Capítulo 23 - O templo sagrado

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— Vamos, Frank. Precisamos seguir em frente.

— Podem ir sem mim. Vou ficar aqui por mais um tempo!

— Todos estamos tristes com o que aconteceu ao seu avô. Ele era um grande homem e até seus últimos segundos de vida agiu como um herói, trocando de lugar contigo. Ele queria que você seguisse em frente! — alegou Jason, tentando convencê-lo.

— Você não está entendendo. Ele não queria vir pra cá de jeito nenhum. Eu insisti várias vezes, mas parecia que conhecia os perigos dessa jornada e não queria vir. Eu não quis ouvi-lo, virei minhas costas para meu avô e parti sem nem pensar nele e nas consequências. Fui imprudente, egoísta e fiz pouco caso com a pessoa que mais se dedicou a mim nos últimos anos, e que me amava acima de tudo. Acabou que não quis me deixar em perigo e me acompanhou para essa cilada mortal que eu mesmo criei. Se ele não está mais aqui com a gente, a culpa é toda minha! — vociferou Frank aos berros e aos prantos.

— Ele te deu a oportunidade de se tornar um herói como ele foi, filho. Temos ainda que resgatar muitas crianças que dependem de você, assim como salvar também seu pai que está por aí em perigo. Você lembra do que o velho Bolduf falou: "ele passou por aí, mas as coisas não saíram conforme havia planejado". Pode estar em perigo! Seja o herói que seu avô gostaria que você fosse!

Parece que essas palavras mexeram com a cabeça de Frank, pois sem esperar um minuto a mais, o garoto estava em pé, secando suas lágrimas e juntando suas coisas para partirem e resgatarem os garotos, que, assim como Luiz e Pedro, estavam sofrendo nas mãos daqueles seres malignos. Não podia permitir que houvesse mais nenhuma morte e acabaria de vez com a raça daqueles monstros sem alma.

Frank parecia decidido, caminhando com passos largos a fim de chegar o mais rápido possível onde as criaturas se escondiam. Sabia que talvez fosse um destino sem volta, mas nada o faria parar, a não ser Barbara, que pediu para que segurasse seus rápidos passos e parasse em frente às inscrições que há pouco tempo foram responsáveis, junto dela mesma, pela morte de Walter. Frank se viu em frente a uma garota aos prantos ajoelhada perante a ele, pedindo desculpas por tudo o que tinha acontecido.

— Frank, me desculpe. É tudo culpa minha! — berrava a menina, entre palavras e lágrimas.

— Não é culpa sua, Báh.

— É, sim. Fui eu quem desencadeou o desmoronamento após ter descoberto e proferido a frase, mesmo com a recomendação de Walter de não o fazer.

— Como assim? — questionou Frank, incrédulo com o que ouviu.

— Sim! — disse a garota, chorando sem parar. — Ao traduzir e ler essa frase, as paredes da caverna começaram a tremer, iniciando uma sequência de desmoronamento de pequenas pedras e, por consequência, o fechamento daquela outra sala, trancando Walter com aqueles bichos malditos.

— Tenho certeza que não foi isso. Apenas uma infeliz coincidência — disse Frank, tentando consolar Barbara ainda que estivesse com uma dor tremenda em seu coração. — Me mostre a frase que você decifrou.

Barbara sacou o caderno que já havia guardado em sua mochila e Frank, com a ajuda da tocha que carregava, começou a ler algumas palavras soltas e em seguida a frase inteira.

— Me empresta seu dicionário, por favor.

A jovem pegou o livro e entregou para seu amigo, que já procurava na página 120, conforme as anotações dela.

— Olha, Báh. Sei que a especialista em simbologia é e sempre foi você, e eu não quero jamais tomar essa fama conquistada com muito louvor — disse o garoto, tentando apaziguar o comovente desespero da menina e fazer aparecer um pequeno sorriso. — Mas olhe bem para esse desenho. Pode ser parecido, mas não é a palavra "destino". Eu me lembro de já ter visto alguma coisa semelhante, mas não sei onde, porém tenho quase certeza que esse símbolo aí deve ser a palavra "determinação". Logo a frase correta ficaria assim: "Amadores cairão rapidamente, enquanto determinados inquietos treinarão exaustivamente". É apenas uma inscrição, sem valor algum. Alguém que conhece runas deve ter escrito talvez para passar uma mensagem, ou sei lá, mas não me parece nada mágico.

Frank Payne e a Caverna MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora