Durante o jantar, falaram sobre tudo que havia acontecido na misteriosa viagem, desde o encontro com o submarino em Rota, a perseguição em altas profundidades na Fossa das Marianas e os confrontos com os seres fantásticos, além claro, dos últimos acontecimentos desde que Frank recuperara sua consciência após ter a alma quase consumida pelo Devorador de Mentes.
— Muito interessante — comentava Cadassi após cada conto narrado por Frank e Barbara, que não se continham e se empolgavam a cada frase dita. — Sobre a lendária pedra, você tinha me mostrado aqui antes de viajarem que havia um recado de seu pai para você, mas como estava quebrada, sem a parte de cima, ela se encontrava incompleta.
— É verdade! — gritou Frank retirando rapidamente o artefato que estava preso em seu pescoço por debaixo de sua camiseta, para verificar se tinha mais algo escrito. Havia esquecido da mensagem e, depois de tantos acontecimentos, sequer tivera tempo de reparar melhor. — Há mais algumas palavras escritas aqui, o senhor poderia nos traduzir, por favor? — pediu o garoto, estendendo sua mão para que o mestre ancião pudesse ler para eles.
— Com todo prazer, meu jovem — disse Cadassi admirando a pedra que há alguns anos não via. — Aqui diz o seguinte:
Douglas, meu amor.
Eu não paro de pensar em vocês dois.
Procure na Fossa das Marianas.
Nunca deixem de acreditar!
Sinto a falta de todos.
Amo vocês!
— Espera um pouco — pediu Frank incrédulo, olhando para seu avô com lágrimas em seus olhos. — Essa mensagem nunca fora para mim, e sim para meu pai.
— Parece que sim, jovem rapaz — respondeu mestre Cadassi. — Decerto, seu pai esteve com a pedra em suas mãos antes de desaparecer e, de algum modo, o artefato se quebrou, ficando um pedaço perdido na caverna, enquanto a outra metade navegou pela vastidão do oceano, sendo encontrada pela única pessoa que poderia salvá-los, você. Mais uma vez, o destino se encarregou de refazer o equilíbrio entre o bem e o mal.
— Isso quer dizer que...
— Quer dizer que a Beth de algum modo está viva! — gritou Walter, pulando da cadeira. — E que Douglas veio até aqui para salvá-la.
— Mas como assim? Minha mãe, viva? E por que ela veio até aqui? Onde eles estão? — As perguntas brotavam em sua cabeça.
— Há algo que preciso falar para vocês — interrompeu Cadassi, percorrendo seu olhar entre Frank e Walter. — Há uns dezoito ou vinte anos, quando Walter já devia ter, se não me falha a memória, seus quarenta e tantos anos, uma moça veio a nosso vilarejo conversar com o ancião de Gef Pa'go, que no caso já era eu mesmo. Ela se apresentou como Elizabeth O'Sullivan...
— O nome de solteira de minha mãe! — falou Frank em voz alta.
— Sim — concordou o mestre. — Sua mãe estava procurando o guardião da lendária pedra do elemento água.
— Não entendo. Isso foi antes mesmo de eu nascer. Como minha mãe naquela época poderia saber que existia algum guardião?
— Pois então, a Elizabeth que vocês conheceram não era a mesma que veio me procurar naquele dia ensolarado. Lembro-me como se fosse hoje. Ela chegou em uma embarcação juntamente com outras duas pessoas, sendo um homem alto e forte que vestia um terno preto que parecia ser seu guarda-costas e um outro de avental branco e um jeito meio informal de falar e se portar, julgando que devia ser algum tipo de cientista maluco, descobrindo mais tarde se tratar do nobre guardião do elemento ar.
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Frank Payne e a Caverna Misteriosa
Fantasy🏆Vencedor do prêmio The Wattys 2021 na categoria FANTASIA 🏆 Até onde você iria para encontrar seu pai desaparecido e dado como morto há cinco anos, mas que acabara de se comunicar com você de uma forma totalmente imprevisível? Frank Payne, um ga...