Epílogo

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Já era cedo quando Mark retirou as últimas pedras de cima de seu pai, que ainda continuava desacordado. Só descobriu o Sol surgindo no horizonte, quando o puxou do amontoado de escombros, levando-o até o portal, onde atravessou com Thomas em seu ombro, arrastando-o pela escuridão até chegarem ao lago da Caverna Marbo, que estava um pouco iluminada pelos raios do dia. Demorou alguns bons minutos até que as famosas águas milagrosas da caverna resolvessem se manifestar e restabelecer um pouco da energia do oficial, o acordando daquele demorado e angustiante desmaio.

— Mark, é você meu filho?

— Sim, pai. Estou aqui com você.

— E onde estamos?

— Na caverna Marbo, em Guam.

— Onde estão minhas roupas? — perguntou Thomas, virando-se para o garoto e fulminando-o com seu olhar enraivecido.

Mark apontou para o deck de madeira que se situava próximo ao lago onde estavam e Thomas, ainda com o maior esforço, se arrastou por entre as águas do lago até chegar em seus pertences.

— Moleque, onde está aquele seu maldito celular?

— Está comigo, em minha mochila. Peguei em seu bolso quando te resgatei naquele deslizamento.

— Não está vendo que preciso dele? Me entregue agora!

Thomas, que havia desligado o celular de Mark assim que perdera o sinal naquela caverna misteriosa, tinha poupado o resto de bateria para caso uma emergência surgisse, como, por exemplo, naquele momento.

— Ótimo, temos um pouco de sinal aqui.

Base Naval, Tenente Anderson bom dia.

— Tenente, aqui é o general Wolf. Passe a ligação para o major Preston, agora.

Contra-Almirante Wolf? O senhor está vivo? Onde está? Como podemos ajudá-lo, senhor?

— Não ouviu minhas ordens, Tenente?

— Me desculpe, senhor. Estou passando a ligação para o major Preston. Me desculpe novamente.

— Preston às ordens.

— Major, ligue agora mesmo para seus contatos e descubra se algum verme chamado Frank Payne tomou algum voo no aeroporto e qual seu destino.

— Sim, senhor. Ligarei agora mesmo. Precisa que mande algum helicóptero buscá-lo, senhor?

— Onde estamos? — questionou o oficial, chutando Mark com sua perna para que o avoado garoto prestasse atenção.

— Na caverna Marbo.

— Sim, na caverna Marbo, major. Mas antes, descubra o que te ordenei o quanto antes.

— Ok, almirante.

— Almirante não, general.

— Sim, senhor general — respondeu major Preston um tanto quanto confuso, querendo desligar o telefone o mais rápido possível.

Não passaram nem cinco minutos quando o celular de Mark recebeu a esperada ligação.

— General, major Preston novamente... — Mas, antes da chamada ser completada, a bateria acabou, irritando o oficial, que atirou o aparelho com tamanha força que acertou uma pedra e o quebrou em trezentas partes.

Mark, que não queria ser novamente o saco de pancadas de seu pai, se afastou o mais longe que pôde, enquanto Thomas andava em direção à saída da caverna. O garoto esteve mais alguns minutos contemplando aquele lugar antes de se juntar a seu pai. Após ouvir todas as grosserias e engolir os coices que Thomas insistia em lhe dar, se permitiu a sentir novamente o infinito desejo por vingança.

Em poucos instantes, um helicóptero sobrevoou o local parando a alguns metros de onde estavam. Os dois andaram em direção ao transporte aéreo, onde o major que perdera o contato com o tirano oficial os aguardavam.

— Senhor, acho que a ligação caiu e não consegui lhe avisar, parece que o garoto tomou um avião ainda ontem à noite para Reykjavík na Islândia, junto de mais duas pessoas, Walter Payne e Barbara Bell.

— Esses patifes imundos. Quando que eles chegarão lá, major?

— Parece que o voo demora cerca de doze horas, senhor, portanto, pelos meus cálculos devem estar chegando agora.

— E o que está esperando para solicitar a prisão deles, major?

Preston pegou seu celular e ligou para seus contatos, para ordenar a detenção do trio alegando exigências superiores, mas a polícia da Islândia pediu que lhes informasse qual o crime que as três pessoas se enquadravam, pois sem processos concretos ou alguma prisão em flagrante, nada poderiam fazer.

— Major, solicite uma passagem para o primeiro voo com destino a Reykjavík. Não vou deixá-los espalhar o terrorismo nos quatro cantos do mundo, mesmo que alguns países ridículos com suas leis ultrapassadas não queiram nos ajudar.

— Uma não, duas major — disse Mark que até então estivera quieto em seu canto. — Tenho algumas contas para acertar e já os enfrentei e sei como poderemos dar um fim neles.

Thomas, com seu olhar penetrante, enxergou fúria e vingança nos olhos de seu filho, movimentando sua cabeça afirmativamente e sorrindo com o canto da boca.

— Ouviu o garoto, major. Compre duas passagens, somente de ida.

Frank Payne e a Caverna MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora