XXII. Uma Invasão e Uma Tentativa de Fuga

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A notícia do desaparecimento de Athena percorria apenas o pequeno espaço da tenda principal do acampamento, enquanto Rayan bradava vez ou outra contra as argumentações mais politicamente corretas de Conor sobre os mil motivos pelos quais não podiam mover o exército contra Ekran, e o principal deles era: ninguém sabia que a princesa fora sequestrada, menos ainda vestida de homem e infiltrada no exército. Tudo o que sabiam era que um dos recrutas novatos tinha sumido no meio da noite, assim como Machlah, e podiam muito bem ser dois desertores trabalhando para o reino inimigo.

Cáel tentou organizar os treinos, mas não conseguia manter o foco por muito tempo, preocupado também com o paradeiro de Athena. Ele desistiu de liderar os treinos e designou outro comandante para ficar na sua posição, resolvendo voltar até a tenda central e discutir as possibilidades de resgate com Rayan. Ainda não tinham recebido nenhuma mensagem, então o paradeiro de Athena era oficialmente desconhecido.

Enquanto seguia pelo caminho principal do trajeto até a tenda, Cáel parou ao dar uma boa olhada na tenda de Ilithia e Athena. Não só a princesa estava num estado preocupante por conta do ferimento grave, mas Ilithia também tinha passado por maus bocados e estava bem debilitada. Ele desviou o caminho para checar o estado da mulher, se ela não tinha aparecido nos treinos então ao menos devia estar tendo um descanso merecido.

– Ilithia...? – Cáel chamou pela mulher antes mesmo de abrir a entrada da tenda, mas não houve resposta e ele só supôs que ela estava adormecida. Quando afastou o tecido e entrou no pequeno espaço, entretanto, as duas camas estavam vazias.

O comandante sentiu a respiração travar e tentou não pensar no pior. Se ela não estava descansando, podia estar na enfermaria, ou nas oficinas. Ele seguiu o trajeto para a enfermaria primeiro, mas não a encontrou, assim como nenhum dos demais recrutas a tinha visto nas oficinas desde o dia anterior.

A última opção segura que surgiu na mente de Cáel foi que ela podia estar no rio, para tomar banho e tratar dos machucados, mas antes de ir tão longe fora dos limites do acampamento, ele parou ao passar pelos estábulos, seguindo rápido até um dos cavalariços.

– Alguém pegou cavalos essa manhã? – ele perguntou ao primeiro rapaz que viu passando, puxando dois cavalos pelos arreios.

– Machlah, senhor... – o jovem respondeu de imediato. – Antes mesmo do sol nascer, o vi saindo dos estábulos com um dos garanhões.

– Só ele?

– Hm... eu acho que s-

– Teve outro, um recruta baixinho. – a voz veio de um dos treinadores de cavalo mais antigos, estava sentado perto da cerca, trazendo um dos cavalos pelas rédeas para soltá-lo dentro do cercado. – Acho que se chamava Lynch. Logo depois do nascer do sol.

– Droga...!

Cáel não esperou para ouvir mais alguma explicação, suspirou resignado e desviou o caminho então até a tenda principal em que Rayan seguia inquieto com a falta de possibilidades do que fazer para resgatar Athena. Ele mal entrou na tenda para ouvir a reclamação de Rayan pela milésima vez, enquanto Conor seguia quase inabalado para tentar chegar numa solução viável.

– E o que espera que eu faça...?!

– Já disse para se acalmar, senhor, os espiões vão voltar com notícias do paradeiro dela e podemos enviar um grupo menor e discreto, não vamos mover o exército inteiro. – Conor devolveu, no costumeiro tom comedido, embora desse para notar pelos punhos fechados sobre a mesa que ele parecia tenso.

– Ilithia não está na barraca. – Cáel avisou, seguindo direto até a mesa em que Conor estava apoiado.

– Eu acho que tenho mais com o que me preocupar, se não se importa! – Rayan esbravejou de volta, passando a mão pelo rosto e pelos cabelos, ainda andando de um lado a outro, enquanto Conor voltava a atenção para o segundo herdeiro.

A Tough War [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora