A Tough War [Concluída]

XIX. Um Delírio e Uma Solução

Rayan não teve tempo de continuar a acusação com Warin, nem o soldado teve como assimilar a informação. A voz que os interrompeu veio baixa e muito fraca, chamando a atenção de ambos para o estado debilitado de Athena.

– Rayan... é você?

Ela tinha virado o rosto na direção dos dois, os olhos levemente entreabertos enquanto ainda respirava com certa dificuldade. Rayan não pensou duas vezes em cobrir o pequeno espaço até a cama e segurar a mão dela com firmeza, colocando outra mão em sua testa e tirando o pano úmido para afastar os fios de cabelo curto falsos da testa, sentindo a temperatura elevada.

– Eu estou aqui, não se preocupe. – disse ele, abaixando-se ao lado da cama. – Vai ficar tudo bem.

– Eu ainda não entendi o que está acontecendo... – Warin aproximou-se da cama de novo e recebeu logo um olhar ameaçador de Rayan em resposta. Não teve tempo de discutir com o comandante, quando a voz feminina tomou conta do lugar de novo.

– Está frio, Rayan... eu quero voltar pra casa... vamos pro castelo... – ela se virou na cama, puxando o lençol para cima de si, a expressão se contorcendo numa de dor ao mover o músculo machucado.

– Vai ficar tudo bem, amanhã já vai estar bem. – respondeu Rayan, passando a mão nos cabelos dela. – Não se preocupe, logo vamos voltar pra casa.

Warin olhou várias vezes de um para outro, as sobrancelhas arqueando consideravelmente quando notou o comandante beijando a costa da mão do soldado. A respiração dela continuou descompassada, mas ela parecia um pouco mais tranquila na nova posição, e então finalmente o espadachim baixou o olhar para notar algo diferente na altura do peito do rapaz. Um volume que definitivamente não estava ali antes, mesmo que coberto pelo lençol e pelas mãos pequenas que insistiam em ficar rentes diante do corpo.

– Espere um minuto... – Warin olhou de novo, várias vezes, de Rayan para Achilles e vice e versa, a expressão se tornando uma totalmente surpresa quando deu um passo para trás e levou uma mão até a boca. – Ele é uma mulher...?! Mesmo?!

Rayan rodou os olhos, preocupado com o estado de Athena, mas voltou-se na direção de Warin, percebendo que aquilo podia facilmente se transformar num problema com o qual não precisava lidar. Olhou ao redor e ao menos estavam sozinhos no lugar, então seria uma pessoa a menos para conseguir calar.

– Não é só uma mulher... é sua futura rainha. – respondeu o comandante, o olhar ainda revoltado por ter entrado na tenda e quase visto os dois se beijando.

A surpresa no rosto do soldado foi dobrada e ele deu mais um passo para trás. A sua atitude anterior certamente seria digna de ter a cabeça cortada.

– Eu... realmente não... sabia... – ele engoliu em seco. – Achei que era um rapaz... bom, parecia uma mulher e... a princesa?!

– Se essa informação deixar sua boca mais uma vez, será crime de traição e não vou pensar duas vezes em lhe condenar à forca, entendido? – Rayan falou de uma vez, pensando em como resolver aquela situação complicada e ao mesmo tempo cuidar de Athena. Respirou fundo, baixando a cabeça e passando uma mão pelos cabelos. – Por enquanto, encontre o médico para cuidar dela. Já que já descobriu, pode ao menos fazer alguma coisa útil.

– Sim... senhor. – Warin concordou, incerto, ainda tentando processar as informações.

– E longe dela. – Rayan ressaltou, estreitando o olhar na direção do outro. – Se tentar qualquer coisa, eu juro que não vou pensar duas vezes em lhe arrancar as mãos.

– Não vou tentar, senhor. – o homem concordou, seguindo para fora da tenda ainda um pouco desnorteado com as informações novas.

Finalmente Rayan se viu a sós com Athena, notando como a respiração dela parecia ainda mais descompassada. Ele se sentou à beira do colchão e segurou a mão dela com força. Passou a outra mão na testa da jovem, notando como a pele estava realmente quente e depois desviou o olhar para o ferimento na altura da perna. Estava coberto pelo lençol, mas havia uma mancha avermelhada de sangue, o que não era um bom sinal.