XI. Um Sono Inquieto e Uma Novidade

25 7 13
                                    

A noite de Athena não foi tão tranquila quanto a de Ilithia, mesmo estando numa cama mais confortável que a amiga dormindo no chão. A ruiva já tinha se revirado na cama mais de uma vez, sentindo o desconforto crescente na boca do estômago. A respiração estava um pouco descompassada e ela precisou se sentar, para respirar melhor. Rayan abriu os olhos diante do movimento da mulher e se sentou também, bocejando longamente ao colocar a mão nas costas dela.

– O que foi? Você está bem? – perguntou, notando a respiração um pouco ofegante da mulher.

– Não sei, estou me sentindo um pouco mal. – respondeu Athena, colocando a mão sobre o estômago. Tentou deixar as costas retas, respirar fundo, mas aquela veste realmente lhe atrapalhava, os seios doeram um pouco com o movimento de respiração.

– O que está sentindo? Vou chamar o médico do acampamento para examiná-la. – disse ele, já prestes a se levantar da cama.

– Não! – Athena o segurou pelo braço antes que se movesse ao menos um passo. – Daí mais uma pessoa vai saber que sou mulher, e o rei não vai gostar. Eu estou bem, acho que só estou um pouco dolorida por causa dessa coisa que eu dormi.

– Você não devia dormir com isso, deve fazer mal! – ele retrucou.

– Não fale assim comigo, Rayan! Estou passando mal! – ela choramingou. – Eu geralmente não durmo, mas como fiquei aqui e alguém podia aparecer, achei que era melhor ficar com a veste para evitar qualquer mal-entendido...

– Não pensou que já seria mal-entendido o suficiente estar dormindo comigo? – devolveu o homem, um sorriso debochado. – Mas se é só isso, não tem problema, é só tirá-lo.

Ele já estendeu a mão para ajudá-la com aquilo, mas Athena levantou as mãos diante do corpo, o rosto corado.

– Não, Rayan! – respondeu de imediato.

– O que foi agora? – ele rodou os olhos.

– Já é quase dia... – disse a ruiva, notando a barraca estar bem mais clara do que antes. – Eu acho melhor sair e voltar pra minha barraca antes que alguém acorde e veja, só vai despertar mais suspeita.

– Humpf. Odeio esse lugar. – mais uma vez o homem rodou os olhos. – Nem posso cuidar de você direito, nem pode se parecer minha esposa, nem pode dormir comigo! Vamos acabar logo com essa guerra e voltar pra casa pra ficar tudo normal e eu colocar um esquadrão inteiro no seu pé pra não vir pra um acampamento de guerra de novo.

– Não diga isso, seu bobo! – a única reação dela foi diante das últimas palavras dele. Pelo menos as primeiras palavras dele de reclamação sobre não poder tomar conta dela a fizeram se sentir mais tranquila, o rosto corando com as declarações mesmo irritadas dele. – É melhor eu voltar. Quando estiver na barraca, eu tiro a veste um pouco antes de ter que levantar pra o trabalho.

– Tudo bem. – ele concordou, totalmente a contragosto. – Mas se continuar passando mal, não quero saber se o médico vai descobrir que é mulher, ele vai examiná-la, certo?

– Certo. – Athena acenou a cabeça, respirando fundo de novo, começando a sentir o mal-estar passar.

– Boa menina. – Rayan colocou a mão sobre o topo da cabeça dela, rindo imediatamente com a cara emburrada e o movimento dela para tirar sua mão de sua cabeça.

– Num faz isso, Rayan! Sabe que num gosto!

O comentário dela foi respondido apenas com um movimento rápido dele para lhe segurar o rosto e beijá-la profundamente. A ruiva foi pega de surpresa e prendeu o ar no primeiro instante, logo relaxando e deixando que ele aprofundasse o gesto, pousando as mãos sobre as dele em seu rosto. Era bom saber que mesmo no acampamento, se fingindo de homem, podia ter alguns momentos de casal, embora fosse extremamente desagradável ter que beijá-lo e dormir com ele vestida como um rapaz. Naquele instante mais do que nunca, queria mesmo voltar para o castelo, mas não sozinha, e sim na companhia dele. Então, era melhor continuar ali como menino e esperar que voltassem juntos, apenas mais uma experiência adicionada à sua vida de casada.

A Tough War [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora