O tempo era relativo e inconstante. Não se sabia ao certo se haviam passado minutos, horas ou dias desde que Frank caíra ao chão. Os acontecimentos eram confusos e desordenados na jovem mente do rapaz. Foi essa a sensação que o garoto sentiu ao acordar no hospital geral de sua cidade, após alguns dias em coma. A primeira pessoa que reconheceu foi Barbara, que havia dormido ao seu lado em uma cadeira bem desconfortável durante todos os dias em que o garoto esteve hospitalizado.
Foi uma alegria imensa ao acordar ver seu grande amigo desperto daquele sono profundo, induzido pelos médicos para extraírem o veneno que havia penetrado por sua corrente sanguínea. Se a intervenção dos médicos e a resposta ao medicamento não fosse tão rápida, a história poderia ser completamente diferente, mas não com Frank Payne, eram o que contavam os médicos que o operaram.
— Como você está se sentindo, Frank?
— Parece que um trator passou por cima de mim — respondeu o jovem rapaz automaticamente. — Peraí, onde estamos?
— No hospital Geral.
— Não me diga que estamos em...
— Franklin Payne! Que bom te ver acordado — disse um médico, entrando no quarto em que estava repousando.
— Er... oi?
— Parece que sua amiga aqui não descansou enquanto você estava tirando uma sonequinha de três dias — falou o médico, dando tapinhas no ombro de Barbara.
— Três dias?
— Sim — respondeu o médico. — Extrair o veneno de sua corrente sanguínea não foi uma tarefa simples, mas seu corpo, estranhamente, respondeu rapidamente ao medicamento.
— Veneno? Daquele polvo-humano? Mas não era veneno, foram tentáculos. Peraí! Do que você está falando? — perguntou o garoto atordoado.
— Os pescadores que te trouxeram aqui nos falaram que você esteve com eles, ajudando-os a puxar a rede há três dias. Então você, curioso que é, começou a analisar os peixes retirados do mar até que, por mera ingenuidade, encostou sua mão em um peixe extremamente venenoso, conhecido por muitos por peixe-aranha, e seu veneno penetrou em seu corpo pela corrente sanguínea. Bem, pelo menos é isso o que me disseram — respondeu Barbara com propriedade.
— Peixe-aranha? Mas a pescaria já faz muito tempo. E a caverna? O vovô, Jason, Emmy e os outros?
— Quem?
— Você sabe muito bem do que estou falando. Estávamos lá e eu tentei te salvar. Depois não sei mais o que aconteceu — replicou o garoto.
— Desculpe, Frank. Mas não sei do que você está falando — retrucou Barbara, dando um tapa de leve na cabeça do garoto. — Você devia estar sonhando.
— Daremos tempo a ele, Barbara. Franklin precisa se recuperar. Isso pode ser reflexo dos medicamentos e das três noites de sono. Nosso cérebro é uma ferramenta muito poderosa e, quando estamos nessa situação, fantasiamos para que nosso corpo se recupere de algum tipo de trauma. Pode ser que, mais para frente, seu amigo precise de algumas consultas com um psiquiatra — disse o médico, saindo pela porta do quarto.
— Eu não estou louco. Você estava lá também, Barbara. Não se lembra?
A garota, vendo seu amigo naquele estado, mudou drasticamente seu humor, deixando escapar algumas lágrimas de seus olhos, virando-se rapidamente para que Frank não percebesse, mas não deu tempo, o garoto já conhecia há muito tempo sua amiga para saber quando algo estava mal.
— Nunca houve nenhuma caverna, não é, Bah? — perguntou Frank incrédulo.
— Não! — respondeu Barbara com a voz engasgada. — Sempre estivemos aqui, desde que a ambulância te trouxe.
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Frank Payne e a Caverna Misteriosa
Fantasy🏆Vencedor do prêmio The Wattys 2021 na categoria FANTASIA 🏆 Até onde você iria para encontrar seu pai desaparecido e dado como morto há cinco anos, mas que acabara de se comunicar com você de uma forma totalmente imprevisível? Frank Payne, um ga...