Capítulo 2 - Uma profunda ameaça

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O general de maior patente do exército americano, George Nelson, abriu a porta e entrou na grande sala às pressas. Acabara de receber uma ligação do secretário-geral da Organização das Nações Unidas e precisava dos conselhos do tenente-general Erik Morgan, seu fiel amigo e maior estrategista de guerra que já conhecera.

— Tenente-general Morgan, temos uma missão extraordinária e precisamos juntar a maior força-tarefa que conseguirmos, prioridade máxima. Recebemos um relatório da ONU sobre explosões eletromagnéticas no Oceano Pacífico. Parece ser algo maior do que jamais vimos, salvo por um caso há cinco anos, que até hoje não foi entendido pelos cientistas.

— Com licença, senhores — articulou o capitão Leonard abrindo a porta. — Acabamos de receber o local exato da explosão. Foi em uma depressão chamada Fossa das Marianas, ao extremo Sul das Ilhas Marianas, o local mais profundo dos oceanos e próximo a nossa base militar em Guam.

— Obrigado, Capitão — agradeceu o general, dispensando o militar.

"Local mais profundo dos oceanos. A missão acabou ficando mais difícil do que imaginava", pensou o general.

— Tenente-general Morgan, para ganharmos tempo, ordene ao responsável pela nossa base naval em Guam, o contra-almirante Thomas Wolf, para que inicie uma força-tarefa com a sétima frota dos Estados Unidos, o departamento da Marinha Americana em Guam e uma unidade expedicionária de Fuzileiros Navais vindo de Okinawa, no Japão, pois precisaremos estar atentos com forças inimigas na região que estejam tentando atacar nossa base militar — ordenou o general. — Enquanto isso, nos reuniremos com a cúpula do Conselho de Segurança das Nações Unidas para traçarmos estratégias a favor da manutenção da paz e da segurança internacional. Por se tratar do local mais profundo dos oceanos, nossos submarinos não devem conseguir chegar nem na metade dessa depressão. Precisaremos avaliar com agilidade táticas militares e científicas para atingirmos esse local, que pelo que sei são próximos de 11.000m abaixo do nível do mar.

O Conselho era composto por quinze países, sendo cinco membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Os demais dez membros eram eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos. Uma resolução do Conselho de Segurança era aprovada se tivesse maioria de nove dos quinze membros, porém, se tiver um voto negativo de um dos cinco membros permanentes, a resolução não era adotada.

— Precisaremos convencer pelo menos os cinco membros do conselho para que aprovem a expedição para atuarmos na região — explicou o general George Nelson.

— Entendido, general — assentiu o oficial Morgan. — Ligarei agora mesmo para o contra-almirante Wolf para repassar suas ordens. Licença para me retirar, senhor — solicitou o oficial, batendo continência ao seu superior.

— Concedido, meu amigo — se despediu George Nelson, liberando o militar e dando um abraço em seu companheiro de muitas histórias.

— Que Deus nos ajude! — pensou o general em voz alta assim que Morgan fechou a porta da sala em que estavam.

Essa era uma missão que fugia de sua competência e George não sabia o que fazer. Havia enfrentado muitas adversidades em sua vida militar, mas nada comparado a isso. Temia pela vida humana e também pela saúde do planeta que tanto amava. Ultimamente sua vida estava muito boa, tinha acabado de nascer seu primeiro neto, fruto do casamento de seu filho mais velho, o major Daniel Nelson. Ainda era um avô novato, que estava aos poucos iniciando nesse novo mundo para ele.

Quando seu filho era recém-nascido, foi obrigado a comandar uma expedição de paz e nunca esteve presente nas principais conquistas da criança. Após essa missão, sua carreira militar deslanchou, foi ganhando insígnias e graduações diversas até chegar à patente de maior importância militar do mundo, general do exército americano. Não teve tempo também de presenciar as proezas e realizações de seu segundo filho, por mais que quisesse. Talvez essa tenha sido a maior decepção da vida do oficial, que ganhou todas as honrarias que alguém pode receber, mas havia deixado de desfrutar o mais importante, acompanhar o crescimento de seus amados filhos.

Perdeu os primeiros passos dos pequenos. Nunca soube quais haviam sido suas primeiras palavras, nunca esteve presente em uma apresentação escolar, por sempre estar envolvido em missões, a primeira queda da bicicleta, então, do pequeno Daniel, só ficou sabendo dois meses depois.

Conheceu somente a terceira namorada do filho, com quem se casou, e em falar em casamento, quase que perdeu a cerimônia por chegar em cima da hora, felizmente com tempo de levar sua nora para o altar. Por fim, após perceber que a velhice estava chegando, começou a dar mais importância para sua família, ainda mais com a chegada do pequeno neto. A família dos Nelson havia novamente ficado colorida e não parava de pensar neles, na oportunidade que a vida estava lhe proporcionando mais uma vez, só que dessa vez em ser avô de uma jovem e agitada criança e recuperar o tempo que havia perdido.

O general das forças armadas, um dos principaismembros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, braço forte do presidentedos Estados Unidos da América estava decidido, assim que essa missãoterminasse, pediria por sua merecida aposentadoria.

Frank Payne e a Caverna MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora