediatamente anotou seu telefone.

-Agora acho melhor você ir embora. –Falei séria.

-Como quiser. –Disse baixinho. –Te vejo de noite, neném. Amo você, não se esqueça disso.

Fechei a porta e me encostei nela.

Não acredito que isso está acontecendo. Não sei nem o que pensar.

-Mãe, aquele moço é seu amigo? –Perguntou meu filho descendo as escadas. –Ele disse que era.

-Sim meu amor. Ele é meu amigo... –Falei sentindo minha garganta raspar.

Ele não era meu amigo. Passava bem longe disso. Mas não queria falar disso com Luca.

-Se é seu amigo, é o meu também. –Disse sorrindo.

Eu abri um sorriso sem graça de volta.

*Lorenzo Pellegrini*

Ela não me ama mais.

MERDA!

Sinto meu coração despedaçado no peito. Lágrimas caem dos meus olhos enquanto dirijo de volta para a Park Avenue. Meu novo lar.

Deus. Não.

Aquilo nunca vai ser um lar se eu não tiver Cecí e Luca comigo.

Luca... Eu tenho um filho.

Sorrio diante das lágrimas.

Tenho um filho e ele se parece comigo. Eu sou pai porra! Não pra valer ainda, pois Luca não sabe de nada. Ainda.

Quero ter Cecília de volta. Mas do jeito certo.

Vou reconquistá-la, fazer tudo o que eu deveria ter feito desde o começo. Vou mostrar que mudei, que não vou levar nenhum tipo de perigo para a vida deles. Vou fazê-la se apaixonar por mim novamente. Ela tem que me amar como eu a amo. Somos almas gêmeas... Bem piegas³ falar isso, mas é a verdade, eu sinto que é.

***

Chego no apartamento e ligo para Filippo.

-E aí? Como foi? –Perguntou assim que atendeu.

Soltei um suspiro.

-Ela disse que não me ama mais.

Meu amigo ficou em silêncio por alguns segundos.

-Que merda cara. E o que você vai fazer? Você não pode desistir tão fácil.

-Não posso e nem vou desistir. Quero reconquistá-la, vou fazer isso do jeito certo dessa vez. Respeitando o tempo dela. Eu mudei Filippo, não sou mais aquele cara de antes.

-Isso não é mesmo, parece até um maricas4 sem a Cecília. –Falou rindo.

-Filippo. Vai tomar no cu, vai. Me faça esse favor. –Falei revirando os olhos, mesmo sabendo que ele não iria ver.

-Tá bom queridão. Não está mais aqui quem falou. –Continuou rindo. –Mas me fala, conseguiu resolver as coisas para comprar as ações na empresa que você queria?

-Ainda não. Meu advogado está trabalhando nisso. A quantidade de ações que quero comprar é alta, então ele tem contratos para ler e negociar.

-Entendo. Caralho, nunca pensei em ver você como um empresário mauricinho. O mundo dá as suas voltas, né Lolo?

-Se me chamar de Lolo mais uma vez vou fazer você engolir sua língua, seu filho da puta. –Falei rindo.

Ele riu.

-Tenho que desligar, seu irmão está precisando de mim.

-Pode falar a verdade... Ser meu consigliere era muito melhor né? Posso até ouvir as saudades na sua voz.

Gargalhei.

-Eu dei é graças a Deus quando você foi embora. –Gargalhou e desligou na minha cara.

Fui fazer algo para comer, enquanto pensava como iria ter Cecí de volta...


Vocabulário:

¹Pane- Interrupção acidental de funcionamento.

²Pesar- Sentimento de tristeza, comiseração, pena.

³Piegas- Sentimentalismo exagerado.

4 Maricas- Nesse sentido significa que ou aquele que é dado a ter medo, que facilmente se acovarda; medroso, covarde, poltrão.

Volte Para Mim. (New Beginnings - Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora