Capítulo 15 - O batalhão se divide

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Os peritos em rapel prepararam os equipamentos para a descida daquele abismo, entrelaçando um amontoado de cordas e mosquetões naquelas rochas de enorme calibre. Cintos de segurança eram vestidos por todo o pelotão, incluindo a alta patente, iniciando assim o processo para chegarem ao ventre da caverna. Foi uma longa descida, de aproximadamente quarenta e cinco minutos, até atingirem um solo úmido, proveniente de um pequeno rio que passava por ali.

A escuridão só não era maior devido aos equipamentos que os oficiais carregavam, pois nem mesmo um fóton de luz havia naquele inóspito lugar. Após a chegada do restante do grupo, partiram na direção de onde corria o fluxo do riacho. Não havia pistas, pegadas ou outra coisa que pudesse revelar o paradeiro dos criminosos. Continuaram o percurso atravessando para outro ambiente ainda cheio de pedras, mas dessa vez com a vazão de água já menor, parecendo perder força a cada metro percorrido.

Naquela profundidade em que se encontravam, era improvável haver qualquer tipo de vida. O próprio oxigênio já era uma dádiva terem em abundância para respirarem, mas, ainda assim, com o ambiente agressivo somado ao fato de não ter nenhum alimento à disposição era quase impossível ter alguma espécie viva.

Bom, era o que pensavam até descobrirem alguns metros à frente uma quantidade de ossos de um esqueleto que, pelo tamanho e formato, não deveria ser de um ser humano, mas sim de algum tipo de animal que deveria ter se aventurado por aquelas bandas, ou se perdido do grupo e morrido de fome ao adentrar aquela arapuca mortal. Era um esqueleto magnífico e impressionante, que nem mesmo o tenente-general Erik, com formação em biologia e especialização em anatomia, era capaz de identificá-lo.

— Essa é uma excelente notícia! — enfatizou Thomas. — Se esse bichão conseguiu entrar nessa caverna, então deve haver alguma passagem mais para frente, já que de onde viemos havia somente água e esse animal, pelo que me parece, não era um peixe.

O general Nelson assentiu com a cabeça em um gesto afirmativo como que estivesse dizendo para Thomas assumir a liderança e avançar com o grupo para o caminho à frente, pelo menos foi isso que o contra-almirante interpretou com a expressão de seu superior e ordenou que a equipe prosseguisse pela trilha. Andaram mais um bom tempo sem ter nenhuma outra novidade, atravessaram mais uma galeria e quanto mais avançava, mais silencioso se tornava o lugar.

Thomas já estava ficando com dúvidas se esse era o caminho correto, pois não seria possível que um bando de pessoas que havia sequestrado seu filho não tivesse ao menos movimentado a poeira que descia das rochas de calcário, no entanto, ainda assim acreditava ser possível pegar o cretino do bandido se continuasse a seguir sua intuição, que nunca o abandonou durante a carreira militar.

Seguiram por mais uma hora, a passos lentos devido à dificuldade que enfrentavam naquele breu e por entre rochedos pontiagudos e afiados. Escutaram novamente o barulho de água logo adiante e se preocuparam em dar uma parada para encher seus cantis e matar a sede das pessoas. Thomas olhou o relógio preso em seu pulso esquerdo e este dizia que já passavam das 19h00.

Seus homens já demonstravam cansaço e fome, pois desde que chegaram àquela caverna, não pararam para descansar. Achou mais prudente pararem ali, já que tinham água em abundância para fazerem uma refeição e repousarem por cinco horas, revezando em sentinelas para resguardar o grupo de qualquer investida que pudessem tomar, mesmo estando nas profundezas da terra. Essa era uma prática de defesa militar que já estavam acostumados e não iriam deixar de segui-la.

Ao despertarem à meia-noite, já com a energia necessária restabelecida para continuarem a jornada, os oficiais levantaram acampamento em uma empreitada fantástica, em menos de cinco minutos já estavam todos atravessando por entre rochedos e blocos milenares de sais de cálcio espalhados pelo percurso. Andaram mais um pouco até se depararem com um grande dilema, sendo obrigados a separar o grupo em dois times, pois o caminho se dividiu devido a uma bifurcação.

Frank Payne e a Caverna MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora