Capítulo 32 - A clínica psiquiátrica

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Frank ficou por algum tempo na mesma posição. Acordou daquele desmaio repentino sem energia para conseguir se levantar. Voltou a chorar e se culpar por tudo o que aconteceu. O oxigênio lhe faltava e sua visão aos poucos foi se recuperando, até conseguir enxergar um telefone sobre uma mesa de apoio, próxima a entrada da sala. Arrastou-se até o móvel, tentando, com muita força, se manter em pé.

Retirou o aparelho do gancho e, sem saber o que fazer, ligou para a polícia aos prantos, explicando que seu avô havia falecido sentado em sua poltrona preferida, e que estava gelado e com os membros rígidos, que não sabia para quem ligar e como proceder. O policial acionou uma viatura e disse que em poucos instantes estariam em sua residência. Pediu que se acalmasse, pois tudo iria se resolver.

— Me acalmar? Desculpe, oficial, mas o senhor entendeu o que eu acabei de falar? Meu avô, a pessoa que era tudo pra mim, acabou de falecer e você me pede para me acalmar? Que tudo irá se resolver! Quem você pensa que é pra me dar esses conselhos inúteis? — gritou o menino ao telefone.

— Calma, rapaz. O senhor está muito alterado. Logo chegaremos em sua residência.

— Que seja, agora não há mais nada a se fazer mesmo... — respondeu o menino, desligando o telefone em uma batida muito forte.

Frank virou-se novamente para onde Walter estava, com o braço na mesma posição que havia deixado, e seus olhos novamente se encheram de lágrimas. Criou coragem, pegou a carta responsável pela morte de seu querido avô e se colocou a ler em voz alta, para tentar acreditar que seria uma mentira de mal gosto, mas não achou evidências de fraude:

Estimado senhor Walter Payne,

É com muita tristeza que lhe escrevemos com o laudo pericial dos ossos, que concluímos, com 100% de certeza, terem pertencido ao seu filho Douglas Payne, devido à compatibilidade de DNA com o sangue fornecido pelo senhor, além de vestígios de cabelo do chapéu que nos enviou de seu filho desaparecido. Assim que fizermos a liberação da exumação, iremos agendar para o senhor retirar os restos mortais de seu ente querido para realizar a cerimônia com a dignidade que seu filho merecia, podendo, assim, enterrá-lo junto de sua esposa.

Novamente, pedimos desculpas pelo conteúdo desse documento e que o nosso Senhor tenha piedade e conceda muita luz ao Douglas no caminho ao Paraíso.

Novamente, o coração do garoto disparou imediatamente após ler a correspondência endereçada ao seu avô. Em um ato de fúria, triturou o documento em mil pedaços, o jogando no cesto do lixo da cozinha, que fedia com restos de comida podre. Ouviu uma sirene ao lado de fora de sua casa e uma batida seca na porta de entrada. O garoto enxugou suas lágrimas que ainda insistiam em cair, e tentou melhorar sua cara de raiva. Abriu a porta, permitindo a entrada de dois oficiais.

— Boa tarde, garoto. Meu nome é sargento Marques e esse é o soldado Torres. Foi o senhor que relatou o falecimento de seu avô ao telefone agora há pouco, correto?

— Sim, senhor.

— Como o senhor se chama?

— Franklin Payne.

— E o nome do falecido?

— Walter Payne, senhor.

— Onde encontra-se o corpo?

— Naquela poltrona ali. Ele morreu enquanto lia suas correspondências.

— Seu avô tinha algum problema de saúde que você soubesse?

— Não, senhor. Nunca vi meu avô doente, por incrível que pareça, ele tinha uma saúde de ferro.

— Precisamos verificar o corpo, se é que nos permite.

Frank Payne e a Caverna MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora