Capítulo 26 - As lágrimas de George Nelson

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O inimigo foi se aproximando cada vez mais do tenente-general, empunhando sua outra adaga que estava em seu cinto e saboreando o medo que emanava daquele humano. Erik tentava de todas as maneiras avisar seus companheiros que aquele ser asqueroso estava por detrás deles, mas nenhum barulho saía de suas cordas vocais. O monstro Skum se aproximou ainda mais do tenente-general, que já podia sentir o fétido hálito de carne podre.

Com um movimento rápido, o ser asqueroso levantou sua adaga para atacar o debilitado homem, quando foi surpreendido pela destreza do soldado Scott, que derrubou o animal dando uma trombada forte na altura de seu tronco, arremessando-o para bem longe do oficial moribundo, caindo próximo aos pés do general Nelson, que não se fez de rogado e sentou o dedo na arma de fogo, descarregando bala no peito da criatura até acabar suas munições.

— Enquanto eu estiver vivo e com condições para o combate, nenhum homem meu perecerá mais por entidades malignas que povoam esse lugar — bradou George Nelson, guardando sua pistola semiautomática em seu coldre.

Foi até seu amigo para ver se estava tudo bem com ele, sem perceber que o soldado Scott estava a alguns passos dos dois, ajoelhado como se procurasse algo no chão. Ao se aproximar, notou que o solo estava melado, pois suas botas faziam uma certa pressão para caminhar.

Virou-se em direção ao soldado e reparou que um líquido pegajoso escorria do pescoço do rapaz com muita velocidade, se dando conta então que o juramento que havia feito segundos antes já não se cumpriria, pois ao salvar o tenente-general, o soldado foi atingido mortalmente pela adaga da criatura cortando-lhe a veia jugular em seu pescoço. O general correu para ajudá-lo, mas este já havia perdido bastante sangue, entrando em choque hipovolêmico, não tendo chances de continuar a jornada com seus colegas.

George levantou, andou em direção a Erik e o pegou pelo braço, levantando-o como pôde. Thomas, que só olhou a cena, deu suas costas, não se importando com o que vira, e continuou a caminhar se aprofundando cada vez mais na maldita caverna. Deslocava-se a passos largos, deixando seus companheiros para trás, achando melhor assim, pois não suportava mais ter que se reportar a um homem fraco e sentimental como seu general.

Pressentia que estava chegando ao fim daquela aventura e não perderia mais tempo algum com um moribundo que não se mantinha em seus próprios pés. Por ele, os dois poderiam morrer abraçados que facilitaria sua jornada e sua carreira. Sim, pois com os dois generais mortos, Thomas poderia regressar ao exército como sobrevivente de guerra e tentar subir na patente como general, assumindo seus lugares, já que fora a uma missão pela ONU e o único sobrevivente dessa campanha. Ainda mais se solucionasse o caso, prendendo ou matando os principais culpados de todo o ato terrorista.

— Eu não consigo mais, George. Me deixe aqui para morrer em paz e se salve! — suplicou Erik com uma voz baixa e agonizante.

— Não. Levarei você comigo onde quer que eu vá. Logo sairemos daqui e você vai melhorar, pode acreditar — disse o general tentando de qualquer maneira motivá-lo, mesmo sem acreditar em uma palavra do que dissera.

— Já não tenho mais tempo, deve-me restar poucas horas de vida.

— Então passaremos essas horas juntos. Você foi um grande amigo e cúmplice de tudo o que vivi e prometemos, quando ainda éramos jovens e iniciando nas forças armadas, que estaríamos juntos em qualquer dificuldade, sempre um protegendo o outro. Minha promessa não será quebrada e estarei ao seu lado caso você venha a fazer a passagem.

— Obrigado, meu general. Você também sempre foi um grande amigo e aliado — insistiu Erik em falar, engasgando com o sangue que agora saía por sua boca.

— Descanse e beba um pouco de água — disse, levando seu cantil à boca do oficial, mas este não tinha forças nem para conseguir engolir uma gota, deixando escorrer por todo seu corpo.

Frank Payne e a Caverna MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora