Dias depois
Yngrid
Tô quase terminando o supletivo, nota alta, melhor aluna da minha turma.
Tenho um motivo bem válido pra não fazer merda e perder essa oportunidade que papai do céu me deu né !?
Matando um leão por dia e tendo só um incentivo, Allanzinho vale por mil!
Hoje foi foda, fiz várias coisas em casa, trabalhei horrores no salão, fui na aula e agora tô indo conhecer a filha do Maurício. Marquei aqui na favela mesmo, tô só o pó e quero ficar perto de casa.
Passei em casa pra me arrumar, dei um cheiro na minha cria e vim pra rua. Te falar ? Tô bem nervosa, nunca passei por isso cara...
Vivi me falou que ela é de boa, que é simpática e tudo mais. Só que quando é a mulher do teu pai a parada fica estreita.
Cheguei no restaurante e fui andando devagar pra mesa só pra ganhar tempo, queria ver a situação.
Yngrid - Boa noite! _ falei e eles responderam.
MK - Essa é a Thaís, minha cria!
Yngrid - Oi Thaís, prazer, Yngrid!
Thaís - Oi, tudo bem contigo ? _ me abraçou e em seguida deu beijos na minha bochecha.
Yngrid - Tudo sim, tá gostando da favela ?
Thaís - Primeira vez que tô saindo desde que vim pra cá, regime fechado pô! _ mexeu com o pai e eu ri.
Yngrid - Sem direito a janelinha ? _ gastei a onda.
Thaís - Nesses pique! _ falou e nós rimos.
Conversamos muito, ainda mais depois que eu mostrei umas fotos do meu bebê, Thaís ficou encantada com o Allan.
Ela pegou até meu número, disse que quer conhecer meu filho e que gostou de mim.
Fiquei feliz da gente ter se dado bem, quando a família do cara gosta de tu as coisas ficam mais fáceis.
Jantamos horrores, demos prejuízo pro Maurício, eê. Vim pra casa de barriguinha cheia, mas o chá que eu queria tá tomando hoje tá cuidando da filha.
Thaís
Quando meu pai foi preso eu era pequena, imagina uma criança de nove anos tentando entender que a partir daquele momento ela não ia ver mais o pai por um tempão ?
Foi foda, perguntava por ele todo dia. Minha mãe até ficou de "boa" no começo, ia visitar e tal, sempre deixa eu falar com o meu pai quando a saudade apertava.
Mas depois dona Paula começou a avacalhar, como sempre. Pegava o dinheiro que meu pai "mandava" e ia pra farra com as "amigas", já cheguei a passar o mês só comendo arroz e mentindo pra minha avó.
Era falar que tava tudo bem, que eu tinha todo o conforto, que comia do bom e do melhor ou tomar uma surra. Qual que tu acha que eu escolhi ?
Mas a minha velha não é otária, Dorinha é rata pô, desconfiou e deu uma incerta no lugar que eu morava antigamente.
Pô, minha mãe com um cara no quarto e eu na sala vendo desenho, escutando a porra toda e me fazendo. Minha avó pegou no flagra e aí não teve jeito, Paulinha se resolveu com o meu tio Biguí.
Isso chegou pro seu Maurício lá dentro de Bangu e ele resolveu que minha avó ia ficar comigo, fui morar em Santa Cruz com ela.
Um tempo depois meu tio Biguí foi preso e a gente teve que conviver sem os dois, foram anos só tendo a minha avó como referência.
Alexandre saiu e o meu pai continuou lá dentro, um inferno, muito ruim de aturar. Todo dia sonhando com a liberdade dele, vivendo só nessa função.
E ele saiu, demorou um mês até a gente se encontrar e valeu a pena cada dia esperando, cada choro, simplesmente tudo.
Maurício nunca mais vai ser o mesmo, mas eu ainda tenho o meu pai comigo, vivo, muito bem por sinal.
Gostei da Yngrid, acho que ela veio pra tirar toda aquela podridão que a Paula deixou no coração dele. Tava com medo dela ser uma mulher no nível daquela visitava meu pai, tinha horror a Renata, odiava ela.
Me surpreendi bastante, me ganhou quando mostrou as fotos do filho, eu amo criança e ele é muito fofo, pretinho mais lindo que eu já vi.
Ela também é uma preta linda, cabelão cacheado, corpo todo desenhado, o número de Mauricinho.
Quero muito que eles dois fiquem juntos, meu pai merece uma mulher direita, que não esteja com ele pra luxar!
______________________
05/06/2021
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aventura Proibida - Finalizado
Historia Corta"Já fiz muitas escolhas erradas e andei muito na contramão, mas cada queda me ensinou a olhar pra frente. A gente não pode viver a vida olhando para o que passou". Clarissa Corrêa