Capítulo 22

15 4 0
                                    

Pata de céu largou o coelho na neve e chamou por tiger, ela procurou em cada centímetro da clareira, mas ela não o encontrou:

-onde ele se meteu...?- ela pensou

Desviando o rosto do céu chuvoso, seus olhos encontraram a imensa cachoeira congelada. A água não caía aos montes, ela estava congelada e formava espinhos de gelo alongados. O lago coberto de gelo reproduzia um reflexo quase perfeito da clareira.

O lago do acampamento não havia sido congelado, mas bem possivelmente estaria coberto de gelo daqui a algumas luas.

O farfalhar de folhas sendo pisadas atraiu os olhos de pata de céu a uma moita, ela sorveu o ar e ficou aliviada ao sentir o odor de tiger.

O gato de pelo amarronzado surgiu do meio das folhas, mancando um pouco com a pata, porém estava andando consideravelmente bem.

Pata de céu gritou irritada:

-Por que você saiu? Você poderia ter se machucado, sua pata não está curada! Precisa repousar! –

Tiger revirou os olhos e se sentou, depois começou a lamber a pata dianteira.

-Eu preciso treinar um pouco! Se não vai demorar para eu reaprender a andar direito...-respondeu.

Pata de céu deixou o coelho perto do amigo e fez um gesto com a cauda indicando a presa:

-Coma-

Tiger cheirou o pelo caramelo da criatura, depois começou a comer. O cheiro da presa invadiu a clareira e acordou a fome da gata. Ela lambeu os beiços pensando no gosto da criatura.

Tiger notou a fome de pata de céu e empurrou o corpo inerte do animal para perto da aprendiz:

-Pode comer também...-

Pata de céu agachou ao lado do amigo e os dois devoraram a criatura.

Depois de comer ninguém disse nada, o silencio prevaleceu na floresta deixando um clima esquisito, pata de céu tentou puxar assunto:

-Sabe eu ganhei uma competição bem importante de clãs..-

-Hum, que legal....- disse tiger tentando parecer distraído enquanto fazia círculos com a pata na neve.

Tudo estava muito quieto.

Tiger virou o rosto para as próprias patas evitando olhar diretamente a gata:

-Você está sangrando, sua nuca...-

Pata de céu olhou para seu flanco e percebeu o líquido vermelho escorrendo da ferida.

Ela ficou assustada e começou a lamber o pelo lavando o líquido vermelho. E então o corte voltou a arder.

-Você quer ajuda?..- tiger perguntou olhando a ferida.

Pata de céu fez que sim com a cabeça. O gato se sentou atrás dela e com os dentes removeu delicadamente as teias de aranha e começou a lamber o machucado com cuidado. Tiger terminou de lavar o pelo dela e catou algumas teias de aranha tentando imitar o curativo.

-Obrigada- ela agradeceu.

Tiger deu uma lambida amigável atrás de sua orelha:

-de nada, se precisar é só me chamar!-

-Tiger, você acha que já consegue andar? Se sim, acho que trazer nuvem sombria para olhar sua pata seria uma boa ideia..-comentou pata de céu.

-Sim, é melhor ela olhar antes de eu voltar para casa.- ele respondeu.

Pata de céu fez um gesto com a cauda se despedindo do gato.

Ela andava tranquilamente pela floresta enquanto o por do sol causava explosões de roxo e laranja nas nuvens escuras e as primeiras estrelas do tule de prata pairavam no céu.

A gata notou que a neve havia quase dobrado de volume e suas patas afundavam na superfície branca até os joelhos. Ela estava chegando no acampamento e podia sentir o cheiro acolhedor do clã da água se intensificando.

Quando pata de céu chegou no acampamento os gatos estavam trocando lambidas.

Ela foi até a toca de nuvem sombria:

-podemos conversar?-perguntou.

-Sim..-respondeu nuvem sombria.

-Pode ser em um lugar mais reservado?- pata de céu virou a cabeça para a esquerda e depois a direita conferindo se ninguém as escutava e sussurrou- É sobre tiger....-

Nuvem sombria concordou com a cabeça e as duas foram para fora do acampamento em uma clareira quieta:

-O que foi?-ela perguntou curiosa.

-Ele acha que precisa que você olhe a pata dele. Pode ser que não esteja curada totalmente mas ele pode andar até sua casa.- Pata de céu respondeu.

Nuvem sombria encarou o chão e fez uma cara pensativa:

-Certo...-

-Obrigada nuvem sombria- pata de céu respondeu.

-pata de céu, você continua tendo aqueles sonhos estranhos...?- ela perguntou com um tom preocupado.

-Não, eles pararam....-ela respondeu desconfiada.

Nuvem sombria tinha uma expressão tão indecifrável quanto coisas ocultas na névoa, seus olhos ambares fixos no céu.

Ela passou pelas arvores e fez um gesto indicando pata de céu a segui-la.

Pata de céu foi atrás da curandeira até sua toca.

Nuvem sombria pegou um galho com uma boa quantidade de bile de rato grudado na ponta

-Pata de céu, pode me fazer o favor de ajudar rabo torto com o bile de rato? Ele está reclamando de coceira...-

Pata de céu confirmou com a cabeça e agarrou o galho com a boca.

Ela andou até a toca dos anciãos, chegando lá rabo torto estava coçando a orelha com a pata:

-Nuvem sombria te mandou?-

-Sim, ela disse que você está com coceira.- a gata respondeu entrando no tronco oco.

o ancião se deitou e indicou atrás da orelha com a cauda:

-Acho que são pulgas...- ele disse.

Pata de céu cuidadosamente pingou algumas gotas do bile de rato na região:

-Mais algum lugar?-

-Não.

Pata de céu olhou em volta:

Asa de anis dormia calmamente em uma cama de musgo, mas nem um sinal de pé canela.

-Onde foi pé de canela?- perguntou pata de céu.

-Se não me engano, garra de pedra veio aqui e disse que estrela riscada a havia chamado...- respondeu rabo torto.

-De manhã?- falou pata de céu.

-Não. Foi ao sol alto.- rabo torto retrucou

Pata de céu estranhou:

-Nossa, mas ela já deveria ter voltado...-

-É, mas eu acho que era importante.- terminou rabo torto.

Continua.

Gatos Guerreiros a profecia (REPOST)Onde histórias criam vida. Descubra agora