XVIII. Um Futuro Marido e Um Futuro Morto

27 8 5
                                    

Athena voltou a se deitar quando Warin se despediu e saiu da tenda da enfermaria. Ela fechou os olhos para aproveitar o descanso enquanto Rayan não ia lhe visitar, mas tudo o que queria era tirar aquela veste incômoda e ter uma noite decente de sono.

Ela suspirou resignada bem a tempo de outra pessoa entrar na tenda, um sorriso satisfeito surgindo no rosto quando identificou Ilithia que aparecia para lhe fazer companhia e trazer o jantar. Athena teria compartilhado a animação por ver o rosto conhecido, mas quando tentou sentar na cama e deu tempo para que Ilithia se aproximasse sob a pouca iluminação da tenda, foi que ela notou o olho roxo, os pontos na sobrancelha e o sangue seco no lábio da amiga.

– Meu Deus! O que aconteceu com você?! Foi atropelada por um cavalo?! – perguntou Athena, ignorando a comida que Ilithia tinha deixado no banco ao lado da cama.

– Seu amigo arqueiro que me deu tudo de presente. Nem me fale, estou com as costelas doendo, com tudo doendo desse treinamento conjunto idiota. – ela suspirou, pegando um pedaço de pão do que tinha levado para Athena e comendo. – Nem comi direito que não queria ficar perto daquele idiota se vangloriando para os amigos. Acho que estou mais acabada do que antes. E você? Aposto que foi ele que te varou a perna, não é?

– Claro que foi. – com Ilithia, não havia a menor necessidade de tentar encobrir aquele fato, pelo contrário, ela era a pessoa ideal para descontar a raiva que sentira na hora do ataque premeditado. – Eu queria tanto, tanto atirar uma flecha na testa daquele infeliz! – foi a vez de Athena pegar também uma fatia do pão, mordendo com raiva até partir no meio. – Que raiva daquele homem! Eu tenho culpa de ser melhor que ele em alguma coisa?! Ele tinha que atirar em mim justo no meio do treinamento?! Bem que você podia estar lá pra ficar na minha frente, não é?!

– Ficar na sua frente?!

– Eu sou a futura rainha, você tem que me proteger!!!

– Eu levei uma surra dele porque consegui fazer dois cortes leves no homem! Ele é quase duas vezes maior que eu e não pegou leve! Já não basta isso eu ainda ia ter que levar uma flecha no seu lugar?! – o tom da morena subiu algumas notas.

– Devia sim. – Athena reclamou, continuando a comer. – E não reclame, não posso falar isso pro Rayan senão ele vai acabar matando o Machlah e não vai ter como explicar o motivo. Então tenho que reclamar pra você.

– Claro, tudo eu, tudo eu. – Ilithia rodou os olhos. – Eu não tô nem aí, já disse pro Cáel que a culpa foi dele mesmo.

– Você tem uma língua muito grande!

– Meu futuro marido é mais controlado do que o seu! – Ilithia devolveu, sem ao menos perceber o que tinha dito e como tinha se dirigido a Cáel, sentindo o constrangimento subir pela garganta e engasgar, principalmente quando Athena deixou um sorriso contente escapar junto com o rosto corado.

– Futuro marido, hein? Que bonitinho! – a amiga comentou, animada, parecia até ter esquecido a raiva em comum por Machlah.

– Deixe de besteira. – Ilithia cruzou os braços, tentando disfarçar o constrangimento voltando a falar de Machlah. – Mas então... eu acho que o Rayan e o Cáel não podem fazer nada com ele, mas bem que a gente podia dar um jeito no miserável.

– Hm! Isso é uma boa ideia! – Athena praticamente engasgou com o pão pra poder concordar com a amiga, sentindo o ferimento doer de novo com a impulsividade. Olhou ao redor como se estivesse planejando alguma coisa e o sorriso convencido surgiu no rosto. – Será que o médico não tem algum remédio pra gente colocar na comida do Machlah e ele perder o treinamento? Ou ficar com diarreia?

– Pelo amor de Deus, deixa de ser besta. – a morena conteve a vontade de bater a mão na testa, rodando os olhos de modo pesaroso. – Vamos é dar uma droga pra ele perder a consciência, amarrá-lo, levá-lo pro meio da floresta, esperar que ele acorde pra ver quem é que tá batendo nele, dar uma surra que ele nunca vai esquecer e ainda o deixar amarrado numa árvore, sem roupa, com cheiro de sangue e mel pra ser atacado ou por um animal selvagem ou no mínimo por uma colmeia de abelhas. Isso sim é que ele merece.

A Tough War [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora